Klabin (KLBN11) paralisa fábrica no interior de SP por baixa rentabilidade, diz jornal

A fábrica, que operava em três turnos e era dedicada à produção de papel reciclado, foi oficialmente colocada em hibernação.

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Publicado em 23/07/2025 às 08:49h - Atualizado 2 dias atrás Publicado em 23/07/2025 às 08:49h Atualizado 2 dias atrás por Matheus Silva
A planta havia sido adquirida em 2020, durante a incorporação dos ativos da International Paper (Imagem: Shutterstock)
A planta havia sido adquirida em 2020, durante a incorporação dos ativos da International Paper (Imagem: Shutterstock)

🚨 A Klabin (KLBN11), maior produtora de papéis para embalagens do Brasil, decidiu interromper temporariamente as operações de sua unidade em Paulínia (SP).

A fábrica, que operava em três turnos e era dedicada à produção de papel reciclado, foi oficialmente colocada em hibernação na última segunda-feira (21), conforme apuração exclusiva do InvestNews.

Segundo fontes internas, o desligamento das linhas foi comunicado aos trabalhadores logo na chegada do primeiro turno, em uma reunião convocada pela manhã.

A planta havia sido adquirida em 2020, durante a incorporação dos ativos da International Paper no país, e possuía capacidade instalada para produzir 65 mil toneladas de papel reciclado por ano.

O que motivou a paralisação?

De acordo com a companhia, a decisão foi tomada "por questões mercadológicas que estão fora do controle da empresa".

Em resposta ao InvestNews, a Klabin também reforçou que a medida não comprometerá o fornecimento aos seus clientes, uma vez que outras unidades seguem em operação.

Nos bastidores do setor, a medida já era considerada como possibilidade diante do cenário desfavorável para o papel reciclado, marcado por:

  • Alta significativa no custo das aparas (matéria-prima usada na reciclagem de papel);
  • Queda no preço de venda do papel reciclado, em função da retração da demanda;
  • Perda de competitividade frente ao kraftliner, papel produzido com fibras virgens, que se tornou mais atrativo com a valorização do real frente ao dólar.

Esse descompasso entre custos crescentes e margens reduzidas impactou especialmente unidades com menor escala de produção ou com menor grau de integração, como é o caso de Paulínia.

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Capacidade remanescente e estratégia da companhia

Apesar da pausa nas atividades em Paulínia, a Klabin mantém outras fábricas dedicadas ao papel reciclado. Unidades como Piracicaba (SP) e Goiana (PE) seguem operando normalmente e somam, juntas, uma capacidade anual estimada em cerca de 400 mil toneladas.

No total, a companhia conta com 24 unidades industriais, sendo 23 no Brasil e uma na Argentina, espalhadas por dez estados brasileiros.

Com uma capacidade de produção superior a 3 milhões de toneladas por ano, a Klabin lidera a exportação nacional de papéis para embalagens, com foco em kraftliner, fluting e papel-cartão — segmentos que seguem no centro da sua estratégia de crescimento.

Em 2023, a companhia investiu R$ 1,6 bilhão na construção de uma nova fábrica de papéis ondulados em Piracicaba (SP).

Com esse reforço no parque industrial, a empresa passou a deter cerca de 24% de participação no mercado brasileiro de caixas de papelão, reforçando sua posição de liderança em um setor que ainda sofre com oscilações de demanda, mas que segue em rota de médio prazo voltada à sustentabilidade e à substituição de plásticos.

Perspectivas para o setor

A hibernação da unidade de Paulínia reflete os desafios enfrentados pela cadeia de papel reciclado no Brasil.

Com a demanda mais fraca, especialmente no segmento de consumo, e o avanço de papéis concorrentes mais rentáveis, empresas do setor têm revisto estratégias e buscado ganhos de eficiência.

📊 A Klabin, por sua vez, tem focado seus esforços em ativos mais integrados, de maior escala e com margens mais robustas — sem abrir mão de manter sua liderança em sustentabilidade e inovação no segmento de embalagens.

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