Lula vai aos EUA para Assembleia Geral da ONU
Presidente deve ter encontro bilateral com Joe Biden e o secretário-geral da ONU
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fará o discurso de abertura da 78ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, na próxima terça-feira (19/09). Na passagem pelos Estados Unidos, Lula ainda participará de reuniões e encontros bilaterais, inclusive com o presidente americano, Joe Biden.
Desde os princípios da ONU, o governo brasileiro é o responsável pelo primeiro discurso da Assembleia Geral, que ocorre todos os anos em setembro. Esta será a oitava vez que Lula fará a abertura do evento. Nos dois primeiros mandatos, ele só não compareceu à cerimônia em 2010, durante a campanha eleitoral de Dilma Rousseff (PT).
Lula deve usar essa oportunidade para reforçar a sua intenção de recolocar o Brasil em uma posição ativa no cenário internacional e em fóruns multilaterais. Além disso, deve defender pautas caras a sua gestão, como a inclusão social, os direitos humanos, o desenvolvimento sustentável e a reforma da governança internacional. É esperado que o presidente reforce, por exemplo, o pleito brasileiro por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Bilaterais
Lula chega aos Estados Unidos no domingo (17/09). Ele viajará direto de Cuba, onde participa da Cúpula do G77 + China no fim de semana. A agenda do presidente em território norte-americano, no entanto, ainda não está fechada, pois o governo brasileiro recebeu dezenas de pedidos de encontros bilaterais e tenta encaixá-los na agenda de Lula.
Por enquanto, é sabido que Lula terá encontros bilaterais com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, e com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom. Um encontro bilateral com o presidente dos Estados Unidos também é esperado.
Biden
A expectativa é de que Lula se reúna com Joe Biden antes mesmo do discurso na ONU. É que os dois presidentes têm um compromisso em comum na quarta-feira (20/09): o lançamento de uma iniciativa global para promoção do trabalho decente.
O objetivo do programa é incentivar o avanço dos direitos trabalhistas na economia do século XXI. Pretende-se, inclusive, que um grupo de países, com apoio da Organização Internacional do Trabalho (OIT), desenhe uma agenda de programas com foco no futuro do trabalho decente.
Zelensky
Lula também deve ter encontros bilaterais com outros chefes de Estado, embora a agenda só deva ser fechada nos próximos dias. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, é um dos que teria indicado o interesse de conversar com o brasileiro.
Zelensky e Lula chegaram a ter um encontro bilateral agendado anteriormente, durante a Cúpula do G7, em maio, no Japão. O encontro, no entanto, não aconteceu. Na ocasião, Lula disse que Zelensky não apareceu. O presidente ucraniano alegou, então, que houve uma incompatibilidade de agendas.
Caso enfim aconteça em Nova York, o encontro entre Lula e Zelensky ocorrerá pouco depois de o presidente brasileiro ter entrado em uma saia justa internacional por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia. Na semana passada, Lula disse que o presidente russo, Vladimir Putin, não seria preso caso fosse ao Brasil para a Cúpula do G20 em 2024, que ocorrerá no Rio de Janeiro.
Lula voltou atrás da declaração depois de críticas internacionais. O Brasil é membro do Tribunal Penal Internacional (TPI) e deve seguir as decisões da corte, que emitiu um mandado de captura internacional contra Putin por causa de crimes de guerra durante a invasão à Ucrânia.
Comitiva
Além de Lula, uma série de ministros e parlamentares vai aos Estados Unidos. Entre eles, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que terá uma agenda extensa de encontros com investidores, empresários e autoridades americanas. O ministro deve apresentar os planos de transformação ecológica do Brasil e buscar apoio financeiro para o enfrentamento da crise climática.
O governo brasileiro trabalha, por exemplo, para lançar um título soberano sustentável nas próximas semanas. Isto é, um título de dívida soberana cujos recursos serão lastreados em despesas orçamentárias ligadas ao desenvolvimento sustentável do país. O projeto já está sendo apresentado a investidores internacionais pela equipe do Tesouro Nacional.
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