Eleições na Venezuela: por que países e órgãos não reconhecem a vitória de Maduro?

Oposição afirma ter provas de que venceu o pleito presidencial

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Publicado em 30/07/2024 às 12:36h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 30/07/2024 às 12:36h Atualizado 1 mês atrás por Wesley Santana
Impedida de se candidatar, María Corina Machado lidera luta contra governo Maduro. Foto: Shutterstock
Impedida de se candidatar, María Corina Machado lidera luta contra governo Maduro. Foto: Shutterstock

🇻🇪 O Conselho Nacional de Eleições da Venezuela afirmou, no último domingo (28), que Nicolás Maduro venceu o pleito com uma vantagem de 7% em relação ao seu principal oponente. Segundo o órgão, Maduro recebeu 51,2% dos votos válidos, enquanto Edmundo González obteve 44,2%.

O resultado, porém, não foi bem recebido por muitos países e órgãos internacionais. Países da América Latina como Argentina, Chile e Uruguai não reconheceram a vitória de Maduro e fizeram duras críticas ao processo eleitoral do vizinho.

Isso porque as eleições presidenciais na Venezuela foram cercadas de controvérsias, a começar pelo fato de que a principal candidata da oposição foi impedida de se candidatar. González surgiu, portanto, como uma alternativa viável que uniu os principais partidos contrários a Maduro.

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Soma-se a isso a falta de transparência e a demora na apuração dos votos, embora as urnas Venezuela sejam eletrônicas. Inclusive, foi isso fez com que a OEA (Organização dos Estados Americanos) também não reconhecesse o pleito, conforme nota divulgada na manhã desta terça-feira (30).

"Mais de seis horas após o encerramento da votação, o CNE fez um anúncio (...) declarando vencedor o candidato oficial, sem fornecer detalhes das tabelas processadas, sem publicar a ata e fornecendo apenas as porcentagens agregadas de votos que as principais forças políticas teriam recebido", diz a associação que reúne 35 países da América.

O resultado eleitoral inflou os ânimos de parte dos venezuelanos que são contrários ao regime de Nicolás. Milhares de pessoas foram às ruas para protestar, dentro e fora do país.

Por isso, o governo brasileiro emitiu um alerta de segurança para os brasileiros que vivem no país limítrofe. O Itamaraty pediu que se atentem aos movimentos de populares e que evitem aglomerações.

Sobre o pleito, em si, a pasta destacou que está acompanhando os desdobramentos com atenção e reforçou “o princípio fundamental da soberania popular, a ser observado por meio da verificação imparcial dos resultados”. Já o PT (Partido dos Trabalhadores), do presidente Lula, reconheceu a vitória de Maduro para um mandato de mais seis anos.

Tentativa de golpe

A Venezuela atravessa uma crise política e econômica há muitos anos, que fez com que milhões de cidadãos deixassem seu país. Uma estimativa da ONU (Organização das Nações Unidas) estima que mais de 7 milhões de pessoas estejam vivendo em outros países.

De um lado, Maduro acusa seus rivais de tentativa de golpe e desestabilização do país. Esse é um dos argumentos usados pelo presidente também para falar de agentes internacionais -como Estados Unidos- que impuseram sanções econômicas ao país da América do Sul.

Do outro lado, a oposição de Maduro diz que o político fez uma manobra para levar mais um eleição e permanecer no poder. Eles dizem ter provas de que Edmundo González venceu o pleito, com 73,2% das atas que mostram o resultado real.

Segundo especialistas ouvidos pela BBC News, três cenários devem se desenrolar nos próximos períodos na Venezuela, até que essa crise seja solucionada. O primeiro, de imediato, é a continuação dos protestos por um período ainda longo, mas que vai depender da força da oposição.

O segundo é a falta de reconhecimento internacional que pode ser ampliada nos próximos dias com mais países aderindo à pressão, no curtíssimo prazo. É importante destacar que Maduro expulsou diplomatas de países que não reconheceram sua vitória.

E, em curto ou médio prazo, pode ocorrer um aumento na imigração venezuela para outros países, sobretudo os vizinhos. Segundo pesquisas de opinião, ao menos 44,6% da população considerava sair do país em uma eventual vitória de Maduro.