Ambev (ABEV4) anuncia dividendos, mas frustra mercado que derruba ações

Citi e Bradesco BBI reforçam visão neutra e criticam distribuição abaixo do potencial.

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Publicado em 10/12/2025 às 12:03h - Atualizado 15 horas atrás Publicado em 10/12/2025 às 12:03h Atualizado 15 horas atrás por Wesley Santana
Brahma é uma das marcas administradas pela Ambev (Imagem: Shutterstuck)
Brahma é uma das marcas administradas pela Ambev (Imagem: Shutterstuck)

Nas últimas semanas, a Ambev (ABEV3) sempre apareceu nas listas de potenciais pagadoras de dividendos ainda em 2025. No final desta terça-feira (9), a companhia confirmou o favoritismo e liberou uma bolada aos seus investidores.

Conforme destacou por meio de fato relevante, a cervejaria deve distribuir R$ 1,8 bilhão em dividendos extraordinários. Além disso, também vai pagar, em 2026, mais R$ 4,2 bilhões em juros sobre capital próprio, totalizando cerca de R$ 6 bilhões declarados em 2025.

A notícia chegou ao mercado com bastante alegria dos investidores, mas foi classificada pelos bancos como tímida. O Citi, por exemplo, divulgou um relatório em que destacou que a remuneração, embora atrativa, ficou abaixo do esperado.

A analista Renata Cabral pontuou que a expectativa era de pelo menos o dobro do que foi liberado pela companhia. Segundo ela, a empresa tem espaço para fazer uma estratégia mais ousada de alavancagem e, eventualmente, fugir da tributação de dividendos que entra em vigor no próximo ano.

Leia mais: Empresa que dá adeus à B3 pagará até R$ 0,47 por ação ainda em 2025

Isso porque, no total, a empresa deve repassar cerca de R$ 0,73 por ação ordinária aos seus acionistas no exercício de 2025. O valor reflete apenas 8% do retorno de caixa esperado para o acumulado deste ano.

Esse foi mais ou menos o mesmo tom adotado pelo Bradesco BBI, que também esperava por uma distribuição mais agressiva. O banco reiterou sua recomendação neutra para os papéis.

“Com ABEV3 negociando a 14,3 vezes (x) o múltiplo P/L (preço sobre lucro) para 2026, um prêmio de 19% frente a pares globais, mantemos postura cautelosa e recomendação apenas neutra”, conforme relatório publicado.

“Em nossa visão, a distribuição mais fraca do que o esperado no anúncio contribui para um cenário fundamental estruturalmente desafiador para 2026, no qual vemos um mercado bem penetrado, participação de mercado elevada, mudanças nos padrões de consumo, uma mistura de produtos mais sofisticada, aumento da oferta e da concorrência, erosão do valor da marca Skol e, mais importante, mais um ano em que a inflação de custos deve superar a inflação geral, forçando as empresas novamente a escolher entre crescimento e rentabilidade”, ressalta o Goldman Sachs.

Nesta quarta, as ações da companhia iniciaram o pregão com forte baixa, conforme dados da B3. Por volta das 11h, os papéis eram negociados com queda de 2,2%, a R$ 13,35.

Apesar disso, a Ambev mantém um histórico bastante favorável aos investidores. Desde janeiro, o avanço no preço das ações é de 15%, ainda de acordo com a bolsa brasileira.

ABEV3

Ambev
Cotação

R$ 13,60

Variação (12M)

2,75 % Logo Ambev

Margem Líquida

17,73 %

DY

7.73%

P/L

13,37

P/VP

2,33