Estrangeiros já retiraram R$ 4,4 bilhões da B3 em 2024

Só na última sexta-feira (19), as saídas somaram R$ 3,451 bilhões. Foi a maior retirada diária desde fevereiro de 2021

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Publicado em 23/01/2024 às 16:30h - Atualizado 3 meses atrás Publicado em 23/01/2024 às 16:30h Atualizado 3 meses atrás por Marina Barbosa
Mercado financeiro (Shutterstock)
Mercado financeiro (Shutterstock)

Depois de impulsionar os negócios na B3 no fim de 2023, os investidores estrangeiros começaram o ano retirando recursos da Bolsa brasileira. A saída de capital externo já ultrapassa R$ 4,4 bilhões em janeiro, até o dia 19.

📉 Quase 80% das retiradas ocorreram apenas no pregão da última sexta-feira (19). Os investidores estrangeiros retiraram R$ 3,451 bilhões da Bolsa brasileira naquele dia, mesmo com o Ibovespa subindo 0,25%. Foi a maior saída diária de capital externo da B3 desde fevereiro de 2021.

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O movimento vai na contramão do que ocorreu no fim de 2023. Os investidores estrangeiros ingressaram com cerca de R$ 17,6 bilhões na B3 em dezembro passado. Em novembro, a entrada de capital externo foi ainda maior: R$ 21,1 bilhões. O movimento impulsionou os negócios e fez o Ibovespa fechar o ano batendo recordes. 

💵 Os estrangeiros são fundamentais para o desempenho da Bolsa brasileira. Neste início de 2024, por exemplo, esse tipo de investidor respondeu por 53,7% dos negócios realizados até o dia 19 de janeiro. Por isso, a saída massiva de capital externo tem afetado as negociações.

O Ibovespa já caiu cerca de 4% em 2024. Nesta terça-feira (23), o principal índice da B3 opera em alta de mais de 1%, mas gira na casa dos 128 mil pontos. Isto é, bem abaixo do patamar recorde de 134 mil pontos alcançado no fim de 2023. 

Juros nos Estados Unidos

A retirada de capital externo da B3 reflete uma piora do apetite de risco do mercado global, sobretudo em virtude das dúvidas em relação aos próximos passos do Fed (Federal Reserve).

🇺🇸 O mercado espera que o Fed corte os juros dos Estados Unidos neste ano e esse entendimento impulsionou as negociações no fim de 2023. Agora, no entanto, os analistas estão recalculando as chances de afrouxamento da política monetária americana, o que pesa contra mercados emergentes como o Brasil.

A queda dos juros nos Estados Unidos beneficia os mercados emergentes porque reduz o retorno dos Treasuries americanos e leva os investidores a procurar ativos de maior retorno. O Brasil acaba recebendo boa parte desse fluxo de capital porque está bem posicionado perante outros emergentes, na avaliação do mercado. Por isso, tem estado suscetível aos momentos de euforia e aversão ao risco do mercado internacional.

🇧🇷 Além disso, dúvidas sobre a sustentabilidade fiscal brasileira pressionaram as negociações nos últimos dias. Na segunda-feira (22), por exemplo, o governo federal anunciou a intenção de destinar R$ 300 bilhões para o setor industrial até 2026. O plano, no entanto, foi mal recebido pelo mercado. Por isso, a Bolsa caiu e o dólar subiu para perto dos R$ 5 na segunda-feira (22).

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, por sua vez, que a União vai cortar gastos neste ano. O governo federal tem uma meta fiscal de déficit zero para 2024.