Como o ataque do Irã à Israel é ruim para a Rússia

Governo de Teerã tem sido importante suporte da Rússia contra sanções econômicas internacionais

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Publicado em 15/04/2024 às 14:09h - Atualizado 2 meses atrás Publicado em 15/04/2024 às 14:09h Atualizado 2 meses atrás por Wesley Santana
Relações diplomáticas no Oriente Médio estão se deteriorando. Foto: Shutterstock
Relações diplomáticas no Oriente Médio estão se deteriorando. Foto: Shutterstock

👉 Neste último fim de semana, as forças militares do Irã lançaram mais de 300 drones e mísseis contra Israel. A ação foi uma resposta à invasão à embaixada iraniana em Damasco, na Síria, que, segundo o governo de Teerã teria sido feita por Tel Aviv.

As duas ações elevam a um patamar mais alto os conflitos no Oriente Médio, que, há cerca de seis meses, é palco da guerra entre Israel e Hamas. Esse teve início depois que o grupo militante fez ataques armados na faixa de Gaza, um território palestino.

Essa se coloca como a segunda guerra de grandes dimensões em execução no mundo, ao lado do embate entre Rússia e Ucrânia, na Europa. Para a pesquisadora sênior de política Michelle Grisé, vinculada à RAND Corporation, esta nova dimensão pode afetar a Rússia, que, nos últimos anos, tem se colocado como um agente diplomático no Oriente Médio.

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A opinião dela destoa de outros grandes pensadores desta área, que acreditam que um novo conflito seria benéfico para a Rússia, considerando que há um desvio da atenção e dos recursos ocidentais para o cessar-fogo na Ucrânia. Segundo Grisé, Moscou cresceu sua influência na região, depois de estar ao lado de países como Síria e Líbia em disputas passadas. 

"Após a retirada dos EUA da Síria em 2019, a Rússia entrou no vazio, ajudando as forças do governo sírio a recuperar o controle do nordeste do país. No mesmo ano, a Rússia realizou exercícios navais conjuntos com o Egito; a construção de uma usina nuclear construída pela Rússia no Egito no início deste ano demonstrou o crescimento contínuo dos laços entre os dois países", disse Michelle.

Como resultado, nos últimos dois anos, Irã se tornou um fornecedor militar estratégico para a Rússia que vem sofrendo com diversas sanções econômicas. O país também é responsável por transportar parte do petróleo russo, o que manter o caixa de Putim girando.

Desta forma, estando envolvido em um conflito mais amplo este país árabe não teria capacidade de ajudar a Rússia em muitos aspectos. Além disso, nações do G7 -grupo que reúne as maiores economias do mundo- já consideram impor novas sanções ao Irã após o ataque a Israel.

"Um conflito regional mais amplo, particularmente se envolver um direto entre Israel e Irã, limitaria a capacidade do Irã de continuar servindo como fornecedor militar para a Rússia", analisou Grisé em comunicado publicado pela think tank financiada pelo governo dos Estados Unidos.  

Por outro lado, uma escalada do conflito no Oriente Médio poderia ampliar a influência da China na região, que aposta em um papel pacificador. No mês passado, o presidente Xi Jinping foi figura central em um encontro entre os mandatários de Irã e Arabia Saudita, que distendeu uma relação que estava congelada havia sete anos.