Goldman Sachs recomenda venda de ações das estatais brasileiras
A instituição financeira também faz aposta em empresas privadas diante de cortes de juros.
🏦 O banco de investimento Goldman Sachs sugere que os investidores vendam as ações e títulos de empresas estatais brasileiras e recomenda a adoção de posições de compra em empresas do setor privado, que devem se beneficiar com a atual fase de cortes de juros.
A instituição argumenta que, embora as empresas públicas possuam fundamentos sólidos, elas estão sendo negociadas a múltiplos historicamente elevados em comparação com suas contrapartes privadas. Além disso, a possibilidade de intervenções governamentais pode resultar em rebaixamentos nas classificações de crédito dessas empresas.
Os estrategistas do Goldman Sachs, Jolene Zhong, Nathan Fabius e Caesar Maasry, observam que o aumento da intervenção do governo nas empresas estatais brasileiras tem gerado preocupações sobre os riscos políticos envolvidos nos investimentos em ações e créditos no Brasil.
Eles afirmam que, embora o Brasil esteja sendo negociado em linha com outros mercados emergentes em termos de relação de ativos, as empresas estatais brasileiras estão sendo negociadas a múltiplos historicamente altos em comparação com suas contrapartes privadas listadas. Essa tendência persiste tanto em relação ao crédito quanto às ações.
Os analistas destacam que eventos recentes, como a discussão sobre a política de dividendos da Petrobras, têm ressaltado aos investidores as interferências passadas nas empresas estatais, o que costuma resultar em um aumento do prêmio de risco associado a essas empresas.
Embora o prêmio de risco atualmente esteja relativamente moderado em comparação com pares de países emergentes, as empresas estatais continuam sendo negociadas a níveis mais elevados do que as empresas privadas.
Segundo o banco, a relação preço-valor patrimonial das empresas estatais, em comparação com as empresas privadas, está próxima de sua máxima histórica, com empresas como Petrobras (PETR3; PETR4), Banco do Brasil (BBAS3), Sabesp (SBSP3) e Cemig (CMIG4) sendo consideradas.
O Goldman Sachs prevê que, à medida que o ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos e no Brasil avance, as empresas estatais podem ser superadas por empresas privadas em um ambiente de taxas de juros mais baixas, como ocorreu no passado.
Embora os fundamentos das empresas estatais pareçam robustos, os múltiplos elevados as tornam mais suscetíveis a possíveis rebaixamentos nas classificações de crédito em caso de maior intervenção do governo.
O banco destaca que o recente bom desempenho das empresas estatais se deve principalmente ao retorno elevado sobre o patrimônio (ROE) dos papéis de commodities, que se beneficiaram dos preços mais altos do petróleo.
No entanto, o ROE do setor privado tem sido limitado nos últimos anos, embora esteja começando a melhorar. O Goldman Sachs espera que, no futuro, os ROEs das empresas estatais brasileiras se moderem e se aproximem dos do setor privado, especialmente em um ambiente de taxas de juros mais baixas e maior intervenção do governo.
Em relação à Petrobras, o Goldman Sachs acredita que a empresa está em uma posição mais forte do que no passado, devido à redução de sua alavancagem e ao aumento de sua lucratividade e fluxo de caixa livre.
Contudo, a instituição ressalta que os planos de aumento de investimentos e possíveis mudanças na governança podem afetar os níveis de endividamento da empresa no futuro, embora a petrolífera esteja atualmente em uma posição sólida do ponto de vista do crédito.
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