CAGR: o que é, como calcular e para que serve

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Publicado em 28/02/2025 às 07:01h - Atualizado 8 dias atrás Publicado em 28/02/2025 às 07:01h Atualizado 8 dias atrás por João Henrique Possas
Tire todas as suas dúvidas sobre a Taxa de Crescimento Anual Composta! Fonte: Shutterstock.
Tire todas as suas dúvidas sobre a Taxa de Crescimento Anual Composta! Fonte: Shutterstock.

O CAGR (em inglês, Compound Annual Growth Rate) surge como uma ferramenta que simplifica a análise do crescimento de um investimento ao longo dos anos.

O conceito de Taxa de Crescimento Anual Composta ajuda a averiguar, de maneira prática, a variação percentual de um capital aplicado, suavizando as oscilações típicas do mercado financeiro.

Em um cenário de intensas mudanças, a partir de 2025, muitos analistas têm considerado essa métrica para comparar retornos passados e projetar cenários futuros.

Este texto aprofunda o entendimento sobre o CAGR, explica a maneira de efetuar o cálculo, aborda os pontos de atenção e traz exemplos que tornam o assunto mais claro.

A intenção é exibir um panorama completo, em uma linguagem acessível para quem deseja consolidar decisões de investimentos. Acompanhe mais um artigo do Investidor10!

O que é CAGR

CAGR, também chamada de Taxa de Crescimento Anual Composta, expressa, em percentual, a variação média que um investimento teve durante um intervalo de tempo.

Quando a pessoa investe um valor inicial (chamado de VI) e esse montante sofre oscilações ao longo dos anos até chegar em um valor final (chamado de VF), a Compound Annual Growth Rate tenta representar qual seria a taxa fixa equivalente a essa evolução.

Em termos simples, se a aplicação teve anos com bons resultados e outros com números não tão animadores, o CAGR unifica todos esses altos e baixos em um índice médio.

Dessa forma, em vez de o investidor fixar o olhar em uma rentabilidade isolada de cada ano, ele obtém uma noção mais uniforme de como o capital progrediu.

Por que a Taxa de Crescimento Anual Composta é relevante

O CAGR costuma ser considerado em análises de longo prazo.

Quem pretende entender o desempenho de ações listadas na bolsa, por exemplo, pode usar essa métrica para atenuar a volatilidade de cada ano e identificar uma curva média de evolução.

Isso também vale para fundos de investimento, planos de previdência, aplicações em renda fixa ou, ainda, para iniciativas empresariais.

  • Comparação entre diferentes investimentos;
  • Projeção de resultados futuros;
  • Avaliação do impacto de decisões estratégicas;
  • Análise mais clara da trajetória do crescimento ao longo do tempo.

Quando se faz uma avaliação de 2015 a 2025, por exemplo, e se quer descobrir se um fundo obteve uma evolução aceitável, o CAGR fornece um número que unifica todo esse período.

É uma forma de enxergar a rentabilidade média sem que um ano ruim ofusque completamente o resultado de outras temporadas.

Como funciona o cálculo do CAGR

A ideia aqui é facilitar o máximo a sua vida na hora de realizar esses cálculos. Fonte: Shutterstock.

Para quem deseja aplicar o método, é preciso saber que o cálculo da CAGR se baseia em três informações: valor inicial, valor final e quantidade de anos.

A fórmula é a seguinte:

CAGR = (VF / VI) ^ (1 / n) - 1

  • VF: valor final;
  • VI: valor inicial;
  • n: número de anos no intervalo analisado.

Esse índice gera uma porcentagem que representa a taxa de crescimento anualizada do capital, se ele tivesse evoluído de maneira constante.

A expressão “composta” aparece porque os retornos são assumidos como acumulados (ou seja, cada ano influencia o resultado do ano seguinte).

Passo a passo

  1. Definir o valor inicial (VI);
  2. Definir o valor final (VF), após n anos;
  3. Estabelecer n (quantidade de anos);
  4. Aplicar a fórmula da Taxa de Crescimento Anual Composta;
  5. Transformar em percentual (multiplicando por 100).

Exemplo de aplicação

Um investidor aplicou R$10.000 em uma ação e, depois de cinco anos, encerrou a posição com R$15.000.

Para descobrir a Taxa de Crescimento Anual Composta, faz-se:

CAGR = (15.000 / 10.000) ^ (1 / 5) - 1

CAGR = (1,5) ^ 0,2 - 1

O resultado numérico (aproximado) seria cerca de 8,45%.

Essa seria a taxa que, aplicada todo ano, faria R$10.000 se transformar em R$15.000 depois de cinco anos, sem considerar riscos, volatilidade ou aportes adicionais.

Para que serve e como interpretar

Tire todas as suas dúvidas sobre interpretá-lo. Fonte: Shutterstock.

Qualquer investidor que deseje avaliar o desempenho de um ativo pode recorrer ao CAGR para ter uma noção simplificada da rentabilidade.

Contudo, é essencial entender a limitação dessa métrica.

O CAGR não registra os fatores externos que podem ter influenciado a operação em determinados períodos.

Em um ambiente de mercado financeiro cada vez mais complexo, detalhes como crises setoriais, impactos de inflação ou mudanças na Selic podem fazer a performance de um ativo oscilar de modo que esse indicador não capta com perfeição.

Mesmo assim, por oferecer uma estimativa média, o Compound Annual Growth Rate ajuda a comparar diversos produtos ou até estratégias distintas, pois atua como uma régua comum.

Ao colocar lado a lado o CAGR de um fundo imobiliário e de ações de empresas dos setores de varejo e energia, por exemplo, é possível observar qual deles gerou, em termos médios, maior progresso.

Significado de valores negativos ou altos demais

  • Índice negativo: indica que, no período analisado, houve perda patrimonial, ainda que com eventuais fases positivas
  • Índice extremamente alto: talvez reflita um momento atípico de crescimento ou um período inicial muito baixo em valor (que, percentualmente, dá uma impressão superlativa).

Aplicações práticas

  • Comparar dois ou mais ativos (ex.: ações de empresas listadas);
  • Verificar a atratividade de um negócio antes de investir;
  • Elaborar projeções de crescimento de receita ou lucro em uma empresa;
  • Mensurar a rentabilidade de projetos de expansão.

Vantagens de usar esse indicador

CAGR é valorizado entre analistas e gestores devido à sua capacidade de simplificar a avaliação de retornos.

Em vez de observar uma sequência de subidas e descidas anuais, a métrica fornece um único número representando a “taxa hipotética” média.

Alguns benefícios:

  • Leitura facilitada: serve para apresentar a evolução de um investimento em poucos passos;
  • Comparabilidade: possibilita colocar lado a lado ativos com históricos distintos;
  • Foco no longo prazo: atenua variações bruscas de certos anos, dando ênfase a um panorama prolongado.

O período entre 2020 e 2025 é ilustrativo.

Muitas ações tiveram resultados inesperados durante acontecimentos globais, com subidas fora do comum e quedas intensas.

Ao aplicar o CAGR, o investidor enxerga como ficaria o retorno se todo esse intervalo fosse “espremido” em uma taxa única.

Possíveis limitações

Mesmo sendo uma ferramenta bem vista, há pontos de atenção ao empregar o Compound Annual Growth Rate.

  1. Ocultação da volatilidade
  • Dois investimentos podem ter CAGR idêntico, mas um pode ter sofrido altas e baixas bem mais intensas que o outro. O indicador não reflete essa diferença de forma direta.
  • Fatores externos ignorados
    • Situações macroeconômicas, como subida de juros ou crises políticas, podem influenciar substancialmente o percurso do ativo, mas o índice não separa esses efeitos.
  • Aportes adicionais
    • Quando o investidor faz contribuições extras ou retiradas no meio do caminho, o CAGR tende a inflar ou reduzir erroneamente a taxa de crescimento. É que a fórmula assume que todo o resultado se deve à evolução natural do investimento, sem injeção de capital externo.
  • Tempo analisado
  • Períodos muito curtos podem distorcer o CAGR. Em apenas doze meses, a métrica pode ficar muito impactada por movimentos de mercado pontuais.

    Comparação com outros indicadores de retorno

    Conheça um pouco dos outros índices. Fonte: Shutterstock.

    Quem já passou algum tempo pesquisando investimentos possivelmente se deparou com outras métricas para medir desempenho.

    Algumas delas são:

    • Retorno total: engloba todo o acréscimo do investimento, incluindo dividendos, JCP (Juros sobre Capital Próprio) ou demais rendimentos distribuídos.
    • Rentabilidade anualizada simples: considera a média aritmética do retorno por ano, sem tratar as oscilações de modo composto.
    • Desvio padrão: mensura o grau de variação dos retornos, ajudando a verificar o quanto um ativo oscila.

    A Taxa de Crescimento Anual Composta se enquadra em um raciocínio próprio: oferece uma taxa “fictícia” que, se aplicada anualmente, resultaria no crescimento observado ao fim do período.

    Já o desvio padrão aponta se o caminho foi turbulento ou mais estável.

    E o retorno total simplesmente constata a variação bruta, sem suavizar a curva.

    Uso no mercado financeiro

    No mercado financeiro, o CAGR aparece em relatórios de análise de ações, na avaliação de fundos de investimento, comparações de índices, estudos de viabilidade de renda variável e até na escolha de renda fixa de longo prazo.

    Ele se torna um jeito prático de apresentar a evolução histórica de um ativo ou uma carteira.

    Ações e fundos de ações

    Muitos gestores analisam a Taxa de Crescimento Anual Composta dos lucros de uma empresa ao longo de dez anos, combinando essa informação com indicadores como ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido) ou margem líquida, para verificar se há consistência no crescimento do negócio.

    Fundos imobiliários

    Nos fundos imobiliários, aplicar o CAGR permite ao investidor saber a que ritmo o valor da cota (mais eventuais proventos) subiu ao longo de cinco ou dez anos, considerando não apenas o preço de mercado, mas também os ganhos distribuídos. Isso mostra se o FII manteve uma trilha de evolução estável.

    Renda fixa

    Em produtos de renda fixa mais longos, alguns analistas gostam de comparar o CAGR da aplicação contra taxas como a Selic ou o CDI, para descobrir se o título trouxe vantagem acima do mercado padrão durante o período.

    Exemplos práticos para reforçar a compreensão

    Exemplo 1: ação com subidas e quedas

    • 1º ano: +30%
    • 2º ano: -10%
    • 3º ano: +25%

    Se analisarmos somente esses três anos, o investidor que entrou com R$10.000 poderia terminar com um resultado que vai além de uma simples média, pois a queda do segundo ano impacta o poder de crescimento do capital.

    O CAGR resultante harmoniza tudo em um único valor, refletindo que, mesmo com uma queda no caminho, a taxa média pode ter se mantido em um patamar interessante.

    Exemplo 2: comparação de dois fundos

    • Fundo A: inicia com cota de R$ 100 e, após cinco anos, fica em R$ 180;Fundo B: inicia com cota de R$100 e, após cinco anos, fica em R$220.

    Para enxergar qual tem melhor crescimento composto, basta calcular a Taxa de Crescimento Anual Composta de cada um e comparar.

    Mesmo que o Fundo B apresente maior valor final, por vezes a variação pode ter sido agressiva em certos pontos, levando a maior volatilidade.

    Já o Fundo A pode ter subido de maneira mais linear e, no fim, teve uma taxa menor, mas com oscilações menos expressivas.

    Maneiras de complementar a análise

    Nenhum índice sozinho resolve toda a equação de analisar investimentos.

    O CAGR revela o ritmo médio de crescimento, mas convém incluir outros aspectos na hora de tomar decisões:

    1. Indicadores de valuation de empresas: P/L (preço/lucro), P/VP (preço/valor patrimonial), EBITDA, entre outros;
    2. Aspectos qualitativos: governança corporativa, setor de atuação, inovação;
    3. Calendário de eventos: assembléias, divulgação de resultados trimestrais, revisões de projeções;
    4. Conjuntura macro: variação da Selic, inflação, PIB (Produto Interno Bruto), cenário internacional.

    Quem deseja ter uma compreensão sólida costuma olhar o CAGR como um elemento de suporte. Ele indica a consistência média, mas não conta toda a história.

    Conclusão

    Se você deseja resultados consistentes e domínio absoluto sobre cada decisão, o Investidor10 é o seu passaporte para análises confiáveis e métricas essenciais, como o CAGR.

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