Copom eleva Selic em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano

Copom acelerou o ritmo de alta da Selic e já vê os juros batendo 14,25% em 2025.

Author
Publicado em 11/12/2024 às 18:35h - Atualizado 1 minuto atrás Publicado em 11/12/2024 às 18:35h Atualizado 1 minuto atrás por Marina Barbosa
Copom elevou Selic pela terceira vez consecutiva (Imagem: Shutterstock)
Copom elevou Selic pela terceira vez consecutiva (Imagem: Shutterstock)

O Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual nesta quarta-feira (11).

💲 Com isso, a taxa básica de juros da economia brasileira foi para 12,25% ao ano. É o maior patamar em aproximadamente um ano.

O aumento da Selic era aguardado pelo mercado. Contudo, diante da alta das perspectivas de inflação, do dólar e das incertezas fiscais, os analistas estavam divididos entre uma elevação de 0,75 ou 1 ponto percentual dos juros.

O Banco Central decidiu, então, seguir a ala do mercado que pedia um ajuste mais forte dos juros, dobrando o ritmo de alta da Selic. A última vez que a Selic havia subido 1 ponto percentual foi em maio de 2022, na saída da pandemia de covid-19.

🏦 A decisão de "um ajuste de maior magnitude" na Selic foi unânime. Ao comunicar o aperto monetário, o comitê explicou que o cenário se mostra "mais adverso do que na reunião anterior".

"O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções de inflação, dinamismo acima do esperado na atividade e maior abertura do hiato do produto, o que exige uma política monetária ainda mais contracionista", observou.

O Copom avaliou que "o cenário externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes". Já em relação ao cenário doméstico, lembrou que "o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo" e que "a inflação cheia e as medidas subjacentes têm se situado acima da meta para a inflação e apresentaram elevação nas divulgações mais recentes".

Além disso, destacou que a percepção dos agentes econômicos sobre o pacote fiscal apresentado recentemente pelo governo federal "afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio". A avaliação é, então, que "tais impactos contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa".

Selic deve chegar a 14,25% em 2025

Diante desse cenário, o Copom adiantou que a taxa Selic deve continuar subindo e pode chegar a 14,25% em março do próximo ano.

No comunicado, o comitê explica que, se nada mudar, a Selic deve sofrer mais duas altas de 1 ponto percentual, em janeiro e março de 2025.

⚠️ "Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões", antecipou.

Se a Selic chegar em 14,25%, este será o maior patamar dos juros desde 2016. O Copom, no entanto, deixou a porta aberta para outros aumentos, dizendo que o tamanho final do aperto dependerá do desempenho da inflação.

"A magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos", disse.

Veja aqui a reação do mercado ao comunicado do Copom

Atualmente, o Copom ainda vê uma assimetria altista no balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação.

Veja os riscos de alta da inflação apontados pelo Copom:

  • desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado;
  • maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo;
  • conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.

E os riscos de baixa:

  • desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada;
  • impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.

Vale lembrar que as próximas decisões da Selic não contarão mais com o voto de Roberto Campos Neto. Afinal, o mandato do atual presidente do BC acaba no final deste ano. Com isso, o BC e o Copom serão presididos por Gabriel Galípolo a partir de 2025.