CVM e Justiça travam tabuleiro da Mobly em meio à guerra societária com os Dubrule

A decisão interrompe temporariamente a ofensiva da família Dubrule, que tenta reassumir o comando da varejista.

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Publicado em 30/04/2025 às 19:00h - Atualizado 1 minuto atrás Publicado em 30/04/2025 às 19:00h Atualizado 1 minuto atrás por Matheus Silva
Na assembleia, os acionistas haviam rejeitado a exclusão da cláusula “poison pill” do estatuto (Imagem: Shutterstock)
Na assembleia, os acionistas haviam rejeitado a exclusão da cláusula “poison pill” do estatuto (Imagem: Shutterstock)

🚨 A batalha pelo controle da Mobly (MBLY3) ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira (30), quando a Justiça de São Paulo decidiu suspender todas as deliberações tomadas em assembleia de acionistas da companhia — incluindo a rejeição de uma proposta que poderia facilitar a oferta pública de aquisição (OPA) feita pelos fundadores da Tok&Stok.

A decisão foi proferida pela 1ª Vara Empresarial de São Paulo, a pedido da própria Mobly, e interrompe temporariamente a ofensiva da família Dubrule, que tenta reassumir o comando da varejista de móveis e decoração.

Proposta rejeitada, mas jogo parado

Na assembleia, os acionistas haviam rejeitado a exclusão da cláusula “poison pill” do estatuto — um mecanismo que obriga qualquer acionista a lançar uma OPA caso ultrapasse determinado percentual da empresa.

A medida era vista como central para viabilizar a proposta dos Dubrule, que querem adquirir 100% da Mobly por R$ 0,68 por ação.

No entanto, às 9h27 da manhã, antes da publicação da ata, a Justiça suspendeu os efeitos da reunião, alegando a necessidade de mais tempo para avaliar os documentos apresentados e os possíveis riscos de manipulação societária.

➡️ Leia mais: Vale (VALE3): Assembleia confirma indicação de Durigan e Ceron para o Conselho Fiscal

OPA polêmica e acusação de conluio

O cerne da disputa está na OPA lançada por Régis e Ghislaine Dubrule, fundadores da Tok&Stok, que foi incorporada pela Mobly em 2024.

A dupla propôs comprar ações com forte deságio e promete capitalizar a companhia com até R$ 100 milhões, além de converter dívidas antigas em participação societária.

A administração da Mobly acusa a família de articular a manobra com a home24, acionista majoritária com 44,4% da empresa.

A gestora afirma que houve trocas de e-mails e coordenação prévia para tentar suprimir a cláusula de proteção estatutária, levantando suspeitas de tratamento desigual entre os investidores.

A home24 nega qualquer irregularidade, e os Dubrule enviaram carta aos acionistas prometendo pagar em dobro qualquer benefício eventualmente exclusivo.

A Mobly, por sua vez, classificou a iniciativa como "inusitada" e reforçou a necessidade de apuração judicial.

Riscos aos minoritários e rombo herdado

Segundo a Mobly, a principal preocupação é a diluição dos acionistas minoritários, caso a OPA avance nas condições propostas.

Além disso, a empresa revelou despesas não autorizadas da antiga gestão da Tok&Stok, incluindo R$ 5,2 milhões em planos de saúde pagos a ex-conselheiros ligados à família fundadora.

A administração atual também alerta que a aprovação da OPA poderia inviabilizar a recuperação operacional e financeira da companhia, que ainda tenta se reerguer após uma sequência de prejuízos desde seu IPO.

Por ora, a CVM segue analisando a legalidade da OPA, enquanto o judiciário congelou o andamento das decisões da assembleia.

📊 O juiz André Salomon Tudisco ainda deve se manifestar nos próximos dias sobre a validade do encontro e os próximos passos do processo societário.

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