Goldman Sachs ‘desiste’ da venda de ações da Klabin (KLBN11); entenda os motivos
Após um longo período em que as ações da empresa foram recomendadas para venda, o banco elevou a classificação para "neutro".

📊 A reavaliação da Klabin (KLBN11) pelos analistas do Goldman Sachs marca um ponto de inflexão importante para a gigante do setor de papel e celulose no Brasil.
Após um longo período em que as ações da empresa foram recomendadas para venda, o banco de investimentos elevou a classificação para "neutro", refletindo uma expectativa mais otimista sobre a capacidade da Klabin de se ajustar às condições econômicas e mercadológicas atuais.
Essa mudança sinaliza não apenas uma resposta à situação de curto prazo, mas uma análise criteriosa de medidas estruturais que a Klabin vem implementando para se posicionar de maneira mais robusta no setor.
A decisão do Goldman Sachs reflete especialmente os esforços da Klabin em reduzir sua alavancagem e fortalecer sua estrutura de capital.
Com o preço da celulose ainda pressionado, a empresa busca formas de gerar caixa e manter a competitividade.
Entre as principais iniciativas anunciadas, está a redução dos dividendos da empresa, anteriormente em uma faixa de 15% a 25% do Ebitda, para um intervalo mais conservador de 10% a 20%.
Além disso, a Klabin estabeleceu como meta reduzir a alavancagem de 4,5 vezes para menos de quatro vezes o seu Ebitda, o que representa um compromisso claro com a sustentabilidade financeira.
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Esse novo plano de estruturação financeira visa aliviar a pressão sobre o fluxo de caixa livre, que, segundo analistas, deverá atingir seu pico de pressão neste ano.
Essa projeção é relevante porque sugere que a Klabin pode, gradualmente, se beneficiar da normalização dos seus investimentos em capital e, ao mesmo tempo, conquistar um crescimento mais estável nos lucros a médio prazo.
Contudo, a análise do Goldman Sachs é cautelosa em relação à capacidade da empresa de manter a performance de fluxo de caixa livre em um nível competitivo.
Para o período de 2025-2027, a estimativa para o rendimento acumulado desse fluxo é de 21%, enquanto a média de seus concorrentes está em torno de 32%. Esse diferencial aponta para uma necessidade contínua de monitoramento e ajustes estratégicos.
Outro ponto de destaque na avaliação é a parceria da Klabin com um fundo de investimentos florestais, que deverá abrir espaço para a monetização de ativos florestais entre R$ 1,8 bilhão e R$ 2,7 bilhões.
Essa estratégia de captação de recursos por meio de ativos florestais permite que a Klabin reforce seu caixa sem afetar diretamente sua estrutura de custos, possibilitando uma flexibilidade financeira considerável em tempos de alta volatilidade nos mercados.
Vale destacar que a aprovação regulatória ainda é necessária, mas, uma vez concluída, a monetização dos ativos florestais representará um passo significativo para a Klabin em sua estratégia de desalavancagem e capitalização.
Por outro lado, o cenário macroeconômico para o setor de celulose apresenta desafios notáveis, e o Goldman Sachs ressalta o risco de queda nos preços desse insumo.
A demanda por madeira de lei vem registrando queda, e um clima econômico global incerto adiciona complexidade à análise do setor.
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Em contrapartida, a diversificação da Klabin no uso de fibras alternativas, como fibras de madeira macia e fluff, oferece uma vantagem competitiva, mitigando alguns dos riscos associados à volatilidade dos preços da celulose.
Esta diversificação é estratégica, uma vez que permite à Klabin atender a diferentes segmentos de mercado com menor exposição às oscilações de preços de uma única matéria-prima.
Visão de outros bancos
📈 Além da análise do Goldman Sachs, o Bradesco BBI e o Morgan Stanley também ajustaram suas projeções para a Klabin, reconhecendo os esforços da empresa em fortalecer sua saúde financeira.
O Bradesco BBI, por exemplo, vê como positivos os avanços no Projeto Caetê, que envolve a exploração de ativos florestais, e a política de redução de dividendos, avaliando que essas ações podem acelerar a queda da alavancagem para níveis mais sustentáveis.
A expectativa do BBI é que a alavancagem da Klabin possa cair para 2,8 vezes, abaixo da previsão inicial de 3 vezes, e talvez até para 2,7 vezes se a empresa confirmar uma injeção adicional de R$ 900 milhões.
Essa perspectiva de alavancagem mais baixa representa uma sinalização de confiança no potencial de recuperação da Klabin e sugere um caminho para uma estrutura financeira menos dependente de endividamento.
O Morgan Stanley, por sua vez, destacou que a política de dividendos revisada pela Klabin é um movimento positivo para seu processo de desalavancagem, embora tenha ressalvas quanto ao impacto dessa revisão no retorno aos acionistas.
Os analistas do banco projetam que uma entrada de caixa de R$ 1,8 bilhão possa reduzir a dívida líquida da Klabin em aproximadamente 6% até o segundo trimestre de 2025, o que representa uma diminuição de 0,3 vezes na alavancagem.
💲 Contudo, a revisão de dividendos foi avaliada como uma decisão que, ao mesmo tempo que apoia a estratégia de desalavancagem, pode frustrar acionistas que buscavam retornos mais elevados a curto prazo.
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Além das perspectivas financeiras, a Klabin aposta em novas tecnologias e maquinário para aumentar sua competitividade no setor de papel e kraftliner.
Com a expectativa de novos aumentos nos volumes de vendas, a empresa busca capturar oportunidades de crescimento no mercado de papel, embora ainda tenha desafios a enfrentar quanto à estabilização dos preços.
O mercado global de papelão e kraftliner continua desafiador, mas a Klabin vê no setor uma chance de capitalizar sobre a tendência crescente de uso de embalagens sustentáveis, favorecendo produtos com menor impacto ambiental e ampliando sua participação de mercado.
Em suma, a revisão da classificação da Klabin pelo Goldman Sachs e a análise de outros grandes bancos demonstram uma confiança cautelosa na estratégia de recuperação e crescimento da companhia.
As novas parcerias, o compromisso com a desalavancagem e o reposicionamento no mercado de papel e celulose refletem uma Klabin focada em sustentabilidade e resiliência financeira.
📉 Para os investidores, a expectativa é de uma trajetória de estabilidade a médio prazo, com a Klabin aproveitando tanto a monetização de ativos florestais quanto o impacto de novas tecnologias e diversificação de fibras para sustentar sua competitividade.
No entanto, a volatilidade nos preços da celulose e a resposta do mercado às mudanças na política de dividendos serão fatores decisivos para o desempenho da companhia nos próximos anos.

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