INSS suspende novos registros de crédito consignado pelo Agibank; entenda

O banco afirmou não ter ciência de contratações irregulares.

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Publicado em 03/12/2025 às 10:46h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 03/12/2025 às 10:46h Atualizado 1 dia atrás por Elanny Vlaxio
O anúncio foi feito nesta quarta-feira (3) (Imagem: Divulgação)
O anúncio foi feito nesta quarta-feira (3) (Imagem: Divulgação)
O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) anunciou a suspensão, por tempo indeterminado, do recebimento de novos contratos de crédito consignado enviados pelo Agibank, apontando “irregularidades e práticas lesivas” aos beneficiários.
⚠️ No balanço do 3º trimestre, o banco informou que, em setembro, atingiu 8,8% de participação no mercado de consignado para segurados do INSS. Naquele período, a empresa registrou um lucro líquido de R$ 875,5 milhões, uma alta de 35,4% em comparação ao mesmo período de 2024. 
“A auditoria constatou a existência de quantidade significativa de contratos averbados sem consentimento expresso dos beneficiários”, afirmou o comunicado do INSS divulgado nesta quarta-feira (3). “Além disso, há indicativo de irregularidades em milhares de operações da instituição”, acrescentou.

O que diz o Agibank

👀 Em nota, o Agibank disse ter tomado conhecimento da medida sem aviso prévio e sem chance de apresentar defesa. O banco afirmou não ter ciência de contratações irregulares, mas garantiu que, caso sejam identificadas, corrigirá os processos e assumirá integralmente os custos, preservando clientes e o INSS. 
A instituição também solicitou acesso aos autos para analisar os apontamentos feitos pelo órgão e pela CGU (Controladoria-Geral da União) de forma detalhada. Entre os achados mais graves que motivaram a suspensão, segundo o governo, estão:
  • Contratos Pós-óbito
As análises apontaram a existência de 1.192 contratos firmados após o óbito dos beneficiários, segundo informações do Sirc, entre 2023 e 2025. Desses, 163 estavam ligados a benefícios previamente cessados nos sistemas do INSS.
  • Refinanciamento fraudulento
Um caso ocorrido em Fortaleza (CE) revelou um refinanciamento não solicitado nem autorizado em 7 de novembro de 2025. A operação incluiu sete contratos, três deles inexistentes nos sistemas do INSS, que aumentaram em R$ 17.073,94 o saldo remanescente. O troco registrado, de R$ 17.135,18, praticamente equivalente ao valor da fraude, não chegou a ser pago ao beneficiário.
  • Padrão de irregularidade
A investigação também mostrou que o Agibank registrou operações de refinanciamento com taxas de juros muito abaixo do teto oficial de 1,85% ao mês. No primeiro teste, foram encontrados 5.222 contratos com taxas menores que 0,4%. 
Em uma análise expandida, o número chegou a 33.437 contratos com juros abaixo de 1%, um comportamento fora do padrão de mercado e que pode sugerir o registro de taxas artificialmente baixas para evitar alertas dos sistemas de controle no momento da averbação.