Com mais de R$ 90 milhões em transações, stablecoin do real mira expansão na América Latina
Pagamentos internacionais já são o principal negócio da stablecoin emitida pela Avenia, que acaba de captar R$ 12 milhões.

Não há dúvidas de que as criptomoedas chegaram para ficar e já ganharam seu espaço na economia moderna. No entanto, ao contrário do que muita gente imagina, esses ativos não estão limitados aos ganhos especulativos, como acontece com os principais tokens do mercado.
Uma das categorias de criptoativos mais conhecidas é a de stablecoins, que são moedas digitais e funcionam como uma versão eletrônica de ativos que existem na vida real. É como criar uma versão totalmente virtual do dólar, que é a moeda mais usada no mundo dos negócios, para que as pessoas tenham mais uma via de acesso ao produto.
Neste sentido, já existem também algumas versões de stablecoins pareadas ao real brasileiro, que prometem levar ao mercado digital os benefícios da moeda mais negociada na América Latina. Uma delas é a BRLA, criada pela startup Avenia, que acaba de levantar um aporte de R$ 12 milhões para expandir as operações.
Segundo a plataforma CoinGecko, a BRLA tem hoje um valor de mercado de R$ 11 milhões, com uma negociação diária de mais de R$ 1,2 milhão.
Em entrevista exclusiva ao i10, o cofundador da empresa, Leandro Noel, destacou quais são os planos da companhia com o valor arrecadado. Segundo ele, o primeiro passo é usar o dinheiro para continuar investindo na operação, que movimentou mais de R$ 90 milhões em transações no ano passado.
Ele pontua que, embora a criptomoeda esteja disponível para compra em exchanges, o faturamento principal vem do modelo B2B (business to business), ou seja, com a oferta de produtos para empresas. O grande diferencial é oferecer economia nas transações financeiras, sobretudo quando elas acontecem entre países.
“Ao longo do tempo, fomos percebendo que a tração do negócio viria pelos pagamentos internacionais (cross-border). Isso se tornou 90% do nosso negócio, então acreditamos que fazia mais sentido criar a marca em torno da plataforma de pagamentos internacionais do que manter apenas sob a stablecoin”, comentou, destacando que a mudança de nome estabeleceu a criação de uma marca-mãe para controlar as verticais do grupo.
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O uso de stablecoins para baratear as transações, inclusive, tem sido estudado por grandes empresas do mundo, que projetam criar suas próprias versões desses ativos. Recentemente, a Amazon revelou seus planos de criar uma moeda pareada ao dólar com o objetivo de diminuir a dependência das administradoras de cartões.
A própria Visa, diante do aumento de projetos nesse campo, já mantém uma vertical de negócios responsável por auxiliar empresas na criação de suas stablecoins. Em relatório recente, a companhia destacou que o futuro dos pagamentos digitais passa por esse tipo de ativo.
“Até o momento, as stablecoins têm sido adotadas principalmente por corretoras de criptomoedas e fintechs não bancárias. No entanto, à medida que as estruturas regulatórias se consolidam, os bancos estão em uma posição única para aproveitar as stablecoins em busca de vantagens estratégicas”, diz o documento.
Noel destaca que usar stablecoins é uma forma de fugir da burocracia que envolve as transações entre países, atrelada à facilidade de fazer tudo de forma digital. Além disso, o tempo de execução de uma transação também traz maior eficácia ao negócio, considerando que as operações acontecem de forma ininterrupta.
“O componente das taxas competitivas também é importante, mas acho que acabamos tentando fugir dessa dinâmica de focar em preços, mostrando que há outros benefícios relevantes”, avalia.
Expansão para o exterior
Parte do dinheiro captado pela Avenia na última operação será usada também para a expansão do projeto para outros países. Atualmente, a empresa já mantém uma operação nos Estados Unidos, mas pretende lançar, no médio prazo, uma vertical na Argentina e, posteriormente, em El Salvador.
Este último país, inclusive, se tornou bastante conhecido nos últimos anos por abrir sua economia para as criptomoedas. Em 2021, o Bitcoin (BTC) se tornou moeda oficial do país da América Central, mesmo que o governo venha reduzindo a aceitação do ativo por pressão externa.
“Eles fizeram uma isenção tributária para empresas do setor, então eu vejo um crescimento relevante. É um país muito amigável do ponto de vista regulatório, por isso acredito que faça sentido”, diz o executivo.
No caso da Argentina, a ideia surgiu com o alto volume de empresas que buscam mais opções para realizar suas importações e exportações com o Brasil. A expectativa, portanto, é criar uma stablecoin atrelada ao peso argentino e, posteriormente, integrar as duas moedas digitais.
“A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, depois da China e dos Estados Unidos, e um país que historicamente teve uma adoção muito forte de criptomoedas por causa da questão inflacionária. Então, a junção de tudo isso fez com que esse fosse o primeiro país para iniciarmos essa expansão”, acredita.
A empresa, porém, já vê possibilidade de alcançar outros mercados da América Latina, focando nas maiores economias da região. Por isso, Colômbia, México e Chile são as três prioridades de internacionalização da companhia em um segundo momento.
“Começamos no Brasil com a stablecoin pública, permitindo que as pessoas pudessem interagir com ela, mas a maior utilização sempre foi dentro das nossas soluções. Para os outros mercados, pensamos em inverter essa lógica”, diz. “Eventualmente, dependendo de como isso evoluir, poderemos liberá-la como ativo público também, para ser livremente negociado em blockchains públicas”, completa.

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