Natura (NTCO3) convoca acionistas para votar incorporação após prejuízo de R$ 8,9 bi

Se aprovada, essa mudança significará o fim da holding como entidade separada, com a promessa de simplificação da estrutura societária.

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Publicado em 26/03/2025 às 10:25h - Atualizado 3 dias atrás Publicado em 26/03/2025 às 10:25h Atualizado 3 dias atrás por Matheus Silva
O movimento tem custo estimado em R$ 400 mil  (Imagem: Shutterstock)
O movimento tem custo estimado em R$ 400 mil (Imagem: Shutterstock)

🚨 A Natura (NTCO3) anunciou na última terça-feira (25), que convocou seus acionistas para uma Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária (AGO/E), marcada para o dia 25 de abril, com o objetivo de discutir a proposta de incorporação da holding Natura &Co pela sua controlada operacional, a Natura Cosméticos S.A.

Se aprovada, essa mudança significará o fim da holding como entidade separada, com a promessa de simplificação da estrutura societária e ganhos de eficiência.

O movimento tem custo estimado em R$ 400 mil e ocorre em meio a esforços da companhia para enxugar custos e trazer mais clareza à governança, após anos marcados por desafios financeiros e operacionais.

Em 2024, a Natura acumulou um prejuízo de aproximadamente R$ 8,93 bilhões, e seu valor de mercado despencou para cerca de US$ 2,3 bilhões — quase sete vezes abaixo do pico alcançado logo após a compra da Avon, há cinco anos.

O que muda para os acionistas?

A proposta prevê a conversão automática das ações: cada acionista da holding passaria a deter, na mesma proporção, ações da Natura Cosméticos.

A transação será feita na razão de 1 para 1, sem qualquer tipo de diluição acionária. Além disso, a nova estrutura manterá a companhia listada no Novo Mercado da B3 (B3SA3), o mais alto nível de governança corporativa da bolsa brasileira.

Como a Natura &Co integra o índice Ibovespa, os acionistas não terão direito de recesso — ou seja, não poderão vender suas ações de volta à empresa como forma de discordância da operação.

O contexto por trás da reestruturação

A criação da holding Natura &Co aconteceu em 2019, como parte de uma estratégia ambiciosa de internacionalização.

Na época, a aquisição da norte-americana Avon posicionou o grupo como um dos gigantes globais do setor de cosméticos. O portfólio ainda incluiu marcas como The Body Shop e Aesop.

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Contudo, os anos seguintes mostraram que o modelo de gestão descentralizado, com diversas operações em geografias distintas, impôs dificuldades à integração dos negócios e elevou o nível de endividamento do grupo.

Em resposta, a empresa passou a adotar uma abordagem mais focada, incluindo a venda da Aesop e a tentativa de reestruturar sua governança e capital.

Próximos passos e expectativas

Além da reestruturação societária, a AGO também deliberará sobre a aprovação das demonstrações financeiras de 2024, a eleição dos novos membros do Conselho de Administração e a política de distribuição de dividendos — que ainda não teve detalhes revelados pela companhia.

A proposta de incorporação ainda precisará passar por etapas regulatórias.

Uma delas será a transformação da Natura Cosméticos em companhia aberta de categoria "A" junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), habilitando a negociação de suas ações no mercado.

Visão do mercado

📊 Analistas e investidores acompanham atentamente os desdobramentos da assembleia, considerando que a simplificação pode gerar benefícios como redução de custos administrativos, maior agilidade nas decisões estratégicas e transparência na comunicação com o mercado.

No entanto, também há cautela: o sucesso dessa movimentação dependerá da capacidade da companhia em alinhar sua nova estrutura à execução de uma estratégia sustentável e rentável.

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