Trabalhistas levam eleições, e Reino Unido já tem novo primeiro-ministro

Partido de centro-esquerda finalizou governo de direita no país

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Publicado em 05/07/2024 às 15:16h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 05/07/2024 às 15:16h Atualizado 1 mês atrás por Wesley Santana
Keir Starmer foi eleito para chefiar governo britânico. Foto: Shutterstock
Keir Starmer foi eleito para chefiar governo britânico. Foto: Shutterstock

🗳️ Havia mais de dez anos que o Reino Unido formava sucessivos governos de direita, com votações expressivas para o Partido Conservador. Essa história mudou nesta quinta-feira (4), quando os eleitores foram às urnas de todo o país e deram uma vitória esmagadora ao Partido Trabalhista.

Segundo apuração já finalizada, os Trabalhistas levaram 410 cadeiras das 650 disponíveis no Parlamento Britânico. O agora antigo governo conquistou pouco mais de 120 assentos, enquanto partidos menores dividiram o número restante.

Com isso, o então primeiro-ministro Rishi Sunak apresentou sua carta de renúncia ao rei Charles III, abrindo espaço para um novo premiê. Quem assume a chefia do governo do Reino Unido é o deputado Keir Starmer, de 61 anos, que já foi formalmente nomeado pela majestade no Palácio de Buckinghan, em Londres.

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"Nós conseguimos", disse Starmer em discurso após a divulgação dos primeiros resultados. "Vocês fizeram campanha por isso, lutaram por isso, votaram por isso, e a hora chegou. A mudança começa agora."

Além do número de votos, a eleição do país europeu também pôs fim ao mandato de figuras bastante conhecidas, caso da ex-primeira ministra Lizz Trus. Ela permaneceu à frente do governo apenas 44 dias em 2022 e, agora, não foi eleita como congressista, algo que não acontecia há pelo menos 100 anos.

Nesta sexta (5), Starmer já começou a montar seu novo governo, com a indicação de Rachel Reeves como ministra do Tesouro. Ela é ex-funcionária do Banco da Inglaterra e a primeira mulher a ocupar o posto na história do país.

"Recebemos um mandato claro e vamos usá-lo para trazer mudanças, restaurar o serviço e o respeito pela política, acabar com a era das performances barulhentas, facilitar suas vidas e unir nosso país", disse Starmer.

Novo primeiro-ministro

Conforme destacou a BBC, Keir Starmer se identifica como “socialista” e “progressista”, mas diz colocar o “país em primeiro lugar e o partido em segundo”. Ele chegou à Política depois de seus 50 anos, após fazer carreira na área jurídica.

Filho de operário e uma enfermeira, ele nasceu em Londres rodeado por seus quatros irmão em uma família humilde, mas militante. Seu nome é uma homenagem a um mineiro escocês que foi o primeiro líder do partido trabalhista no Reino Unido.

Durante sua carreira, dedicou parte dela para causa de Direitos Humanos e, em 2008, foi nomeado diretor do Ministério Público, alcançando o posto mais alto da promotoria. Em 2012, deixou a cadeira e foi condecorado com o título de cavaleiro real.

Foi a partir daí que Starmer se voltou à Política, primeiramente se candidatando a deputado por Londres, em 2015. Ele se tornou líder dos Trabalhistas quatro anos mais tarde, com um discurso mais moderado que seus pares.

Em 2019, ele fez pressão para um segundo referendo do Brexit, mas não teve sucesso. Agora, em sua análise, não há mais como voltar atrás no acordo que fez o país abandonar a União Europeia, mas diz que está disposto a discutir novos termos de cooperação.

Brexit

Embora não tenha sido um assunto de primeiro plano, o resultado das eleições do Reino Unido refletem a decisão do Brexit, em 2020. O que foi projetado para fortalecer o país, organizado pelos Conservadores, parece ter virado um tiro no pé, já que o crescimento econômico dos outros países da UE tem superado o do Reino Unido desde então.

Segundo a população, o principal problema do país agora é a economia, conforme pesquisa feita pela consultoria YouGov. Muitos analistas acreditam que a votação expressiva no Partido Trabalhista está ligada à insatisfação dos últimos governo na tentativa de colocar a inflação em dia, por exemplo.

Em março deste ano, outra pesquisa mostrou que 6,7 milhões de britânicos enfrentavam dificuldades financeiras. Além disso, grande parte desta fatia viviam em pobreza profunda.