BofA rebaixa recomendação do Brasil pela 1ª vez desde 2022

O banco ressalta o enfraquecimento fiscal e a possível frustração com a velocidade da agenda de reformas.

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Publicado em 12/06/2025 às 08:18h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 12/06/2025 às 08:18h Atualizado 1 dia atrás por Elanny Vlaxio
O relatório foi divulgado na última quarta-feira (11) (Imagem: Shutterstock)
O relatório foi divulgado na última quarta-feira (11) (Imagem: Shutterstock)

📊 Pela 1ª vez desde 2022, o BofA (Bank of America) rebaixou a recomendação para as ações do Brasil. Agora, a recomendação para a B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) saiu de compra (overweight) para neutra (marketweight).

“Pela primeira vez em três anos, mudamos o Brasil para ‘marketweight‘, representando nossa visão neutra versus o restante da região, devido a gatilhos domésticos e a uma visão cautelosa para a maior parte das commodities (petróleo e minério de ferro)”, disse a equipe chefiada por David Beker.

Entre os fatores de risco para os ativos no Brasil, o banco ressalta os ruídos políticos, o enfraquecimento fiscal e a possível frustração com a velocidade da agenda de reformas. O documento aponta que, enquanto o mercado precifica a Selic em 12,9% ao ano no fim de 2026, o banco estima um patamar de 11,25%. A taxa Selic hoje está em 14,75% ao ano.

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📋 Além disso, mesmo com o forte desempenho da América Latina em 2025, que acumula retorno total de 25% no ano e sinaliza possibilidade de continuidade, o BofA observa um enfraquecimento nos indicadores técnicos em relação aos últimos meses. No momento, 67% dos papéis do Ibovespa operam acima da média móvel de 200 dias, nível não visto desde agosto de 2024, segundo o "Valor Econômico".

Com isso, os analistas apontam que o indicador “risk-love”, que mede o apetite por risco, está próximo de níveis eufóricos, ou seja, um alerta para possível movimento de queda no mercado. “Nas últimas semanas, o foco dos investidores mudou das tensões comerciais (que já atingiram o pico) para questões domésticas, como o cenário fiscal no Brasil, e atividade econômica, remessas e reformas no México”, avaliaram.

📃 Apesar da valorização das ações locais ao longo do ano, o BofA mantém a preferência por esse segmento em relação aos setores de commodities pesadas. No portfólio, foram retiradas Localiza (RENT3) e Assaí (ASAI3), devido à ausência de gatilhos após o rali recente; Petrobras (PETR4) teve sua recomendação reduzida para neutra e Vale (VALE3) continua com exposição abaixo da média do mercado. Hypera (HYPE3) foi incluída, em razão de sua atratividade e geração consistente de caixa.

Para Daniel Nogueira, Sales de Renda Variável da InvestSmart XP, "Não é um momento de euforia, mas sim de alocação com critério e alinhamento ao perfil de cada investidor. Manter exposição — ainda que parcial — pode ser estratégico, já que sabemos que poucos pregões muito positivos costumam concentrar grande parte do retorno de longo prazo. Em outras palavras, o custo de ficar totalmente fora pode ser maior do que o desconforto de atravessar períodos de turbulência", analisou.