Com dívidas de R$ 93 milhões, mais uma empresa brasileira pede recuperação judicial

Mr. Cat diz ter sido impactada pela pandemia e alta dos juros

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Publicado em 27/05/2025 às 19:43h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 27/05/2025 às 19:43h Atualizado 1 dia atrás por Wesley Santana
Primeira unidade física da rede foi inaugurada no Rio de Janeiro (Imagem: Divulgação/)
Primeira unidade física da rede foi inaugurada no Rio de Janeiro (Imagem: Divulgação/)

A lista de grandes empresas brasileiras em processo de recuperação judicial acaba de ganhar um novo nome. Com dívidas que passam de R$ 93 milhões, a fabricante de calçados Mr. Cat recorreu à proteção judicial nesta terça-feira (27).

👞 O pedido foi feito à Justiça do Rio de Janeiro, tendo como plano de fundo uma crise no setor calçadista nacional. O documento enviado ainda em março detalha que a empresa sofre por consequências da pandemia, a concorrência com empresas chinesas e o ambiente de juros elevados no Brasil.

Fundada em 1980, é a Mr. Cat é uma empresa de calçados que oferece produtos para os públicos masculino e feminino, com mais de 120 lojas ao redor do país. Anteriormente, a empresa chegou a pensar em fazer uma abertura de capital na bolsa de valores, mas o cenário financeiro passou por uma grande mudança nos três últimos anos.

“Vários fatores contribuíram para uma recuperação mais lenta do setor, sendo certo que as mudanças no comportamento social e a crise econômica alteraram a demanda por produtos não essenciais, como calçados, assim como o desarranjo das cadeias produtivas gerou uma inflação nos insumos, aumentando os custos do produto final. Além disso, as despesas com aluguéis de lojas, especialmente em shoppings, sofreram reajustes expressivos”, diz o documento enviado à Justiça carioca.

Desde a pandemia, a Mr. Cat afirma ter fechado mais de 60 lojas, o que contribuiu para o aumento da inadimplência. A companhia também viu ruir as receitas de suas franqueadas e, consequentemente, da sua unidade franqueadora.

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“A Mr. Cat se encontra em um sensível quadro de dificuldades financeiras, não só para honrar de imediato os compromissos já assumidos com fornecedores e bancos diversos, mas, consequentemente, também para equacionar os seus demais passivos e custos correntes”, continuou o pedido.

Mais da metade dos credores da companhia teriam aderido ao programa de recuperação extrajudicial. Entre eles, estão bancos como Banco do Brasil, Santander, Caixa Econômica Federal e Itaú, além de centros comerciais, como Iguatemi.

Um levantamento feito pela consultoria RGF & Associados mostra que, no primeiro trimestre de 2025, 4,8 mil companhias entraram em recuperação judicial. O montante é 15% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando somaram 4.203 solicitações.

A indústria é o segmento que liderou o ranking, com 1.112 pedidos, seguido do setor de serviços (1.105). O levantamento também pontua que 80% das empresas que encerraram os processos de RJ entre janeiro e março voltam à operar normalmente.