Irã abandona diálogo com EUA e culpa Israel por impasse diplomático

A ofensiva de Israel contra alvos militares iranianos foi apontada como o fator decisivo para o rompimento.

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Publicado em 14/06/2025 às 14:13h - Atualizado Agora Publicado em 14/06/2025 às 14:13h Atualizado Agora por Matheus Silva
As tratativas estavam programadas para ocorrer no domingo, em Omã (Imagem: Shutterstock)
As tratativas estavam programadas para ocorrer no domingo, em Omã (Imagem: Shutterstock)

🚨 A perspectiva de um novo acordo nuclear entre Irã e Estados Unidos sofreu um revés crítico nesta sexta-feira (13), após o governo iraniano anunciar a suspensão das negociações em resposta aos ataques israelenses.

A ofensiva de Israel contra alvos militares iranianos, que resultou na morte de membros da cúpula militar de Teerã, foi apontada como o fator decisivo para o rompimento momentâneo do diálogo diplomático.

O anúncio foi feito pelo ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, e confirmado pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Esmail Baghaei, durante entrevista coletiva em Teerã.

“Será sem sentido participar de um diálogo com a parte que é a maior apoiadora e cúmplice do agressor”, declarou Baghaei, referindo-se aos Estados Unidos como patrocinadores da política militar israelense.

As tratativas estavam programadas para ocorrer no domingo, em Omã, e tinham como objetivo discutir os termos de um novo pacto nuclear, com base no acordo original de 2015.

Na ocasião, o Irã havia se comprometido a limitar o enriquecimento de urânio em troca da suspensão de sanções econômicas. No entanto, a retirada unilateral dos EUA em 2018, durante o governo Trump, reverteu os avanços diplomáticos e reintroduziu sanções severas.

Tensão geopolítica complica negociações

O clima político no Oriente Médio se agravou após a ofensiva israelense, que elevou o risco de uma guerra regional e afetou diretamente os esforços diplomáticos.

Apesar do ataque, o governo Trump ainda pressionava publicamente Teerã a comparecer à reunião prevista, intensificando a retórica contra o regime iraniano.

Trump chegou a classificar os bombardeios israelenses como “excelentes” e reiterou um ultimato que havia feito ao Irã em abril: “Eles deveriam ter feito isso! Hoje é o 61º dia. Agora, talvez, tenham uma segunda chance”.

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Para analistas internacionais, a postura de Washington mina a credibilidade das negociações.

A exigência americana por um acordo mais duro — incluindo a proibição total do enriquecimento de urânio em território iraniano e uma retirada mais modesta das sanções — é vista por Teerã como uma tentativa de imposição unilateral, inspirada diretamente pela política de segurança do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.

Risco nuclear reacende alerta global

O impasse aumenta as preocupações sobre a possibilidade de uma corrida nuclear no Oriente Médio.

O acordo de 2015 havia limitado o teor de enriquecimento de urânio do Irã a níveis civis, mas a ausência de fiscalização desde a saída dos EUA permite especulações sobre avanços no programa atômico iraniano, mesmo diante das negativas de Teerã sobre objetivos militares.

A suspensão do diálogo ocorre em um momento de alta volatilidade no mercado internacional, especialmente no setor energético, onde o risco de uma escalada militar entre Irã e Israel já pressiona os preços do petróleo.

A paralisação das conversas também pode impactar o ambiente geopolítico global, dificultando qualquer iniciativa futura de reaproximação entre os dois países e enfraquecendo a diplomacia multilateral.

Especialistas avaliam que, enquanto Israel mantiver sua ofensiva e os EUA apoiarem publicamente a estratégia militar de Tel Aviv, a retomada do diálogo será improvável.

Com isso, a crise diplomática e nuclear no Oriente Médio entra em uma nova fase de incertezas, com potencial de desestabilização global.