Investidores “abandonam” LCIs e LCAs após mudança em isenção de IR

Desde a introdução das novas regras, o número de investidores em LCIs e LCAs tem diminuído constantemente.

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Publicado em 19/06/2024 às 18:09h - Atualizado 4 meses atrás Publicado em 19/06/2024 às 18:09h Atualizado 4 meses atrás por Matheus Rodrigues

📊 Em um cenário econômico de constante mudança, a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) no início de fevereiro deste ano trouxe impactos significativos ao mercado financeiro brasileiro. As LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), antes vistas como opções seguras e atrativas para investidores, perderam parte de sua atratividade após a implementação de novas regras.

Mas o que exatamente mudou? E ainda vale a pena investir nesses ativos?

O que mudou nas normas do CMN?

Até fevereiro, LCIs e LCAs eram altamente populares entre investidores devido à sua combinação de isenção de Imposto de Renda e liquidez relativamente rápida. Contudo, o CMN introduziu novas restrições que alteraram significativamente esses atributos.

As principais mudanças incluem:

  • Vencimento Mínimo: As LCAs agora possuem um vencimento mínimo de 9 meses, enquanto as LCIs exigem um prazo mínimo de 12 meses. Anteriormente, esses títulos ofereciam liquidez diária após apenas 90 dias.
  • Restrição de Lastro: As novas regras também impuseram restrições mais rígidas sobre os lastros que podem ser utilizados para emitir esses títulos, limitando a flexibilidade dos bancos na criação de novos produtos.

Essas mudanças visam aumentar a segurança e a estabilidade do sistema financeiro, mas também impactaram negativamente a atratividade desses investimentos para o público geral.

Impacto no Mercado e Comportamento dos Investidores

📉 Desde a introdução das novas regras, o número de investidores em LCIs e LCAs tem diminuído constantemente.

Segundo o Censo Mensal do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), houve uma queda notável nos investimentos nesses produtos.

Em janeiro, o valor investido em LCAs era de R$ 410,04 bilhões, mas caiu para R$ 399,97 bilhões em abril. As LCIs também sofreram uma queda de R$ 352,07 bilhões para R$ 345,95 bilhões no mesmo período.

Essa redução pode ser atribuída principalmente a dois fatores: liquidez e remuneração.

Com prazos de vencimento mais longos, os investidores precisam manter seus recursos investidos por períodos maiores, reduzindo a flexibilidade financeira.

Além disso, a diminuição na emissão de novos títulos diminuiu a rentabilidade oferecida pelos bancos.

Segundo Leonardo Ono, gestor de crédito privado da Legacy, as taxas caíram de 98% do CDI para cerca de 95%.

A Avaliação dos Especialistas

Apesar das mudanças, muitos especialistas ainda veem valor nas LCIs e LCAs, especialmente para determinados perfis de investidores.

Daniela Gamboa, head de crédito privado e imobiliário da SulAmérica Investimentos, destaca que esses ativos ainda são atrativos para investidores que podem renunciar a liquidez em troca de benefícios fiscais e segurança proporcionada pelo setor bancário brasileiro, supervisionado por um Banco Central robusto.

Leandro Ormond, analista da Aware Investments, ressalta que, para horizontes de investimento de um a dois anos, LCIs e LCAs continuam sendo boas opções devido à isenção de Imposto de Renda, que pode ser vantajosa em comparação com ativos tributados, dependendo da rentabilidade líquida.

Com a diminuição da atratividade das LCIs e LCAs, os investidores têm buscado alternativas no mercado de crédito privado.

Entre as opções mais populares estão os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) e debêntures incentivadas.

Esses ativos oferecem benefícios fiscais similares e têm atraído grande interesse.

De janeiro a maio deste ano, as ofertas no mercado de capitais, que incluem debêntures, CRIs e CRAs, alcançaram R$ 268,2 bilhões, um recorde para o período, com um crescimento de 150,3% em relação ao mesmo período de 2023.

As debêntures, em particular, representaram 67,4% das emissões, destacando-se como uma alternativa viável para investidores em busca de rendimento e diversificação.

Leonardo Ono destaca que investir em debêntures através de fundos tem vantagens significativas, como a diversificação de papéis e o monitoramento contínuo da saúde financeira das empresas.

Esse tipo de investimento tem registrado recordes de captação desde que as mudanças no CMN foram implementadas.

Vale a Pena Investir em LCIs e LCAs?

💲 Apesar da redução na liquidez e na rentabilidade, LCIs e LCAs ainda podem ser uma opção interessante para certos perfis de investidores, especialmente aqueles que valorizam a isenção fiscal e estão dispostos a manter o investimento por prazos mais longos.

No entanto, é essencial comparar a rentabilidade líquida desses produtos com outros ativos, como CDBs (Certificados de Depósito Bancário) e debêntures incentivadas, para tomar uma decisão informada.

Para investidores que priorizam liquidez e flexibilidade, explorar o mercado de crédito privado e considerar fundos de investimento em debêntures pode ser uma estratégia mais adequada.

A diversificação continua sendo a chave para um portfólio de investimentos sólido e equilibrado.

As mudanças nas normas do CMN trouxeram um novo panorama para LCIs e LCAs, impactando diretamente sua atratividade e obrigando os investidores a reavaliar suas estratégias.

Embora esses instrumentos ainda ofereçam benefícios, como a isenção de IR e a segurança dos bancos brasileiros, a busca por alternativas mais rentáveis e flexíveis tem crescido.

Investidores devem considerar suas prioridades e horizontes de investimento ao decidir onde alocar seus recursos, garantindo assim uma carteira diversificada e alinhada com seus objetivos financeiros.