Copom reduz taxa Selic para 12,75% ao ano
Comitê ainda anteviu outros cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões
O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) reduziu a taxa Selic de 13,25% para 12,75% ao ano nesta quarta-feira (20/09). Foi o segundo corte consecutivo da taxa básica de juros da economia brasileira.
A redução de 0,5 ponto percentual da Selic foi aprovada de forma unânime pelo Copom e era esperada pelo mercado. Com isso, a taxa Selic volta ao mesmo patamar em que estava em junho de 2022.
“Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 12,75% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025”, afirmou.
No comunicado publicado após a reunião desta quarta-feira (20/09), o Comitê notou que “as medidas mais recentes de inflação subjacente apresentaram queda, mas ainda se situam acima da meta para a inflação”. Além disso, afirmou que "segue antecipando um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres", apesar de ter sido observada uma “maior resiliência da atividade econômica do que anteriormente esperado".
Hoje, o Copom projeta uma inflação de 5,0% em 2023, 3,5% em 2024 e 3,1% em 2025. O Comitê ressaltou, contudo, que há riscos que podem levar a inflação para cima ou para baixo dessas expectativas. Veja os riscos apontados pelo Copom:
Riscos de alta:
- uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e
- uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado.
Riscos de baixa:
- uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e
- os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
O Comitê ainda reforçou o impacto do quadro fiscal no cenário inflacionário. "Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas", afirmou.
Leia aqui o comunicado completo do Copom.
Mais cortes à frente
O Comitê ainda anteviu outro corte de 0,5 ponto percentual na Selic nas suas próximas reuniões. Segundo o comunicado, “esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.
O Copom disse, por sua vez, que o tamanho do ciclo de corte da Selic dependerá da evolução da dinâmica inflacionária. “O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, afirmou.
Juros
O BC elevou os juros de 2% para 13,75% ao longo de 2021 e 2022 para tentar conter a onda inflacionária registrada na saída da pandemia de covid-19. A taxa foi mantida em 13,75% até agosto de 2023, quando o BC deu início ao ciclo de queda da Selic, reduzindo a taxa em 0,5 ponto percentual para 13,25%.
A redução da Selic para 12,75% nesta quarta-feira (20/09) era esperada pelo mercado. Afinal, o corte já havia sido previsto pelo BC e os últimos indicadores econômicos reforçaram essa perspectiva. A inflação vem dando sinais de desaceleração no Brasil, o que propicia o corte. Já a atividade econômica vem surpreendendo positivamente, fazendo com uma aceleração no corte dos juros não seja bem vista. As incertezas fiscais também impõem cautela ao ritmo de redução da Selic.
Segundo o Boletim Focus, o mercado espera que a taxa básica de juros termine o ano em 11,75%. A expectativa é, portanto, que o Copom faça mais dois cortes de 0,5 ponto percentual na Selic nas próximas reuniões, em novembro e dezembro. Para 2024, o mercado projeta uma Selic de 9%.
Apesar disso, a inflação ainda deve fechar este ano acima da meta perseguida pelo BC. Segundo o Boletim Focus, o mercado vê o IPCA em 4,86% em 2023 e em 3,86% em 2024. A meta de inflação é de 3,25% em 2023 e 3% em 2024, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima.
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