JBS (JBSS3): Listagem nos EUA acende alerta no mercado; veja o que muda

A proposta de dupla listagem promete ampliar o acesso da companhia a capital internacional.

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Publicado em 19/05/2025 às 17:38h - Atualizado Agora Publicado em 19/05/2025 às 17:38h Atualizado Agora por Matheus Silva
A empresa sustenta que a listagem nos Estados Unidos facilitaria captações futuras (Imagem: Shutterstock)
A empresa sustenta que a listagem nos Estados Unidos facilitaria captações futuras (Imagem: Shutterstock)

🚨 A JBS (JBSS3), uma das maiores empresas de alimentos do mundo, está prestes a realizar um movimento polêmico para alguns analistas e investidores: listar suas ações na Bolsa de Nova York (NYSE), mantendo também títulos no Brasil via BDRs (Brazilian Depositary Receipts).

A proposta, que será votada em assembleia na próxima sexta-feira (23), promete ampliar o acesso da companhia a capital internacional, mas também tem gerado controvérsia entre analistas e consultorias especializadas.

A chamada dupla listagem permitiria à JBS captar recursos no maior mercado de capitais do mundo, aumentando sua visibilidade global e melhorando a liquidez de suas ações.

Em contrapartida, a estrutura de governança proposta — que prevê ações de classe dupla com poderes de voto assimétricos — tem gerado críticas por concentrar o controle nas mãos dos atuais acionistas majoritários, em especial da holding J&F Investimentos, da família Batista.

Mais acesso ao capital, mas com mais controle para os majoritários

Na nova configuração, a JBS pretende emitir ações Classe A (com 1 voto por ação) na NYSE e BDRs Classe B no Brasil, com poder de 10 votos por ação.

Com isso, os controladores da empresa poderiam ampliar sua fatia de voto de 48% para até 85%, sem, no entanto, aumentar sua participação econômica proporcional.

Esse arranjo tem sido alvo de resistência por parte de consultorias como a ISS (Institutional Shareholder Services) e a Glass Lewis, que desaconselharam os investidores a aprovarem a proposta.

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Ambas apontam risco de governança e perda de poder dos acionistas minoritários no processo decisório da empresa.

A JBS, por sua vez, rebateu as críticas em carta enviada aos acionistas, afirmando que a dupla listagem é estratégica e desbloquearia valor para os papéis da companhia.

A empresa sustenta que a listagem nos Estados Unidos facilitaria captações futuras, melhoraria sua competitividade global e reduziria custos financeiros no longo prazo.

Acordo com o BNDES impulsiona otimismo no mercado

📈 Um fator que aumentou as chances de aprovação da proposta foi a decisão da BNDESPar, braço de investimentos do BNDES, de se abster da votação. O banco era um dos únicos acionistas com poder de veto significativo.

Como contrapartida, foi firmado um acordo no qual a J&F se compromete a pagar R$ 500 milhões ao BNDES caso a listagem ocorra e as ações não atinjam um nível de valorização predefinido — valor que não será descontado do caixa da JBS, segundo a Genial Investimentos.

O mercado reagiu positivamente à novidade. Desde março, quando o plano foi anunciado, as ações JBSS3 chegaram a acumular alta de mais de 28%.

Mesmo com uma leve correção após os relatórios das consultorias, analistas seguem otimistas com o potencial de valorização dos papéis no médio prazo.

Oportunidades e riscos para o investidor

Segundo relatório do JPMorgan, a listagem internacional deve facilitar a reclassificação das ações da JBS, hoje negociadas com desconto frente aos pares globais.

O banco mantém recomendação de compra com preço-alvo de R$ 52, e estima um FCFE (Fluxo de Caixa Livre) de R$ 9,8 bilhões para 2025, com rendimento de 11,2%.

Já o Santander (SANB11) projeta alta de 61,8% até o fim de 2025, com preço-alvo de R$ 53. A XP Investimentos (XPBR31) segue a mesma linha e estima valorização semelhante. A Genial, mais conservadora, vê espaço para avanço de 29,7%, com preço-alvo de R$ 42,50.

Apesar do otimismo, o cronograma da listagem ainda não está fechado. A operação depende da aprovação da SEC (Securities and Exchange Commission), órgão regulador dos EUA, o que pode estender os prazos.

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Estratégias de proteção ganham espaço

Diante da volatilidade gerada pela expectativa em torno da assembleia, o JPMorgan recomendou aos investidores a realização de operações com opções para mitigar os riscos.

Uma das sugestões é a compra de puts com vencimento em 30 de maio, estratégia que protege o investidor caso a listagem seja rejeitada e os papéis recuem.

O banco alerta que, se os acionistas rejeitarem a proposta, as ações da JBS podem devolver boa parte dos ganhos obtidos desde março.

📊 O que o investidor deve acompanhar nos próximos dias:

  • Resultado da assembleia marcada para 23 de maio;
  • Aprovação da operação pela SEC nos EUA;
  • Reações dos acionistas minoritários após divulgação das decisões;
  • Oscilação das ações JBSS3 com base nas expectativas e no fluxo estrangeiro.

JBSS3

JBS
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