Inflação surpreende e desacelera para 0,26% em maio

Alimentos e transportes contribuíram para o recuo do IPCA, amenizando o efeito da conta de luz.

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Publicado em 10/06/2025 às 09:30h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 10/06/2025 às 09:30h Atualizado 1 dia atrás por Marina Barbosa
A energia elétrica foi a "vilã" da inflação em maio (Imagem: Shutterstock)
A energia elétrica foi a "vilã" da inflação em maio (Imagem: Shutterstock)

A inflação oficial brasileira, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), desacelerou para 0,26% em maio.

📉Este foi o menor resultado dos últimos quatro meses. Em abril, por exemplo, o IPCA havia avançado 0,43%.

O dado ainda ficou abaixo do esperado pelo mercado, que apostava em uma alta de 0,37% do IPCA em maio, segundo o Boletim Focus.

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o resultado reflete a desaceleração da inflação dos alimentos e uma redução dos preços dos transportes.

Os custos relacionados à habitação, no entanto, impediram uma desaceleração ainda maior do índice, já que a conta de luz ficou mais cara em maio.

E os juros?

Com isso, a inflação acumulada em 12 meses recuou de 5,53% em abril para 5,32% em maio.

O dado segue acima da meta perseguida pelo BC (Banco Central), que é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%.

Contudo, a desaceleração da inflação pode evitar uma nova alta da Selic na próxima semana.

🏦 O Copom se reúne na próxima terça (17) e quarta-feira (18) para discutir o rumo dos juros. E deve chegar ao encontro com "suas opções em aberto", segundo disse no sábado (7) o presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo.

Galípolo vem dizendo que o momento exige "flexibilidade e cautela" e já indicou que um novo aperto dos juros não está descartado.

Por isso, o mercado acredita que o Copom pode manter os juros nos atuais 14,75% ou elevar a Selic para 15%. A aposta pela manutenção dos juros, no entanto, ganha força diante da surpresa baixista com a inflação de maio.

A Ativa Investimentos, por exemplo, classificou o IPCA de maio como "acomodatício" e disse que o dado reforça a perspectiva de que a Selic não terá uma nova alta neste mês.

O economista André Perfeito também reiterou a aposta em uma Selic de 14,75%. Segundo ele, "que pese que a inflação ainda está num patamar elevado, também é evidente que a trajetória hoje está melhor".

Inflação por grupos

🍽️A inflação do grupo de alimentação e bebidas desacelerou de 0,82% em abril para 0,17% em maio. E a alta foi ainda menor na alimentação no domicílio: 0,02%.

Segundo o IBGE, o resultado reflete preços menores do tomate (-13,52%), arroz (-4,00%), ovo de galinha (-3,98%) e frutas (-1,67%).

Batata-inglesa (10,34%), cebola (10,28%), café moído (4,59%) e carnes (0,97%), por outro lado, seguiram em alta.

Já o grupo dos transportes uma variação negativa de 0,37% da inflação em maio, devido a uma redução dos preços das passagens aéreas (-11,31%) e dos combustíveis (-0,72%). O diesel, por exemplo, ficou 1,30% mais barato em maio e a gasolina, -0,66%.

Com isso, foram os gastos com habitação que pressionaram o IPCA de maio. A inflação desse grupo subiu 1,19%, na esteira da alta de 3,62% dos custos com energia elétrica residencial, um reflexo da bandeira tarifária amarela, que vigorou na conta de luz do mês passado.

Veja a variação da inflação por grupos em maio:

  • Habitação: 1,19%;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,54%;
  • Vestuário: 0,41%;
  • Despesas pessoais: 0,35%;
  • Alimentação e bebidas: 0,17%;
  • Comunicação: 0,07%;
  • Educação: 0,05%;
  • Artigos de residência: -0,27%;
  • Transportes: -0,37%.