Taxa Referencial: conheça seu significado e como ela impacta suas finanças

Author
Publicado em 11/08/2024 às 06:31h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 11/08/2024 às 06:31h Atualizado 1 mês atrás por João Henrique Possas
Conheça o real significado da Taxa Referencial. Fonte: Shutterstock
Conheça o real significado da Taxa Referencial. Fonte: Shutterstock

A TR – Taxa Referencial – é um termo familiar para muitos brasileiros. 

Se você tem uma caderneta de poupança, trabalha com carteira assinada ou possui um financiamento imobiliário, provavelmente já se deparou com essa sigla. 

Apesar de sua recorrência, nem todos sabem ao certo sua finalidade, como é calculada ou seu impacto na vida financeira. 

Para esclarecer essas questões, o Investidor10 preparou este guia completo.

Afinal, o que é TR?

A TR, ou Taxa Referencial, foi criada lá nos anos 1990 como uma referência para os juros. 

Naquela época, o Brasil enfrentava um descontrole inflacionário enorme, que só começou a ser estabilizado com o PlanoReal

A ideia era que a TR funcionasse como um parâmetro para os juros, parecido com o papel que a taxa Selic tem hoje.

Hoje em dia, a TR serve como um indicador para atualizar monetariamente algumas aplicações financeiras e operações de crédito. 

Basicamente, isso significa que ela é usada para corrigir os valores ao longo do tempo, assim como fazemos com alguns índices de inflação

Você vai encontrar a TR em contratos de financiamento imobiliário, na correção do saldo das cadernetas de poupança e em alguns investimentos de renda fixa

Essa correção é super importante para garantir que o dinheiro não perca valor com o passar do tempo, protegendo contra a desvalorização monetária.

Além disso, a TR tem um papel importante na economia brasileira, influenciando diretamente as condições de crédito e as taxas de juros que vemos no mercado. 

Por isso, entender como a TR funciona e seu impacto pode ajudar muito na hora de tomar decisões financeiras mais inteligentes e estratégicas.

Como a TR impacta os investimentos e financiamentos?

Fonte: Shutterstock

Com o tempo, outros indicadores assumiram um papel mais central na economia, mas a TR ainda possui um impacto significativo em diversos produtos financeiros, especialmente aqueles voltados para a poupança e alguns contratos de financiamento imobiliário.

A Influência da TR na Poupança

O que é a Poupança?

A poupança é uma das formas mais tradicionais de investimento no Brasil. 

Sua simplicidade e isenção de imposto de renda sobre os rendimentos tornam-na uma escolha popular entre os brasileiros. 

No entanto, a rentabilidade da poupança está intimamente ligada à TR.

Como a TR Afeta a Rentabilidade da Poupança?

A remuneração da poupança segue regras específicas que variam conforme o nível dos juros básicos da economia, ou seja, a taxa Selic

Atualmente, quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a poupança paga 0,5% ao mês mais a variação da TR. 

Já quando a Selic está igual ou abaixo de 8,5%, a remuneração é de 70% da Selic mais a variação da TR.

  • Poupanças Novas: Para depósitos feitos a partir de agosto de 2012, vale a regra de remuneração vinculada à Selic.

  • Poupanças Antigas: Para depósitos anteriores a essa data, a remuneração é de 0,5% ao mês mais a variação da TR.

Impactos Práticos

A TR entra na conta da rentabilidade da caderneta de poupança, independentemente da data do depósito ou do nível da Selic

Isso faz com que os rendimentos possam variar significativamente de um mês para o outro. 

Nos últimos anos, em algumas épocas, a remuneração da poupança chegou perto de 0,8% ao mês e, em outras, ficou abaixo de 0,2%.

O Papel da TR no FGTS

O que é o FGTS?

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) foi criado na década de 1960 para garantir uma reserva financeira para os trabalhadores regidos pela CLT. 

O empregador deposita mensalmente 8% do salário do empregado em uma conta específica, e os valores só podem ser sacados em situações determinadas, como demissão sem justa causa ou compra de um imóvel.

Rentabilidade do FGTS

Os recursos depositados no FGTS são remunerados a uma taxa de 3% ao ano mais a variação da TR. Portanto, mudanças na Taxa Referencial têm um impacto direto no retorno do FGTS. 

Assim como na poupança, uma elevação ou redução na TR refletirá no saldo dos trabalhadores.

Títulos de Capitalização e a TR

O que são Títulos de Capitalização?

Os títulos de capitalização são produtos financeiros oferecidos pelos bancos que combinam a formação de uma reserva financeira com a participação em sorteios de prêmios. 

Eles podem ser adquiridos à vista ou em parcelas.

Rentabilidade e a Influência da TR

Os valores depositados nos títulos de capitalização são atualizados pela TR

No entanto, diferentemente da poupança, esses títulos nem sempre pagam juros ou outra forma de remuneração além da atualização pela TR. 

Por isso, o valor da TR é de extrema importância para quem adquire esses produtos, pois influencia diretamente o retorno financeiro.

  • Comparação com a Poupança: É comum ouvir que os títulos de capitalização rendem como a poupança, mas isso não é verdade. A caderneta de poupança oferece juros além da atualização monetária, enquanto os títulos de capitalização não têm essa garantia.

Financiamento Imobiliário e a TR

Fonte: Shutterstock

Atualização do Saldo Devedor

Tradicionalmente, muitos contratos de financiamento imobiliário atualizam o saldo devedor utilizando a TR

Isso significa que, além dos juros cobrados pelo empréstimo, o montante a ser pago também aumenta conforme a variação da Taxa Referencial.

Alternativas à TR

Nem todos os contratos de financiamento seguem o modelo de atualização pela TR. Alguns utilizam índices de inflação, como:

  • INCC (Índice Nacional de Custo de Construção)

  • IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado)

  • IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)

Impactos nos Contratos

A escolha do índice de atualização pode afetar significativamente o custo total do financiamento. 

A TR tende a ser mais estável do que os índices de inflação, o que pode proporcionar uma previsibilidade maior nos pagamentos mensais.

Como é definido o cálculo da TR?

Fonte: Shutterstock

O Papel da Taxa Básica Financeira (TBF)

O que é a TBF?

A Taxa Básica Financeira (TBF) é o principal elemento utilizado para calcular a Taxa Referencial (TR)

A TBF representa a média ponderada das taxas de juros praticadas no mercado secundário das Letras do Tesouro Nacional (LTNs), que são títulos públicos prefixados emitidos pelo Tesouro Nacional.

Evolução do Cálculo da TBF

Até 2018, a TBF – e, consequentemente, a TR – eram calculadas com base na média das taxas oferecidas nos Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e nos Recibos de Depósitos Bancários (RDBs) prefixados emitidos pelos bancos nos últimos 30 dias. 

Muitos ainda acreditam que essa metodologia permanece a mesma, mas houve uma mudança significativa.

A Nova Metodologia

Desde 2018, a TBF passou a ser calculada com base nas taxas das LTNs negociadas no mercado secundário. 

O mercado secundário é onde os investidores compram e vendem títulos entre si, em vez de comprá-los diretamente do emissor, que no caso das LTNs é o TesouroNacional

Todas essas operações são registradas no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).

  • Por que a Mudança?

    • Adequação ao Mercado Atual: A mudança foi realizada para refletir melhor a realidade do mercado financeiro, que está em constante evolução.

    • Relevância Estatística: Com o declínio do uso dos CDBs e RDBs prefixados, a migração para as LTNs ajudou a manter a relevância estatística da TBF e, por consequência, da TR.

Impacto da Nova Metodologia

Consistência na Taxa

Para investidores e tomadores de empréstimos, a mudança na metodologia de cálculo não resultou em grandes diferenças práticas. 

O valor final da TR, embora calculado de uma maneira diferente, manteve-se praticamente igual ao do período anterior à mudança.

  • Investidores: Continuam a ver uma TR que desempenha seu papel como índice de correção monetária sem grandes variações inesperadas.

  • Tomadores de Empréstimos: Aqueles com financiamentos atrelados à TR não experimentaram alterações significativas em seus pagamentos mensais devido à mudança no cálculo.

O Processo de Cálculo da TR

Calculando a TBF

O primeiro passo no cálculo da Taxa Referencial (TR) é determinar o valor da Taxa Básica Financeira (TBF). Esse cálculo é realizado utilizando a média ponderada das taxas de juros das Letras do Tesouro Nacional (LTNs) negociadas no mercado secundário. 

O mercado secundário é onde os investidores compram e vendem títulos entre si, em vez de adquirirem diretamente do emissor, que no caso das LTNs é o Tesouro Nacional. 

As operações no mercado secundário são essenciais, pois refletem as condições atuais de oferta e demanda, proporcionando uma visão mais precisa das taxas de juros praticadas.

  • Média Ponderada: A média ponderada das taxas de juros é calculada considerando o volume e a taxa de cada transação realizada no mercado secundário. 

Isso garante que as negociações mais significativas tenham um impacto proporcional no valor final da TBF.

  • Negociações Diárias: O cálculo da TBF leva em conta as negociações diárias das LTNs, garantindo que o valor reflita as condições de mercado mais recentes. 

Isso é fundamental para manter a precisão e a relevância da TBF como um indicador financeiro.

Aplicação do Redutor pelo Banco Central

Uma vez que o valor da TBF é determinado, o Banco Central aplica um redutor para calcular a TR

Esse redutor é uma ferramenta crucial no processo de ajuste da TBF, assegurando que a TR seja sempre um pouco menor. 

O redutor é calculado com base em uma fórmula que considera diversos fatores econômicos, garantindo que a TR funcione eficazmente como um índice de correção monetária.

  • Motivo do Redutor: O principal objetivo do redutor é ajustar a TBF para que a TR reflita de maneira precisa e consistente as condições do mercado. 

Ao aplicar o redutor, o Banco Central assegura que a TR não apenas acompanhe a TBF, mas também incorpore um ajuste necessário para funcionar como um índice de correção monetária. 

Isso significa que a TR é calibrada para evitar distorções e para proporcionar uma medida mais estável e confiável da variação dos juros.

  • Processo de Ajuste: O processo de ajuste é meticuloso e leva em consideração uma série de variáveis econômicas e financeiras. 

Essas variáveis podem incluir fatores como a inflação esperada, a política monetária vigente e as condições econômicas globais e domésticas. 

Esse ajuste é crucial para garantir que a TR permaneça relevante e útil para a correção monetária de diversos contratos e investimentos.

Resultado Final

A aplicação do redutor pelo Banco Central assegura que a TR mantenha sua função de correção sem causar impactos negativos excessivos em investimentos e financiamentos. 

A TR, ajustada pela aplicação do redutor, oferece uma medida equilibrada e precisa que pode ser utilizada para corrigir valores monetários de maneira consistente.

  • Estabilidade: A TR ajustada proporciona estabilidade aos investidores e tomadores de empréstimos, garantindo que a correção monetária seja realizada de forma previsível e confiável. Essa estabilidade é fundamental para a confiança dos agentes econômicos no uso da TR como índice de correção.

  • Impacto em Investimentos e Financiamentos: Para os investidores, a TR ajustada pelo redutor significa que os rendimentos e os saldos corrigidos serão precisos e refletirão as condições de mercado sem distorções. Para os tomadores de empréstimos, especialmente em financiamentos imobiliários, a TR ajustada garante que os saldos devedores sejam corrigidos de maneira justa, evitando aumentos excessivos que poderiam comprometer a capacidade de pagamento.

  • Consistência: A consistência na aplicação do redutor assegura que a TR continue sendo uma ferramenta confiável para a correção monetária, desempenhando seu papel sem causar volatilidade indesejada nos rendimentos e nas obrigações financeiras.

Compreender o processo de cálculo da Taxa Referencial (TR) é essencial para investidores e tomadores de crédito. 

A TR, calculada a partir da Taxa Básica Financeira (TBF) e ajustada pelo redutor aplicado pelo Banco Central, oferece uma medida equilibrada e precisa para a correção monetária. 

Essa correção é crucial para manter o valor real do dinheiro ao longo do tempo, garantindo que os investimentos e financiamentos sejam ajustados de maneira justa e consistente. 

Ao entender o cálculo e a aplicação da TR, você pode tomar decisões financeiras mais informadas e estratégicas, aproveitando ao máximo as oportunidades de mercado e gerenciando suas obrigações financeiras com maior confiança.

Conte com os conteúdos e ferramentas do Investidor10 para compreender cada vez mais sobre o mercado financeiro, reduzir riscos e maximizar seus resultados ao investir.

Além de muito conteúdo gratuito, aqueles que desejam ter resultados acima da curva, também podem contar com os conteúdos e ferramentas especiais do Investidor10 PRO.

Assinantes do Investidor10 PRO possuem acesso a uma série de conteúdos e ferramentas de valor sobre investimentos, incluindo:

Para ter acesso a todas as soluções acima, reduzir os riscos ao investir e maximizar seus rendimentos como investidor, clique aqui e garanta sua assinatura!

Aproveite e leia mais nossos conteúdos: