Nem grãos e nem terras: pagadora de dividendos do agro perde pilares

Analistas não veem melhora para preços dos grãos e marasmo na venda de terras continua

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Publicado em 04/09/2024 às 13:57h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 04/09/2024 às 13:57h Atualizado 1 mês atrás por Lucas Simões
BrasilAgro (AGRO3) perde fundamentos em seus carros-chefe (Imagem: Shutterstock)
BrasilAgro (AGRO3) perde fundamentos em seus carros-chefe (Imagem: Shutterstock)

🚜 A BrasilAgro (AGRO3) reportou na véspera resultados do quarto trimestre do ano-safra 2024 que só confirmaram a perda de fundamentos em seus dois pilares de sustentação: a negociação de grãos e terras agrícolas.

A companhia teve uma receita líquida operacional de R$ 230 milhões, cerca de 4% inferior às projeções da Genial Investimentos. O saldo também foi 11% inferior aos resultados obtidos há um ano.

Isso porque a BrasilAgro enfrentou desafios substanciais no trimestre passado, tanto na produção de soja quanto de milho, com ambos os segmentos sendo duramente impactados por condições climáticas adversas.

"Não esperamos um aumento nos preços de soja e milho no curto prazo. Além disso, o cenário para o mercado de terras está desafiador, tanto para vendas, o que compromete o desempenho do setor imobiliário, quanto para aquisições", escreve o analista Igor Guedes, em relatório.

Embora os preços dos grãos estejam baixos, comprimindo as margens dos pequenos produtores (o que também sugeriria preços mais baixos para a BrasilAgro vender suas propriedades), o analista considera que a empresa não esteja conseguindo adquirir terras a valores mais atrativos.

Atualmente, o portfólio de fazendas da companhia é composto por 271.016 hectares divididos em seis estados brasileiros, Paraguai e Bolívia. As terras estão avaliadas em R$ 2,9 bilhões, com uma CAGR (Taxa de Crescimento Anual Composta) de 13% nos últimos cinco anos.

➡️ Leia mais: BrasilAgro (AGRO3) pode pagar R$ 1,56 por ação em dividendos

O que fazer com as ações da BrasilAgro?

Após a divulgação de resultados, mesmo reportando prejuízo operacional de R$ 10,8 milhões no trimestre, as ações da BrasilAgro subiam quase 3% nesta quarta-feira (4). Afinal, se comparado com o saldo do ano passado, o prejuízo diminuiu 87%, dos negativos R$ 85,8 milhões.

⚠️ Contudo, no acumulado de 2024, os papéis não chegam nem a 1% de valorização. Segundo a Genial Investimentos, a recomendação para as ações da empresa do agronegócio é manter, com preço justo de R$ 27,50.

"É amplamente conhecido que o mercado imobiliário no agronegócio é um pilar estratégico para a BrasilAgro. No entanto, a companhia pode enfrentar dificuldades para adquirir terras neste ciclo, já que os produtores ainda não reduziram os preços, mesmo diante da queda nos preços dos grãos", alerta a corretora, em relatório.

Uma possível explicação para isso é o aumento nos pedidos de recuperações judiciais, que tem levado os produtores a reter suas propriedades. Apesar desse cenário, acreditamos que, devido ao ciclo prolongado de baixa dos grãos, os produtores serão eventualmente forçados a vender suas terras, ou no mínimo, arrendá-las.

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