‘Índice do medo’ dispara mais de 60% e investidores no mundo todo entram em alerta

O índice VIX alcançou 60,13 pontos — o maior nível desde 5 de agosto de 2024 - refletindo a forte percepção de risco por parte dos investidores.

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Publicado em 07/04/2025 às 14:19h - Atualizado 1 minuto atrás Publicado em 07/04/2025 às 14:19h Atualizado 1 minuto atrás por Matheus Silva
A marcação ocorreu após o indicador atingir seu ponto mais alto em cinco anos na última sexta-feira (4) (Imagem: Shutterstock)
A marcação ocorreu após o indicador atingir seu ponto mais alto em cinco anos na última sexta-feira (4) (Imagem: Shutterstock)

🚨 O índice VIX, popularmente conhecido como "termômetro do medo" de Wall Street, registrou um aumento expressivo nesta segunda-feira (7), alcançando 60,13 pontos — o maior nível desde 5 de agosto de 2024.

A marcação ocorreu após o indicador atingir seu ponto mais alto em cinco anos na última sexta-feira (4).

O avanço contínuo do VIX reflete uma forte percepção de risco por parte dos investidores, que têm reagido com cautela diante de uma conjuntura econômica cada vez mais volátil.

O VIX é calculado com base nas expectativas de volatilidade futura dos preços das opções do S&P 500, um dos principais índices de ações dos Estados Unidos.

Desde 21 de fevereiro, o indicador apresenta uma trajetória de alta constante, impulsionada inicialmente por dados econômicos que mostraram desaceleração na atividade produtiva.

No entanto, o cenário se agravou após novas medidas tarifárias impostas pelos Estados Unidos sob o comando de Donald Trump.

Trump impõe tarifas e amplia incertezas

O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou na última quarta-feira (4) a aplicação de uma alíquota-base de 10% para todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos, que entrou em vigor no sábado (5).

A partir de 9 de abril, tarifas recíprocas também passarão a ser aplicadas. Segundo informações da Casa Branca, países como China (34%), Vietnã (46%), União Europeia (20%) e Taiwan (32%) serão os mais impactados.

Em resposta às medidas impostas por Washington, Pequim anunciou a aplicação de uma tarifa de 34% sobre produtos norte-americanos, que entrará em vigor no próximo dia 10 de abril.

Essa retaliação foi vista como um movimento agressivo por parte da China, levando Trump a endurecer ainda mais o discurso.

Hoje (7), o presidente dos EUA declarou que, caso a China mantenha as tarifas retaliatórias, as tarifas impostas pelos Estados Unidos subirão de 34% para 50%, com vigência prevista para 9 de abril.

A Casa Branca, por sua vez, desmentiu rumores sobre uma possível suspensão temporária das tarifas por 90 dias, ampliando ainda mais a sensação de incerteza entre os investidores.

➡️ Leia mais: “Esqueçam os mercados”, diz Trump em meio a queda global de bolsas

Wall Street sente os impactos: S&P 500 próximo de "bear market"

Os principais índices de ações de Wall Street refletem o clima tenso gerado pelas medidas tarifárias.

Nesta segunda-feira (7), o índice S&P 500 opera com queda significativa pelo quarto dia consecutivo, aproximando-se de um "bear market" — termo que descreve um cenário onde o índice cai mais de 20% em relação às suas máximas históricas.

O Nasdaq, que reúne as maiores empresas de tecnologia dos EUA, já entrou em "bear market" na última sexta-feira (4), com uma desvalorização de 22% em comparação com os picos alcançados em dezembro.

As perdas acentuadas nos mercados tecnológicos indicam um receio generalizado de que as tarifas possam prejudicar as cadeias de suprimentos e o desempenho financeiro dessas companhias.

Riscos de estagflação e temor de recessão

A imposição de tarifas elevadas pode criar um efeito cascata na economia dos EUA. Com o aumento dos preços de produtos importados, a inflação tende a acelerar, o que, aliado a um crescimento econômico mais lento, poderia resultar em um cenário de estagflação — caracterizado por inflação elevada com crescimento estagnado.

O Goldman Sachs revisou recentemente sua estimativa para o risco de recessão nos Estados Unidos, aumentando-o de 35% para 45%.

A revisão é a segunda em menos de uma semana, evidenciando o nervosismo dos analistas financeiros com o impacto potencial das tarifas e suas consequências para o crescimento econômico.

"Não quero que nada despenque, mas às vezes é preciso tomar remédio para consertar alguma coisa", afirmou Trump em declaração a repórteres no Air Force One, sugerindo que as medidas tarifárias visam corrigir desequilíbrios comerciais históricos.

No entanto, muitos investidores receiam que o remédio aplicado possa ser mais prejudicial do que o problema original.

O que esperar?

📊 Com o VIX operando próximo das máximas anuais e a retórica inflamada entre Washington e Pequim, o cenário permanece imprevisível.

A expectativa agora recai sobre as próximas movimentações do governo norte-americano e possíveis respostas da China, que já deixou claro que não pretende recuar em seu posicionamento.