Mercados globais sobem após justiça suspender tarifas de Trump

Para o Tribunal de Comércio Internacional, Trump extrapolou sua autoridade ao impor tarifas recíprocas a 185 países.

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Publicado em 29/05/2025 às 07:43h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 29/05/2025 às 07:43h Atualizado 1 dia atrás por Marina Barbosa
Governo Trump recorreu da decisão da Justiça (Imagem: Shutterstock)
Governo Trump recorreu da decisão da Justiça (Imagem: Shutterstock)

Os mercados internacionais abriram em alta nesta quinta-feira (29), repercutindo a decisão da justiça americana de suspender a cobrança das "tarifas recíprocas" anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

⚖️ O Tribunal de Comércio Internacional dos Estados Unidos decidiu bloquear o tarifaço nessa quarta-feira (28), alegando que Trump extrapolou sua autoridade ao impor "uma sobretaxa ilimitada sobre produtos de praticamente todos os países".

Segundo a lei americana, as tarifas precisariam de aprovação do Congresso. Trump, no entanto, classificou o déficit comercial do país como uma "emergência nacional" para poder impor tarifas a 85 países e territórios sem o aval dos congressistas.

O Tribunal de Comércio Internacional dos Estados Unidos entendeu, por sua vez, que essa situação também não garante poderes ilimitados para o presidente americano regular o comércio com outros países.

🧾 Os juízes ressaltaram que a decisão não diz respeito à "sensatez ou à provável eficácia do uso de tarifas", apenas a sua validade legal. "Esse uso é inadmissível não porque seja imprudente ou ineficaz, mas porque a lei federal não o permite", afirmaram.

A decisão ocorre no âmbito de uma ação apresentada por pequenas empresas que se disseram afetadas negativamente pelas tarifas. Estados liderados pelos Democratas também foram à Justiça contra as tarifas. O governo dos Estados Unidos, no entanto, já recorreu da decisão.

Vale ressaltar que a decisão judicial suspende as "tarifas recíprocas" aplicadas por Trump contra diversos países em 2 de abril. Contudo, não suspende as tarifas anunciadas sobre específicos, como a taxa de 25% imposta sobre o aço e o alumínio.

Mercados em alta

Apesar do recurso do governo americano, os mercados globais operam em alta nesta quinta-feira (29) diante da suspensão das tarifas.

📈 No Japão, o índice Nikkei subiu 1,88%. Na Coreia do Sul, o Kospi ganhou 1,89%. Já em Hong Kong, o Hang Seng subiu 1,35%.

Na Europa, os mercados também abriram no azul. O Euro Stoxx 50, por exemplo, subia 0,57% às 11h 27 locais.

Os índices futuros de Nova York seguem a tendência de alta, assim como o EWZ, fundo que representa as principais ações brasileiras em Wall Street.

O movimento reflete o temor de que as tarifas colocassem a economia mundial em recessão. Contudo, economistas ainda recomendam cautela em relação ao assunto.

"Apesar da euforia sugiro fortemente cautela neste momento, não me parece de forma alguma que a Casa Branca irá aceitar a decisão judicial e muito provavelmente Trump deve editar outra ordem executiva ou simplesmente insistir na tese das tarifas por outros mecanismos", disse o economista André Perfeito.

O que mais mexe com o mercado?

Além disso, os investidores reagem aos resultados da Nvidia (NVDC34), que superou as expectativas ao reportar um lucro líquido de US$ 18,8 bilhões no primeiro trimestre, um resultado 6% superior ao do mesmo período de 2024.

💲 Já no Brasil, o mercado também segue monitorando a alta do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Na quarta-feira (28), a Fazenda admitiu estudar alternativas à medida, depois que os principais bancos do país relataram "impactos severos" no crédito. À noite, no entanto, o ministro Fernando Haddad disse que não há, no momento, uma forma de reverter o aumento.

Em reunião com os presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP), respectivamente; Haddad disse que o governo teria que cortar ainda mais os seus gastos e ficaria em um "patamar bastante delicado do ponto de vista do funcionamento da máquina pública" se não puder contar com a receita que virá do aumento do IOF.