Cielo: Vendas no varejo brasileiro recuam em janeiro e acendem alerta

As vendas no setor caíram 0,3% em janeiro na comparação com o mesmo período do ano passado, já descontada a inflação.

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Publicado em 10/02/2025 às 11:07h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 10/02/2025 às 11:07h Atualizado 1 mês atrás por Matheus Rodrigues
A retração no comércio foi particularmente sentida no segmento de serviços (Imagem: Shutterstock)
A retração no comércio foi particularmente sentida no segmento de serviços (Imagem: Shutterstock)

🚨 O varejo brasileiro iniciou o ano com o pé no freio. Dados divulgados pela Cielo, uma das principais empresas de meios de pagamento do país, revelam que as vendas no setor caíram 0,3% em janeiro, na comparação com o mesmo período do ano passado, já descontada a inflação.

O desempenho sugere uma desaceleração no consumo, reforçada por um cenário macroeconômico desafiador e mudanças no comportamento do consumidor.

Por outro lado, considerando os valores nominais – ou seja, sem ajuste para a inflação –, o volume de vendas cresceu 5,5% no mesmo intervalo.

A discrepância entre os números sugere que boa parte desse crescimento se deve à alta dos preços, e não ao aumento da demanda.

Setor de serviços e bens duráveis puxam queda

A retração no comércio foi particularmente sentida no segmento de serviços, que teve queda real de 2,1% em janeiro.

Entre os principais afetados, bares e restaurantes enfrentaram dificuldades, impactados pelo encarecimento dos alimentos e pela redução do poder de compra das famílias.

O setor de bens duráveis também apresentou desempenho negativo, recuando 2,4%. Itens como móveis, eletrodomésticos, óculos e joias registraram menor volume de vendas, possivelmente influenciados pela antecipação de compras durante a Black Friday e o Natal.

Já o segmento de bens não duráveis, como alimentos e produtos de higiene, mostrou uma leve alta de 1,1%, beneficiado pela demanda constante desses itens essenciais.

➡️ Leia mais: Boletim Focus: Projeção para inflação sobe novamente e chega a 5,58%

Desempenho regional: apenas o Sul cresce

A análise por região revela que apenas o Sul do país apresentou crescimento nas vendas, com avanço de 1,6%.

No restante do Brasil, o desempenho foi negativo. O Centro-Oeste liderou as quedas, com retração de 2,8%, seguido pelo Norte (-2,4%) e pelo Nordeste (-2%).

O Sudeste, que concentra a maior fatia do consumo nacional, ficou praticamente estável, com leve oscilação negativa de 0,1%.

O que pode ter influenciado essa desaceleração?

Especialistas apontam que fatores como alta nos preços de alimentação fora do lar, combustíveis e passagens aéreas podem ter desestimulado os consumidores.

"O encarecimento desses serviços faz com que as famílias repensem seus gastos e priorizem despesas essenciais", avalia Carlos Alves, vice-presidente de tecnologia e negócios da Cielo.

Além disso, os setores mais dependentes de compras por impulso, como óticas e joalherias, podem ter sido afetados pelo consumo antecipado em datas comerciais no fim de 2023.

A combinação desses fatores levanta um sinal de alerta para o ritmo de recuperação do varejo em 2024, especialmente diante da manutenção dos juros elevados, que encarece o crédito e desestimula novas compras.

Perspectivas para os próximos meses

📊 O desempenho das vendas nos próximos meses será um termômetro importante para entender se a retração de janeiro foi pontual ou se sinaliza um ajuste mais profundo no consumo.

Com a inflação mais controlada e expectativas de cortes na taxa Selic ao longo do ano, há uma expectativa de melhora gradual na atividade varejista.