BK Bank: Fintech que movimentou R$ 46 bi é alvo de operação da PF por ligação com PCC

Operação Carbono Oculto aponta que instituição atuava como banco paralelo para esquema bilionário de lavagem de dinheiro.

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Publicado em 28/08/2025 às 12:48h - Atualizado Agora Publicado em 28/08/2025 às 12:48h Atualizado Agora por Wesley Santana
Empresa já fechou parceria com diversas órgãos públicos para fornecimento de cartão de benefícios (Imagem: Divulgação/Prefeitura de Birigui)
Empresa já fechou parceria com diversas órgãos públicos para fornecimento de cartão de benefícios (Imagem: Divulgação/Prefeitura de Birigui)

A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (28), uma megaoperação que colocou a fintech BK Bank no centro das investigações sobre lavagem de dinheiro ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Segundo os investigadores, a empresa teria movimentado R$ 46 bilhões entre 2020 e 2024, funcionando como um verdadeiro “banco paralelo” da facção.

Os policiais chegaram ao escritório da empresa, na cidade de Barueri (SP), por volta das 07h, mesmo período em que outros mandados de busca e apreensão foram cumpridos na capital paulista. Os agentes buscavam documentos que pudessem corroborar as suspeitas de lavagem de dinheiro e ocultação patrimonial ligada à adulteração de combustíveis.

A Justiça de SP também emitiu uma ordem de bloqueio para todos os valores mantidos sob a responsabilidade da fintech. Além disso, deve entregar, no máximo em 30 dias, extratos, contratos e cadastro de seus clientes.

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As suspeitas foram levantadas depois de transferências entre duas outras investigadas no caso, a S4 e a Plasma Administradora. Essas empresas teriam centralizado as operações financeiras dentro do BK Bank no volume apontado pelos investigadores.

Todos os valores em questão seriam referentes à venda clandestina de metanol desviado, colocados no mercado formal através das contas-bolsão. Esse é um esquema usado por fintechs para centralizar os depósitos de vários clientes em uma única conta com o objetivo de dificultar a localização e individualização dos bens.

BK Bank

A fintech foi fundada em 2019 e, em seu contrato social, tem como sócios os Danilo Augusto Tonin Elena, Caio Henrique Hyppolito Galvani e Camila Cristina de Moura Caron. Com um capital social de R$ 9 milhões, no ano passado, recebeu licença do Banco Central para atuar como instituição de pagamento.

Em seu site, a empresa afirma que oferece serviços de meio de pagamento, abertura de contas, intermediação de operações em Pix e antecipação de recebíveis. “O BK é um facilitador especializado em empresas, que agrega uma variedade de serviços exclusivos com soluções personalizadas de tecnologia e segurança”, diz a empresa.

Nos últimos anos, o banco digital experimentou um crescimento vertiginoso, passando a ser fornecedor de cartões para diversos órgãos públicos. As prefeituras de Birigui (SP) e Uberaba (MG) foram alguns dos clientes da instituição de pagamentos.

O que diz a empresa?

Por meio de nota à imprensa, a empresa destacou que foi surpreendida por estar nas investigações, que tem compromisso com a legalidade e que está à disposição das autoridades.

"A instituição de pagamentos é devidamente autorizada, regulada e fiscalizada pelo Banco Central do Brasil e conduz todas as suas atividades com total transparência, observando rigorosos padrões de compliance", pontuou.

A Operação Carbono Oculto já é considerada a maior da história envolvendo entes do mercado financeiro brasileiro. As investigações se concentram em empresas da Faria Lima, mas há envolvidos espalhados por outras cidades e estados, conforme informações da PF.

No total, são mais de 350 alvos de busca e apreensão, incluindo a Reag Investimentos (REAG3), que é listada na bolsa de valores. Dezenas de gestoras de fundos de investimentos também estão na lista de investigações, que juntos formam um patrimônio superior a R$ 30 bilhões.