Petz (PETZ3) e Cobasi defendem fusão no Cade: “Não é monopólio, é sobrevivência”

A proposta, que criaria um grupo com faturamento anual estimado em R$ 7 bilhões, tem enfrentado resistência de concorrentes como a Petlove.

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Publicado em 18/10/2025 às 10:50h - Atualizado Agora Publicado em 18/10/2025 às 10:50h Atualizado Agora por Matheus Silva
A fusão resultaria em uma participação de mercado de cerca de 10% (Imagem: Shutterstock)
A fusão resultaria em uma participação de mercado de cerca de 10% (Imagem: Shutterstock)
🚨 Em audiência pública realizada na sexta-feira (17), Petz (PETZ3) e Cobasi apresentaram seus argumentos ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em defesa da fusão entre as duas maiores varejistas do setor pet do Brasil
A proposta, que criaria um grupo com faturamento anual estimado em R$ 7 bilhões, tem enfrentado resistência de concorrentes como a Petlove, além de questionamentos sobre possíveis impactos na concorrência e nos preços ao consumidor.
Durante a audiência, Sérgio Zimerman, CEO da Petz, e Paulo Nassar, cofundador da Cobasi, enfatizaram que o setor pet é altamente fragmentado e competitivo, especialmente com o avanço dos marketplaces como Amazon (AMZO34), Mercado Livre (MELI34), Shopee e Magalu (MGLU3), além dos pet shops independentes e agrolojas.
Segundo Nassar, a fusão das companhias resultaria em uma participação de mercado de cerca de 10%, número que, de acordo com ele, está longe de configurar monopólio. 
“O varejo pet é pulverizado. Dizer que haverá concentração é distorcer a realidade”, afirmou.
Zimerman, por sua vez, destacou que o objetivo da união é recuperar competitividade em um mercado pressionado, lembrando que a Petz já chegou a valer R$ 12 bilhões em 2021, mas atualmente é avaliada em R$ 1,7 bilhão. 
“O mercado de marketplaces é feroz: um reduz frete, outro oferece entrega gratuita. Isso impacta todo o setor”, declarou.

Petlove reage e aponta riscos à concorrência e à causa animal

Como terceira interessada no processo, a Petlove se manifestou contra a operação. Representada pelo advogado Carlos Ragazzo, a empresa argumenta que a fusão eliminaria a rivalidade entre duas das maiores redes do país e aumentaria significativamente as barreiras de entrada no setor.
Ragazzo alegou que o novo grupo formado teria força de marca, programas de fidelidade e poder de barganha com fornecedores, tornando o mercado menos contestável para novos players. 
“A concentração resultaria em aumento de preços e em prejuízos para consumidores e pequenos varejistas”, advertiu.
O pesquisador Vitor Morais de Andrade, do Instituto de Pesquisas e Estudos da Sociedade e Consumo (IPS Consumo), reforçou esse ponto, alertando que o encarecimento de produtos pet pode levar ao abandono de animais por famílias de baixa renda.

ONGs e governo ponderam

Apesar das críticas, representantes de ONGs de proteção animal elogiaram a atuação social de Petz e Cobasi e defenderam a união como oportunidade de ampliar os projetos sociais das duas empresas.
Heleana Konieczna, da ONG MRSC (Moradores de Rua e Seus Cães), destacou que “a união pode ampliar o alcance das iniciativas se conduzida com responsabilidade”.
Já Vanessa Negrini, do Ministério do Meio Ambiente, adotou um tom mais cauteloso. Ela sugeriu que, caso a fusão seja aprovada, o Cade crie mecanismos de monitoramento de preços e preserve a diversidade de fornecedores, garantindo acesso a produtos pet também para as classes mais baixas.

Fusão segue em análise após recurso da Petlove

A operação já havia sido aprovada sem restrições pela Superintendência-Geral do Cade em junho, mas, após recurso da Petlove, o conselho determinou a realização de um estudo econômico aprofundado sobre a estrutura competitiva do setor pet no Brasil.
📈 Agora, cabe ao tribunal do Cade julgar se a união entre Petz e Cobasi representa eficiência operacional legítima ou concentração de mercado prejudicial à concorrência.

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