Copom deve cortar Selic para 11,25% na Super Quarta

No mesmo dia, Fed deve manter a sua taxa inalterada, mas pode dar pistas sobre o rumo dos juros americanos

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Publicado em 28/01/2024 às 14:31h - Atualizado 3 meses atrás Publicado em 28/01/2024 às 14:31h Atualizado 3 meses atrás por Marina Barbosa
Sede do Banco Central, em Brasília (Shutterstock)
Sede do Banco Central, em Brasília (Shutterstock)

O Copom (Comitê de Política Monetária) deve cortar a taxa Selic dos atuais 11,75% para 11,25% na próxima quarta-feira (31), ao final da primeira reunião do comitê em 2024. No mesmo dia, o Fed (Federal Reserve) deve manter a sua taxa de juros no patamar entre 5,25% e 5,5% ao ano

💲 O corte da Selic em 0,5 ponto percentual e a manutenção da taxa de juros americana são consenso no mercado. Os analistas, por sua vez, estarão de olho no comunicado do Copom e na entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell. A expectativa é que a Super Quarta renda, sobretudo, mais pistas sobre os próximos passos da política monetária dos Estados Unidos.

Copom

Se o Copom seguir o plano de voo anunciado em 2023 e cortar a Selic para 11,25% na próxima quarta-feira (28), este será o quinto corte consecutivo de 0,5 ponto percentual da taxa básica de juros brasileira.

📉 A Selic alcançou 13,75% em agosto de 2022, para tentar conter a onda inflacionária vista na saída da pandemia de covid-19. Mas vem caindo desde agosto de 2023 em meio à desaceleração da inflação. Agora, deve chegar a 11,25%, o menor patamar desde março de 2022, quando estava em 10,75%.

Depois de dois anos acima do teto da meta perseguida pelo BC (Banco Central), a inflação oficial brasileira subiu 4,62% em 2023, dentro do limite da meta, que era de 3,25%, com um intervalo de tolerância de 1,75% a 4,75%. Em janeiro de 2024, a prévia da inflação subiu 0,31%, abaixo da expectativa do mercado. 

Segundo o Boletim Focus, o mercado espera que a inflação feche 2024 aos 3,86%. Já para 2025, a projeção é de 3,5%. A meta de inflação, por sua vez, é de 3% para os dois anos, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

📊 De acordo com analistas, atingir o centro da meta de 3% em 2024 será difícil, mas o fato de que a expectativa de inflação de 2025 está acima desse alvo incomoda o BC. Além disso, o mercado ainda vê pressão na inflação dos serviços e prevê riscos inflacionários nos próximos meses, como o efeito do El Niño na safra e no preço dos alimentos.

A questão fiscal também está na mira. O governo tem uma meta de déficit zero em 2024, mas o mercado não acredita no cumprimento desta meta e está cauteloso em relação ao aumento de gastos públicos, por meio de medidas como obras públicas e desembolsos do BNDES. Afinal, incertezas fiscais tendem a conter a redução dos juros.

O cenário externo é outro ponto de atenção, sobretudo a taxa de juros dos Estados Unidos. Por isso, o mercado espera que o Copom siga o plano de cortar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual na quarta-feira (1°) e possivelmente reafirme a manutenção desse ritmo de corte de juros nas duas próximas reuniões. O Copom, contudo, pode adotar um tom mais cauteloso no seu comunicado, devido aos riscos inflacionários, na avaliação do mercado.

Fed

O Fed deve manter a taxa de juros no intervalo entre 5,25% e 5,5%, o maior patamar desde 2021, pela quarta reunião consecutiva. Contudo, já deu início àsdiscussões sobre o corte dos juros, conforme sinalizado por Jerome Powell ao final da reunião de dezembro de 2023. Por isso, o mercado espera que Powell dê sinais mais claros sobre os próximos passos do Fed na próxima quarta-feira (31).

🗓️ Depois do discurso de Powell em dezembro, o mercado chegou a apostar que os juros dos Estados Unidos começariam a cair ainda no primeiro trimestre de 2023. Hoje, a maior parte dos analistas prevê cortes a partir de maio, mas alguns economistas dizem que o Fed só deve começar a reduzir os juros mais para o meio do ano, já que a economia americana segue forte.

A incerteza sobre quando os juros americanos devem começar a cair tem mexido com bolsas de valores de todo o mundo. A B3, por exemplo, já perdeu R$ 5,6 bilhões em capital externo em 2024, já que a expectativa de corte dos juros passou de março para maio ou junho neste início de ano. Por isso, o discurso de Powell na quarta-feira (31) tende a mexer com os mercados mais uma vez.

Outros indicadores

A Super Quarta, com decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos, é o principal evento da semana no mercado financeiro. Mas dados de emprego também podem mexer com os mercados. 

No Brasil, o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) será publicado na terça-feira (30), com os números da geração formal de empregos em dezembro de 2023. Na quarta-feira (31), sai a taxa de desemprego no Brasil de dezembro. Na sexta-feira (2), o payroll de janeiro será divulgado nos Estados Unidos.

Vale lembrar ainda que, nesta semana, o Boletim Focus não será divulgado na segunda-feira (29), como de costume. O boletim, com as projeções do mercado para os principais indicadores econômicos brasileiros, sairá às 8h30 de terça-feira (30) por causa da operação padrão dos funcionários do Banco Central.