China e a maior hidrelétrica do mundo podem turbinar ações brasileiras na B3

A China iniciou a maior hidrelétrica do mundo e ações como Vale e Gerdau podem se beneficiar com alta demanda por aço e minério.

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Publicado em 23/07/2025 às 08:04h - Atualizado 2 dias atrás Publicado em 23/07/2025 às 08:04h Atualizado 2 dias atrás por Matheus Silva
Conheça as empresas listadas na B3 que podem ganhar com isso (Imagem: Shutterstock)
Conheça as empresas listadas na B3 que podem ganhar com isso (Imagem: Shutterstock)

🚨 O governo chinês deu início à construção da maior hidrelétrica do planeta, um megaprojeto bilionário que promete mudar a geopolítica da energia e também impactar diretamente o mercado global de commodities — com reflexos até na Bolsa brasileira.

Com investimento estimado em US$ 167 bilhões (cerca de R$ 933 bilhões), a obra será erguida no rio Yarlung Tsangpo, no Planalto Tibetano, próximo às fronteiras com Butão e Nepal, e deverá levar aproximadamente dez anos para ser concluída.

A estrutura contará com cinco usinas em cascata, que juntas terão capacidade de gerar 300 bilhões de kWh por ano — o triplo da atual líder, a usina chinesa de Três Gargantas.

Mas o que isso tem a ver com a B3 e os investidores brasileiros? Muito.

Especialistas apontam que ações de empresas como Vale (VALE3), CSN (CSNA3), Gerdau (GGBR4) e até companhias ligadas à infraestrutura podem se beneficiar com a forte demanda por insumos industriais gerada por essa construção.

Projeto gigante pode aquecer setores de minério, aço, cimento e energia

A obra, considerada estratégica pelo Partido Comunista Chinês, integra os planos de transição energética e crescimento verde do país — que atualmente é o maior emissor de carbono do mundo.

A usina também tem peso político: trata-se de uma resposta da China às críticas sobre sua dependência de carvão, além de funcionar como estímulo à economia local por meio da geração de empregos e investimentos.

O projeto deve movimentar uma quantidade monumental de matérias-primas:

  • Segundo o Morgan Stanley, a demanda por cimento pode chegar a até 30 milhões de toneladas ao longo da obra, ou cerca de 1,5 milhão de toneladas por ano;
  • a demanda por aço pode atingir entre 1,4 milhão e 1,9 milhão de toneladas em uma década, de acordo com estimativas do BTG Pactual;
  • A obra também exigirá grande volume de cobre e alumínio, essenciais para a infraestrutura de geração e transmissão de energia, com foco em abastecer também data centers e polos industriais de alto consumo energético.

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Vale, CSN e Gerdau entre as mais favorecidas

Segundo relatório do Bradesco BBI, o anúncio da construção da hidrelétrica impulsionou as cotações do minério de ferro, mesmo em meio a uma sazonalidade mais fraca.

A avaliação do banco é que Vale e CSN podem ser as principais beneficiadas pela demanda crescente por insumos.

A Genial Investimentos reforça essa visão e destaca que o projeto sinaliza uma nova rodada de estímulos à infraestrutura na China, compensando parte da fraqueza do setor imobiliário.

A casa elevou a recomendação para Vale com preço-alvo de R$ 64,00, apostando em um ciclo de valorização das commodities metálicas no curto e médio prazo.

A Gerdau, por sua vez, ganha atenção por ter forte presença nos Estados Unidos, o que ajuda a mitigar riscos ligados à volatilidade chinesa.

Usiminas (USIM5) e CSN seguem com recomendação mais conservadora, dadas as incertezas no setor siderúrgico.

Desafios internacionais e alerta geopolítico

Apesar do entusiasmo dos mercados, o projeto também levanta bandeiras vermelhas. Países vizinhos como Índia e Bangladesh, que compartilham a bacia do rio Yarlung Tsangpo, já manifestaram preocupação com os potenciais efeitos ambientais e hídricos da obra.

Há receios de que o controle chinês sobre o fluxo do rio possa causar impactos no abastecimento de água e segurança alimentar dessas nações.

A China, porém, afirma que o projeto é parte de sua meta de neutralidade de carbono até 2060, e nega que haja riscos para países vizinhos.

Em paralelo, Pequim aposta na expansão das energias limpas como forma de atrair investimentos estrangeiros, gerar empregos e posicionar-se como referência em inovação energética.

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Analistas mantêm cautela com fundamentos de longo prazo

Nem tudo são flores. Mesmo com o otimismo gerado no curto prazo, casas como o BTG Pactual alertam que os fundamentos estruturais do setor siderúrgico continuam frágeis.

O banco avalia que o recente rali no preço do minério de ferro — acima de US$ 104 por tonelada — tem sido impulsionado por fluxos especulativos, e não por mudanças consistentes na oferta e demanda.

A expectativa é que os preços voltem a ceder, com o minério podendo cair abaixo dos US$ 90/t em médio prazo.

Além disso, o BTG acredita que o projeto, apesar de gigantesco, não é suficiente para reverter o excesso de capacidade produtiva da indústria chinesa, que segue pressionando margens e dificultando uma retomada sustentável nos preços.

“Continuamos céticos em relação a uma recuperação sólida e duradoura para o setor de mineração e siderurgia. Os fundamentos continuam fracos”, afirma o BTG em relatório.

A exceção, segundo o banco, continua sendo a Gerdau, por sua diversificação geográfica e foco no mercado norte-americano.

‘Negócio da China’ ou oportunidade?

💰 A construção da maior hidrelétrica do mundo pela China é um marco que pode abrir novas oportunidades para o setor de commodities e beneficiar empresas brasileiras listadas na B3.

A depender do andamento do projeto, novas revisões nas projeções podem surgir nos próximos meses — e as empresas ligadas à mineração, aço e infraestrutura devem continuar no radar dos analistas.