Ações do Nubank recuam após anúncio de entrada nos EUA; veja os motivos

A expansão para os EUA foi interpretada como uma aposta de longo prazo, mas que pode trazer riscos relevantes no curto e médio prazo.

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Publicado em 01/10/2025 às 19:03h - Atualizado 8 horas atrás Publicado em 01/10/2025 às 19:03h Atualizado 8 horas atrás por Matheus Silva
Segundo a XP, a entrada nos EUA oferece uma oportunidade robusta (Imagem: Shutterstock)
Segundo a XP, a entrada nos EUA oferece uma oportunidade robusta (Imagem: Shutterstock)

🚨 O Nubank (ROXO34) surpreendeu investidores ao confirmar sua entrada no mercado dos Estados Unidos, em um movimento visto como o passo mais ambicioso da fintech desde sua fundação.

Apesar da reação inicial positiva, com alta nas ações logo após o anúncio, nesta quarta-feira (1º) o mercado mudou de tom e os papéis recuaram diante das incertezas sobre a estratégia da instituição.

A expansão para os EUA foi interpretada como uma aposta de longo prazo, mas que pode trazer riscos relevantes no curto e médio prazo, especialmente porque o banco digital ainda enfrenta desafios de rentabilidade em seus principais mercados fora do Brasil.

O que dizem os analistas

A corretora XP Investimentos (XPBR31) avalia que os EUA oferecem uma oportunidade robusta, mas representam um terreno de alta fragmentação e forte concorrência. 

O ponto de atenção, segundo a casa, é a necessidade de o Nubank dividir seus esforços entre três frentes: México, Colômbia e agora os EUA.

“As operações do México e Colômbia ainda precisam atingir um nível sustentável de rentabilidade, enquanto no Brasil a operação requer maior tração em algumas iniciativas (alta renda e empréstimos consignados)”, destacou a XP em relatório.

Outro fator que gera cautela é a indefinição sobre o público-alvo nos EUA — o consumidor americano tradicional ou estrangeiros residentes no país. Para os analistas, essa decisão será fundamental para dar clareza à estratégia.

O Bank of America (BofA) reforçou essa leitura, ressaltando que o mercado bancário americano é altamente competitivo, com penetração elevada, custos altos para aquisição de depósitos e bancos tradicionais investindo pesadamente em digitalização.

Já o JPMorgan adotou uma visão mais equilibrada. Para o banco, a expansão deve ser lida sob a ótica de longo prazo, já que o processo de obtenção de licença de banco nacional pode levar de dois a três anos.

Algumas fintechs, inclusive, optaram por acelerar esse processo por meio da aquisição de licenças já existentes.

“No curto prazo, não esperamos impacto relevante no lucro por ação (LPA) do Nubank. Mas, se bem executada, a estratégia pode expandir significativamente o mercado endereçável e o potencial de lucros da companhia”, escreveram os analistas.

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Mercado de alto potencial, mas de grandes barreiras

Os Estados Unidos representam um mercado com proporções muito maiores que os atuais territórios em que o Nubank atua.

Os saldos de cartão de crédito no país ultrapassam US$ 1 trilhão — aproximadamente dez vezes o volume do Brasil e quatro vezes maior que o do México.

Além disso, o sistema bancário norte-americano gerou um lucro líquido estimado em US$ 260 bilhões em 2024, o que o torna um alvo estratégico para qualquer instituição financeira global.

No passado, o Nubank chegou a mencionar que poderia adotar uma estratégia regionalizada, começando por estados como Flórida, Texas e Califórnia — locais com grande presença de comunidades latinas, o que poderia facilitar a entrada.

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O desafio: qual problema resolver?

Se no Brasil o Nubank cresceu ao atacar as altas tarifas bancárias e a insatisfação com os grandes bancos, e no México ganhou espaço ao oferecer alternativas frente aos baixos rendimentos de depósitos, nos EUA o cenário é mais complexo.

📈 “O grande desafio será definir qual dor atacar. Embora atender clientes já existentes no país possa abrir oportunidades de vendas cruzadas, vimos o Inter (INBR32) adotar estratégia semelhante nos últimos anos, com resultados mistos”, concluiu o JPMorgan.

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