As ‘supercampeãs’ da B3: Conheça as 12 ações que dobraram de valor em 2025

Entre as campeãs, algumas se destacaram não apenas pelo percentual de valorização, mas também pelo enredo por trás de cada alta.

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Publicado em 03/10/2025 às 18:03h - Atualizado Agora Publicado em 03/10/2025 às 18:03h Atualizado Agora por Matheus Silva
A maioria desses papéis pertence ao índice Small Caps (SMLL) (Imagem: Shutterstock)
A maioria desses papéis pertence ao índice Small Caps (SMLL) (Imagem: Shutterstock)

🚀 O mercado acionário brasileiro viveu, em 2025, um ano de contrastes. O Ibovespa (IBOV) acumulou alta de apenas 19,68% até 2 de outubro, refletindo um ambiente ainda desafiador, marcado por juros elevados, incertezas fiscais e volatilidade externa.

Mas no meio desse cenário, um grupo seleto brilhou: 12 ações negociadas na B3 mais do que dobraram de valor.

A maioria desses papéis pertence ao índice Small Caps (SMLL), mostrando que, neste ciclo, os investidores encontraram mais valor em empresas menores e de maior risco do que nos grandes nomes que compõem o índice principal.

Entre essas campeãs, algumas se destacaram não apenas pelo percentual de valorização, mas também pelo enredo por trás de cada alta.

Cogna: quase 200% de valorização

A liderança isolada ficou com a Cogna (COGN3), que avançou impressionantes 197,76% no acumulado do ano.

Depois de anos de reestruturação e redução de dívidas, a companhia finalmente conseguiu mostrar sinais consistentes de recuperação.

O avanço do ensino à distância, a readequação do portfólio de cursos e a eficiência operacional deram novo fôlego à empresa, que vinha de um longo período de queda.

Além disso, a percepção de que o setor de educação poderia inaugurar um novo ciclo de margens crescentes atraiu investidores em busca de ativos de turnaround.

“A Cogna virou o símbolo da virada de mão do setor educacional em 2025”, comenta um gestor ouvido pelo mercado.

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Helbor: a surpresa da construção civil

Se a Cogna representou a virada da educação, a Helbor (HBOR3) foi a grande surpresa do setor imobiliário. Suas ações saltaram 178,91%, reflexo direto de um ponto de partida muito descontado no início do ano.

Apesar de um ambiente ainda marcado por crédito caro e demanda seletiva, a incorporadora conseguiu capturar a resiliência do mercado imobiliário, principalmente em regiões metropolitanas.

A confiança do mercado foi renovada quando a empresa mostrou melhora nas margens e redução da alavancagem.

A liquidez reduzida dos papéis também ajudou a potencializar os ganhos, com menos volume negociado, a pressão compradora fez o preço disparar.

Aura Minerals

A terceira colocada foi a Aura Minerals (AURA33), com valorização de 173,44%. O desempenho reflete o rali global dos metais preciosos e industriais em 2025, impulsionado tanto por expectativas de cortes de juros nos Estados Unidos quanto por uma maior demanda da China em segmentos estratégicos.

A mineradora, que já vinha mostrando boa disciplina operacional, conseguiu capturar esse movimento com forte geração de caixa e entregas consistentes de produção.

Moura Dubeux e Ser Educacional

Na quarta posição aparece a Moura Dubeux (MDNE3), com alta de 168,52%, consolidando-se como uma das maiores apostas do mercado imobiliário no Nordeste.

A empresa se destacou pelo foco regional e pela execução de projetos em áreas de grande demanda.

Já a Ser Educacional (SEER3), que valorizou 150,69%, também com forte presença na região, foi beneficiada pelo mesmo movimento estrutural que impulsionou a Cogna - a maior penetração do ensino digital, ganhos de eficiência e expectativa de consolidação no setor educacional.

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Movida: recuperação da locação de veículos

Outro nome que entrou na lista das maiores altas foi a Movida (MOVI3), com avanço de 146,60%.

A empresa foi beneficiada pela recuperação do setor de locação de veículos, após anos de margens pressionadas por custos de financiamento elevados e preços de automóveis mais caros.

Com a expectativa de queda da Selic em 2026, o mercado antecipou ganhos futuros no segmento, o que ajudou a reforçar o movimento comprador.

Serena: o brilho da energia elétrica

O setor elétrico também teve um representante entre os destaques: a Serena (SRNA3), que subiu 124,55%.

A empresa mostrou resultados consistentes e aumento de margens ao longo de 2025, conquistando espaço em um setor geralmente associado à previsibilidade e estabilidade, mas que neste ciclo conseguiu oferecer crescimento acima da média.

O pano de fundo da disparada

Ao analisar as maiores altas de 2025, três pontos se destacam:

  • Turnarounds bem-sucedidos: empresas como Cogna e Ser Educacional mostraram que ajustes de gestão e desalavancagem podem se transformar em combustível para fortes valorizações.
  • Setores resilientes: a construção civil surpreendeu, com companhias como Helbor e Moura Dubeux entregando retornos muito acima da média, mesmo com crédito caro.
  • Busca por risco: dez das 12 ações que dobraram no ano estão no índice Small Caps, reforçando o apetite do investidor por ativos menos líquidos, mas com potencial de crescimento acelerado.

O alerta da liquidez

Se por um lado a disparada dessas ações gera entusiasmo, por outro exige cautela.

Papéis como Helbor, Ser Educacional e Lavvi ainda negociam com volumes diários médios baixos, o que aumenta a volatilidade e pode dificultar operações maiores.

Em momentos de estresse, esse fator pode intensificar quedas tanto quanto potencializou as altas vistas em 2025.

A Bolsa de oportunidades concentradas

O contraste entre a alta tímida do Ibovespa e as valorizações explosivas dessas 12 ações deixa claro que, em 2025, o mercado brasileiro foi marcado por oportunidades concentradas.

Enquanto bancos, commodities e estatais mantiveram o índice principal em um ritmo mais lento, os maiores retornos ficaram com empresas em processo de reestruturação, incorporadoras que saíram de preços deprimidos e players de setores em transformação.

📈 Para o investidor, a lição é clara. A geração de alfa não está necessariamente nos nomes mais óbvios da Bolsa. Em 2025, quem buscou valor em ativos fora do radar, com paciência para suportar volatilidade e visão de longo prazo, colheu os frutos mais expressivos.