Renda fixa isenta bate recorde em 2024 e só em novembro já são R$ 2,2 bi com pessoas físicas

Anbima revela que debêntures e CRIs foram os grandes responsáveis para que empresas captassem pico de R$ 677,3 bilhões nos últimos 11 meses

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Publicado em 18/12/2024 às 16:53h - Atualizado Agora Publicado em 18/12/2024 às 16:53h Atualizado Agora por Lucas Simões
Com o impulso da renda fixa, empresas já levantaram mais recursos com investidores em 2024 do que em qualquer ano (Imagem: Shutterstock)
Com o impulso da renda fixa, empresas já levantaram mais recursos com investidores em 2024 do que em qualquer ano (Imagem: Shutterstock)

🚀 Não é segredo para quem acompanha o mercado financeiro com alguma frequência que os investimentos em renda fixa que são isentos de imposto de renda (IR) são os queridinhos da vez em 2024. Mas, a surpresa revelada pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) nesta quarta-feira (18) é a de que os próprios investidores pessoas físicas estão comprando pesado debêntures incentivadas.

Só em novembro, as empresas conseguiram pegar emprestado dos investidores cerca de R$ 8,48 bilhões com títulos de dívidas incentivados, sendo que R$ 2,24 bilhões estão nas mãos de pessoas físicas, enquanto fundos de investimentos abocanharam R$ 2,35 bilhões do total.

Na fotografia quase completa de 2024, entre janeiro e novembro, as empresas captaram o valor recorde de R$ 677,3 bilhões no mercado de capitais brasileiro, volume 44,8% acima de 2023 inteiro, que supera também todos os anos completos anteriores. Considerando apenas o mês passado, as ofertas somaram R$ 43,6 bilhões.

"Importante é destacar que tivemos a evolução do ponto de vista regulatório, com instrumentos cada vez mais atraentes e acessíveis para companhias e investidores", afirma Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima.

Entre as inúmeras maneiras que as empresas podem levantar recursos junto aos investidores, são duas modalidades de renda fixa isentas de IR que tomaram o lugar de pompa dos saudosos IPOs, no caso, as debêntures e os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários).

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Debêntures e CRIs nos holofotes

As emissões de debêntures atingiram R$ 405,5 bilhões entre janeiro e novembro, com os recursos destinados principalmente para investimentos em infraestrutura (26,1%), gestão ordinária (24,5%) e pagamento de dívidas (24,4%).

Os fundos de investimentos foram os principais subscritores, com uma fatia de 46,6%. O prazo médio chegou a 7,8 anos.

Já o volume de CRIs chegou ao montante de R$ 52,7 bilhões. Nesse mesmo período, os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) somaram R$ 36,6 bilhões.

Ainda entre os instrumentos de securitização, as empresas captaram R$ 64,4 bilhões com os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) nos primeiros onze meses do ano, volume recorde para esse intervalo.

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Fundos imobiliários, Fiagros e ações

Entre os investimentos que misturam renda fixa e renda variável, notou-se queda no volume dos fundos imobiliários, que emitiram apenas R$ 870,8 milhões (menor volume de 2024).

Por sua vez, houve aumento no total emitido por Fiagros, que ofertaram R$ 317,2 milhões após ter registrado apenas R$ 15,1 milhões em outubro.

Vale destacar que não houve ofertas de renda variável durante o mês passado, aliás desde 2021 o Brasil vive uma seca de IPOs, ou seja, sem novas empresas abrindo o seu capital e listando suas ações pela primeira vez na B3.

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Renda fixa em dólar

No mercado externo, as emissões de renda fixa em dólar totalizaram US$ 20,1 bilhões, superando em 30,1% o valor contabilizado em todo o ano anterior.

A maior parcela desse montante (68,1%) se refere a emissões com prazos entre seis e dez anos.

Na análise por tipo de emissor, as empresas se destacaram, respondendo por (59,9%) do total, os títulos soberanos do Brasil (31,4%) e as instituições financeiras (8,7%) aparecendo em seguida.