São Martinho (SMTO3) volta a focar no etanol após ‘derrocada’ do açúcar

A companhia afirmou que está redirecionando sua produção para o etanol, que atualmente oferece remuneração mais atrativa.

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Publicado em 11/11/2025 às 18:19h - Atualizado 9 horas atrás Publicado em 11/11/2025 às 18:19h Atualizado 9 horas atrás por Matheus Silva
O CFO também alertou para o impacto negativo da valorização do real frente ao dólar (Imagem: Shutterstock)
O CFO também alertou para o impacto negativo da valorização do real frente ao dólar (Imagem: Shutterstock)
🚨 O forte recuo nas cotações do açúcar no mercado internacional já provoca mudanças relevantes na estratégia de produção da São Martinho (SMTO3), uma das principais usinas sucroenergéticas do país. 
Com os preços abaixo do custo de produção para boa parte do setor, a companhia está redirecionando sua produção para o etanol, que atualmente oferece remuneração mais atrativa.
Durante teleconferência de resultados nesta terça-feira (11), o CFO e diretor de Relações com Investidores da companhia, Felipe Vicchiato, afirmou que os preços futuros do açúcar bruto na Bolsa de Nova York — na casa dos US$ 0,14/lb, próximos das mínimas de cinco anos — tornaram inviável a continuidade da estratégia de priorização do adoçante.
Segundo o executivo, o equivalente do preço do etanol está entre US$ 0,15 e US$ 0,155/lb, tornando a mudança de mix não apenas mais lucrativa, mas também mais eficiente em termos de capital de giro, já que a exportação de açúcar exige prazos maiores para a recuperação de créditos tributários.

Mudança operacional já está em curso

Desde setembro, as unidades flex da companhia estão 100% dedicadas à produção de etanol, uma decisão que deverá impactar de forma significativa a composição da safra 2025/26. 
A nova estimativa prevê uma produção de 1 bilhão a 1,1 bilhão de litros de etanol, acima dos 914 milhões de litros estimados para o ciclo atual.
Em contrapartida, a produção de açúcar será reduzida para entre 1 milhão e 1,3 milhão de toneladas, contra 1,42 milhão da safra vigente. 
A redução acompanha a queda de 2,7% na moagem de cana, agora estimada em 22 milhões de toneladas, reflexo de adversidades climáticas em Goiás e regiões do interior de São Paulo.
Vicchiato antecipou que a safra atual será encerrada mais cedo nas usinas paulistas — em 20 de novembro — e a próxima temporada, com início entre março e abril, também deverá priorizar etanol. “Se o açúcar continuar nesses níveis, não há racional econômico para iniciar a safra com foco açucareiro”, afirmou.

Pressão cambial e projeções difíceis

O CFO também alertou para o impacto negativo da valorização do real frente ao dólar, que, combinada com o colapso no preço do açúcar, prejudica as fixações antecipadas para exportação. Ele indicou que a empresa tomará medidas para ajuste de custos, mas que o cenário exige cautela.
Apesar do aperto financeiro previsto para o ciclo 2026, a companhia não pretende interromper os investimentos estratégicos, especialmente o projeto da planta de etanol de milho, que segue no cronograma. 
Segundo Vicchiato, o retorno projetado é robusto e deverá contribuir para a competitividade da empresa em 2027. “Vai ser um ano duro, mas a São Martinho passa. E estaremos mais fortes em 2027”, concluiu o executivo.

Setor sob pressão

A sinalização da São Martinho é um reflexo de um movimento mais amplo que pode atingir boa parte do setor sucroalcooleiro, especialmente as usinas com estrutura de capital mais frágil. 
📊 Caso o preço do açúcar permaneça no atual patamar, o mercado pode assistir a um encolhimento na moagem nacional e uma migração generalizada para o etanol.

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