Dividendos das estatais secaram? Governo recebe menor valor desde 2022
União Federal colhe o menor repasse de proventos em suas participações em empresas; entenda o caso.

Não é todo investidor pessoa física que topa ser sócio de uma estatal no Brasil, dado o histórico de ingerências. Ao mesmo tempo, boa parte das melhores pagadoras de dividendos listadas na B3 costuma ser as empresas cujo acionista controlador é a União Federal, como, por exemplo, acontece com o Banco do Brasil (BBAS3).
Só que acaba de piscar na tela um alerta nesta segunda-feira (18) sobre justamente a quantidade de proventos recebida pelo governo brasileiro. A União Federal recebeu R$ 4,52 bilhões em dividendos no segundo trimestre de 2025, o menor valor em três anos, aponta levantamento elaborado por Einar Rivero, CEO da Elos Ayta.
Desde os três primeiros meses de 2022, quando entraram apenas R$ 1,77 bilhão nos cofres públicos, não se registrava um repasse tão baixo. O resultado marca ainda a segunda queda consecutiva nessa fonte de receita.
Mesmo que o Banco do Brasil seja uma das fontes de dividendos para o governo e sequer tenha anunciado novas distribuições de proventos, após os resultados do segundo trimestre do ano (2T25), o banco estatal segue no radar, já que além do desconto das ações em −30% ante as máximas em meados de maio, a instituição financeira ainda exibe o maior dividend yield do setor, conforme dados do Investidor10.
Por outro lado, entre as empresas com participação direta da União, nem o Banco do Brasil, nem a recém-privatizada Eletrobras (ELET3) são os carros-chefe de dividendos. O bancão distribuiu R$ 1,2 bilhão em dividendos aos cofres públicos no trimestre, enquanto a elétrica pagou R$ 522 milhões.
"Apesar de relevantes, esses números ficam muito aquém do peso da Petrobras (PETR4), reforçando a concentração da dependência em uma única estatal", destaca o CEO da Elos Ayta.
No atual governo Lula 3, o melhor caminhão de dividendos das estatais foi registrado no segundo trimestre de 2024, quando os proventos federais somaram R$ 13 bilhões. A partir daí, apenas em três trimestres os valores superaram a barreira dos R$ 10 bilhões, evidenciando a importância pontual, mas cada vez menos recorrente, dessa fonte de caixa.
Leia mais: Banco do Brasil (BBAS3) deixa buraco nos lucros dos 5 bancões listados na B3; veja saldo
PETR4 é a vilã dos dividendos?
Para o consultor financeiro Einar Rivero, os dividendos de estatais recebidos pelo governo Lula estão bem menores em 2025 devido, principalmente, à redução na distribuição de proventos pagos pela Petrobras.
A estatal, que historicamente responde pela maior fatia dos repasses à União, distribuiu R$ 9,6 bilhões no período, dos quais apenas R$ 2,8 bilhões chegaram ao governo federal.
Em comparação, no auge do ciclo de pagamentos, no terceiro trimestre de 2022, a participação da União somou R$ 31,85 bilhões, quase sete vezes o volume atual. Desde 2020, o recorde de recebimento de dividendos das estatais ocorreu no terceiro trimestre de 2022, com R$ 33,94 bilhões.
"O contraste entre aquele momento e o atual mostra como as políticas de distribuição de resultados, sobretudo da Petrobras, impactam diretamente as contas públicas", explica o CEO da Elos Ayta.
Outro dado relevante no levantamento é que, mesmo com a redução da fatia da União Federal na Eletrobras após a privatização, os dividendos recebidos da elétrica têm mostrado crescimento relativo em relação aos anos anteriores, sugerindo uma contribuição um pouco mais estável, ainda que pequena diante da Petrobras.
Segundo dados do Investidor10, se você tivesse investido R$ 1 mil em BBAS3 há dois anos, hoje você teria R$ 1.007,10, já considerando o reinvestimento dos dividendos. Por sua vez, ELET3 e PETR4 teriam entregue R$ 1.347,40 e R$ 1.323,60, respectivamente. A simulação também aponta que o Ibovespa teria retornado R$ 1.190,90, nas mesmas condições.

BBAS3
Banco do BrasilR$ 21,44
-16,75 %
5,48 %
7.99%
7,75
0.68

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