O que diz o mercado sobre a decisão do Banco Central?

A escolha se deu por unanimidade na última quarta-feira (29).

Author
Publicado em 30/01/2025 às 09:35h - Atualizado Agora Publicado em 30/01/2025 às 09:35h Atualizado Agora por Elanny Vlaxio
Sete dos 9 diretores da autoridade monetária foram indicados pelo atual presidente (Imagem: Shutterstock)
Sete dos 9 diretores da autoridade monetária foram indicados pelo atual presidente (Imagem: Shutterstock)

🏦 Na última quarta-feira (29), o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, elevando a taxa básica de juros de 12,25% para 13,25% ao ano.

A reunião marcou a primeira vez neste governo em que os indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) formaram maioria no colegiado, com 7 dos 9 assentos sendo ocupados por nomes indicados por ele.

Detalhes da decisão

Conforme já havia sido sinalizado pela autoridade monetária em novembro, o Banco Central elevou a taxa Selic. O colegiado também reforçou a expectativa de que essa medida se repita na próxima reunião, agendada para março.

“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião”, diz o documento.

🔍 O Copom declarou que o aperto monetário será guiado “pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação”.

O comunicado também destaca o “ambiente externo desafiador” (política econômica dos EUA e seus impactos), o “dinamismo” do mercado de trabalho e a inflação como preocupações.

Sobre a política fiscal brasileira, o Copom afirmou: “A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes.”

Veja o que diz o mercado sobre a decisão do Banco Central

Para Raphael Vieira, co-head de Investimentos da Arton Advisors, o "Copom enviou recado claro ao governo sobre política fiscal".

"O tom da decisão foi hawkish, destacando a conjuntura da política econômica nos EUA e a desancoragem das expectativas de inflação dos agentes econômicos no Brasil...O comunicado enviou um recado claro ao governo sobre a necessidade de uma política fiscal crível para a reancoragem das expectativas de inflação", ressaltou.

Para ele: "O Copom também destacou a dinâmica dos preços da moeda brasileira como um dos riscos para a inflação, afirmando que 'uma conjuntão de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada', pode pressionar ainda mais os preços."

Leia também: Com Trump, Fed pausa corte de juros nos Estados Unidos

🗣️ Já para Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, a decisão já era amplamente aguardada visto a última reunião em 2024 e destacou ainda a magnitude do ciclo total.

"Acho que vale destacar aqui que a magnitude do ciclo total, a Selic terminal, eles dizem que vai depender da dinâmica da inflação, ou seja, eles vão deixar ali a porta aberta e conforme evoluir a inflação, eles vão ajustando ali a Selic, então acho que é o cenário mais correto mesmo, na minha opinião, a ser feito", analisou.

Para Bruno Corano, economista da Corano Capital, Gabriel Galípolo, presidente da autarquia, demonstrou que tem personalidade com a decisão.

"Ele fez o que era o esperado, o necessário, e demonstrou que teve personalidade. Muitos consideravam que ele poderia ser um instrumento de manobra do governo, em particular do Presidente Lula", disse.

E ainda acrescentou: "Com essa atitude, o presidente do BC demonstra que, pelo menos até agora, está agindo baseado na razão e por princípios e fundamentos técnicos, o que é muito positivo em relação à saúde financeira do país, dentro do que cabe ao Banco Central. A questão agora é se perguntar até onde o aumento de juros vai ser capaz de conter os ânimos e resolver algo que inevitavelmente cabe ao fiscal."