Como o IPCA afeta seu bolso?

A inflação oficial brasileira mede a variação de preços de determinados produtos que abrangem a cesta de consumo dos brasileiros.

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Publicado em 10/05/2024 às 08:30h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 10/05/2024 às 08:30h Atualizado 1 mês atrás por Elanny Vlaxio
(Shutterstock)
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A inflação oficial brasileira, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), é responsável por acompanhar a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumidos pelas famílias brasileiras, que abrange deste itens básicos como alimentação e moradia, até bens duráveis como veículos.

Mas, afinal, como esse indicador afeta o bolso do consumidor no dia a dia? 

O que mede o IPCA e como é feita a coleta de dados? 

💲 Divulgado mensalmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),o índice é medido pela variação dos preços de um conjunto de produtos e serviços consumidos pelas famílias brasileiras, desde alimentos, vestuário e transporte até serviços de saúde, educação e comunicação. 

Já a coleta de dados é feita em estabelecimentos comerciais e de serviços ou com concessionárias de serviços públicos e empresas de internet, que fornecem os preços dos produtos e serviços que comercializam. Vale citar que essa coleta de dados acontece entre o dia 1º e o dia 30 de cada mês.

Como é calculada a inflação?

Para chegar a esse cálculo de variação de preços, o IPCA considera uma cesta de produtos e serviços distribuídos em nove grupos principais. Esses grupos representam um espectro amplo do consumo habitual das famílias e são essenciais para entender onde as variações de preço mais impactam o cotidiano. Confira quais são esses grupos e quais foram suas variações em março:

  • Alimentação e Bebidas (0,53%);
  • Habitação (0,19%);
  • Artigos de Residência (-0,04%);
  • Vestuário (0,03%);
  • Transportes (-0,33%);
  • Saúde e Cuidados Pessoais (0,43%);
  • Despesas Pessoais (0,33%);
  • Educação (0,14%);
  • Comunicação (-0,13%);

Em março de 2024, o IPCA registrou uma variação de 0,16%, marcando uma redução de 0,67 ponto percentual em relação à taxa de fevereiro, que foi de 0,83%. No mesmo mês em 2023, a variação foi de 0,71%.

Desde o início de 2024, a inflação acumula um aumento de 1,42%. Considerando os últimos 12 meses, o índice apresenta uma elevação de 3,93%, o que é inferior aos 4,50% registrados no período de 12 meses imediatamente anterior. 

O que faz o índice subir ou descer?

Diversos fatores influenciam o índice de preços. Primeiramente, é essencial considerar a lei da oferta e da demanda e como ela impacta os preços. Tipicamente, o preço de um produto aumenta quando a demanda por ele cresce, enquanto a oferta se mantém estável ou até mesmo diminui.

No entanto, cabe lembrar que outros motivos podem impulsionar o IPCA, bem como: flutuações na taxa de câmbio, políticas fiscais e monetárias, preços de commodities e a sazonalidade. 

E o meu dinheiro com isso?

Na prática, o consumidor pode comprar um litro de leite por R$ 5,00 em março, mas ter que pagar R$ 5,50 pelo mesmo litro de leite em dezembro caso o IPCA tenha alta. A inflação, portanto, reduz o poder de compra do consumidor, como analisou Gianluca Di Mattina, especialista em investimentos da Hike Capital. 

💰 "A inflação reduz o poder de compra do consumidor porque os preços dos bens e serviços aumentam, enquanto os salários podem não acompanhar esse ritmo. Isso significa que a mesma quantia de dinheiro compra menos do que antes", explicou. 

Com a queda ou o aumento do IPCA, outros dois pontos também podem sofrer alteração, como a renda familiar e o custo de vida. 

"O aumento dos preços eleva o custo de vida, obrigando as famílias a gastar mais para adquirir os mesmo bens e serviços. Com a inflação, o custo de vida também sobe, impactando todos os aspectos da vida diária do consumidor, como transporte e moradia", disse Gianluca. 

"Os preços que o consumidor paga é que influenciam o IPCA"

Já para Pedro Afonso Gomes, presidente do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia do Estado do Estado de São Paulo), os preços que o consumidor paga é que influenciam o IPCA. 

"Os preços que o consumidor paga é que influenciam. Portanto, o IPCA é um simples índice, é um levantamento é de preços. Poderia afetar (o bolso do consumidor) se por acaso os produtores comerciantes começassem a aplicar a variação do IPCA sobre os seus produtos", comentou.

De acordo com Gomes, essa indexação automática na economia não acontece mais. "O que os comerciantes e produtores industriais agrícolas fazem é colocar o seu próprio custo, e o seu custo pode ser influenciado por preços de outros produtos e de produtos que também fazem parte da cesta do IPCA", disse. 

Leia também: IPCA acumulado: entenda o que é e sua importância

Quem sai mais afetado?

Segundo o especialista da Hike Capital, as classes de baixa renda são as mais afetadas com a variação do IPCA.

💸 "Essa classe é mais vulnerável à inflação, pois gastam uma grande parte de sua renda em itens essenciais, como alimentos e moradia. Por outro lado, as classes de alta renda têm maior margem para absorver os aumentos de preços, pois geralmente têm uma renda mais diversificada", explicou. 

Por outro lado, segundo o presidente do Corecon-SP, cada pessoa tem uma inflação própria. "Não existe uma inflação pessoal que seja igual para todas as pessoas. Por exemplo, as pessoas mais idosas têm muito gastos com saúde, os mais jovens têm muitos gastos na área de educação/lazer e os casais de meia idade investem na educação dos filhos", explicou. 

O que o consumidor pode fazer? 

Ao Investidor10, os dois economistas entrevistados afirmaram que o ideal é que o consumidor tenha planejamento financeiro e tente ficar por dentro das atualizações do IPCA. 

"Todos os consumidores deveriam ter uma listinha de produtos que eles podem consumir que não estejam tão caros naquele momento exato, chamamos isso de bens substitutivos. Então, quando um preço está muito alto, se é possível se satisfazer com outro preço e com outro produto, vai-se para isso. É uma questão de educação financeira e planejamento financeiro", afirmou o presidente do Corecon-SP.

Enquanto para o especialista da Hike Capital, "manter um orçamento detalhado ajuda o consumidor a acompanhar os gastos e ajustar as despesas de acordo com as mudanças nos preços. Além disso, o consumidor pode manter-se atualizado sobre as taxas de inflação, isso pode ajudar o consumidor a tomar decisões financeiras", pontuou.