Americanas (AMER3): Gestão criou e-mails falsos de fornecedores, aponta PF
O relatório da PF também identificou uma série de outros esquemas.

As investigações do MPF (Ministério Público Federal) sobre a fraude contábil bilionária na Americanas (AMER3) revelaram um esquema complexo e de longa data, que se estendia por pelo menos uma década. Segundo reportagem do jornal "O Globo", a antiga gestão da varejista não apenas criou comitês fictícios para enganar as empresas de auditoria, como também chegou a criar emails falsos de fornecedores para mascarar o rombo.
📧 Um relatório da PF (Polícia Federal), baseado na delação de Marcelo da Silva Nunes, ex-diretor financeiro da Americanas, lança luz sobre um esquema complexo de fraude na varejista. Segundo o delator, emails falsos de fornecedores eram criados para validar cartas fictícias de VPC (Verba de Propaganda Cooperada).
Nunes, em sua delação que inclui mais de 300 documentos anexados, explica que "os fornecedores não tinham conhecimento de que os emails nas cartas de VPC eram manipulados". O objetivo final era enviar essas cartas alteradas às auditorias, buscando a aprovação das contas da empresa. A VPC refere-se a créditos concedidos pelos fornecedores aos varejistas para diversas finalidades comerciais, como inclusão de produtos em materiais promocionais ou gestão de estoques.
💬 No entanto, de acordo com a PF, a antiga diretoria realizava lançamentos contábeis fraudulentos relacionados a VPC inexistentes. Nunes explicou ainda que a manipulação das cartas de VPC envolvia a modificação de datas e valores em cartas reais, mantendo os dados principais inalterados. Ele também mencionou que "o método mais acessível para obter essas cartas falsas era através dos auditores, como a Price e a KPMG".
Leia também: Auren (AURE3) e AES Brasil (AESB3): Fusão já tem aval do Cade
De acordo com Nunes, durante as reuniões com os auditores, todas as medidas eram tomadas para encobrir as fraudes. "O fechamento dos resultados no final do ano era sempre muito tenso devido às várias fraudes necessárias para esconder da auditoria", declarou. Segundo a PF, o resultado era distorcido através da criação e registro fictício de contratos de VPC, o que artificialmente melhorava o desempenho da empresa ao reduzir custos.
📃 Além disso, o relatório da PF também identificou uma série de outros esquemas, como a manipulação das despesas geográficas, contabilização indevida de despesas como investimentos e a omissão do registro de créditos tributários, entre outros. Segundo o MPF, em certo ponto o sistema foi bloqueado para a inclusão de notas de despesas, impedindo que gestores adicionassem despesas ao módulo de contas a pagar.
Em certos momentos, a direção recorria à criatividade. "Por exemplo, reclassificavam valores da categoria 'Despesas com pessoal' para 'Despesas com prestadores de serviços' ou 'Outras', com o intuito de apresentar uma imagem mais favorável ao mercado, alinhada à narrativa elaborada para explicar os resultados", apontou o MPF.
"Algumas das fraudes tinham como objetivo inflar artificialmente os lucros da empresa; outras buscavam ocultar o impacto financeiro esperado diante dos lucros e receitas falsamente declarados nos balanços, enquanto outras ainda eram perpetradas para esconder os crimes das auditorias contábeis realizadas nas empresas", detalhou o MPF.

AMER3
AMERICANAS S.AR$ 5,74
-90,10 %
57,45 %
0%
0.14
0.23

AMER3: MPF denuncia 13 ex-executivos da Americanas por fraude bilionária
Entre os denunciados, destacam-se o ex-presidente executivo da empresa e a ex-presidente executiva da B2W.

Americanas (AMER3) prevê ‘virada de página’ apenas em 2026; entenda
A Americanas tenta se reorganizar após a revelação, em janeiro de 2023, de inconsistências contábeis bilionárias.

Americanas (AMER3) tem prejuízo no 4º tri, mas fecha 2024 no azul
Efeitos da recuperação judicial levaram a um lucro R$ 8,3 bilhões no acumulado do ano.

Americanas (AMER3) anuncia novo programa de fidelidade e emissão de cartão de crédito
Empresa também vai alugar espaços em suas lojas físicas.

Americanas (AMER3) entra com pedido de indenização contra ex-diretores
Ações da varejista fecharam o pregão em alta de quase +5% na B3, negociadas por R$ 6,50 cada

Fraude na Americanas (AMER3): CVM abre processo contra KPMG, entenda
A KPMG era responsável pela auditoria externa dos balanços financeiros da Americanas no período das fraudes contábeis.

Americanas (AMER3): Quanto as ações renderam nos últimos 2 anos, desde a fraude?
Varejista entrou na bacia das almas da Bolsa brasileira quando veio à tona um rombo contábil ao redor de R$ 20 bilhões

Ibovespa cai 10% em 2024 e renda variável decepciona; veja como foi o último pregão do ano
Small caps brasileiras têm tombo ainda maior no ano, acumulando prejuízo de 25%, conforme levantamento de Einar Rivero, da Elos Ayta