Fim da isenção de IR em 2026 já afeta preços de LCI's e LCA's; veja como se preparar

Desde o anúncio, a demanda por esses ativos aumentou significativamente, provocando uma forte compressão nos spreads.

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Publicado em 16/06/2025 às 17:39h - Atualizado Agora Publicado em 16/06/2025 às 17:39h Atualizado Agora por Matheus Silva
Os números mostram que o mercado já precifica a possível perda do benefício fiscal (Imagem: Shutterstock)
Os números mostram que o mercado já precifica a possível perda do benefício fiscal (Imagem: Shutterstock)

💲 A Medida Provisória que propõe o fim da isenção de Imposto de Renda para investimentos como LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) a partir de 2026 está movimentando o mercado.

Desde sua publicação, a demanda por esses ativos aumentou significativamente, provocando uma forte compressão nos spreads — e levantando questionamentos sobre o momento certo para investir.

De acordo com análise do Bradesco BBI, o spread dos papéis atrelados ao IPCA caiu para 1,7 ponto-base em 10 de junho, menor nível desde o início de 2023.

Durante a semana, essa diferença se manteve perto de 4 bps, enquanto o spread sobre o CDI continua ao redor de 100 pontos desde março.

Esses números mostram que a busca por ativos isentos aumentou substancialmente, fazendo com que o retorno relativo desses investimentos caísse.

Impacto antecipado da MP provoca corrida aos isentos

Apesar da MP ainda precisar ser aprovada pelo Congresso — o que deve ocorrer em até 120 dias —, o mercado já precifica a possível perda do benefício fiscal.

A proposta prevê que os papéis emitidos até o fim de 2025 permanecerão isentos, respeitando o princípio da anterioridade tributária. Isso tem incentivado investidores a buscar esses ativos enquanto o benefício ainda vigora.

Para Rodrigo Sgavioli, head de Alocação da XP, o movimento pode estar sendo antecipado demais. “Qualquer decisão precipitada pode levar a investimentos mal avaliados. O ideal é não correr, mas planejar com calma”, afirma.

Gabriel Campoy, wealth planner da XP Private, adota a mesma linha de cautela. “Vamos ter tempo para avaliar com mais clareza o cenário. A medida ainda precisa passar pelo Congresso e só deve entrar em vigor a partir de janeiro de 2026.”

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Riscos de decisões apressadas

Com a alta procura, muitos investidores podem estar adquirindo LCI e LCA apenas por conta da isenção, sem avaliar outros fatores como liquidez, prazo e qualidade do emissor.

Para Sgavioli, o risco é de comprar ativos por motivos equivocados: “Não se deve comprar qualquer papel isento só porque está com medo da tributação futura.”

Ele também destaca os cuidados necessários com fundos como os FI-Infra, que podem conter tanto ativos isentos quanto tributados, dificultando o entendimento da rentabilidade real.

No caso de FIIs e Fiagros, que terão incidência de 5% de IR sobre dividendos, a recomendação é buscar gestoras com boa estratégia de longo prazo.

O que fazer agora?

📊 Com tempo ainda até 2026, os especialistas recomendam que os investidores aproveitem o momento para revisar o portfólio com calma, avaliando não apenas os benefícios fiscais, mas também a adequação dos ativos ao perfil de risco e objetivos financeiros.

Sgavioli reforça: “Aplicações incentivadas continuam valendo a pena no longo prazo, mesmo com a nova alíquota. Mas é preciso fazer escolhas inteligentes.”