Renda fixa isenta de IR vai acabar? Entenda proposta do governo
Fim da isenção é uma das medidas apresentadas como uma alternativa ao aumento do IOF.

A renda fixa isenta de IR (Imposto de Renda) pode estar com os dias contados no Brasil.
⚠️ O governo federal avalia acabar com a isenção de títulos como LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) a partir de 2026.
A medida foi anunciada nesse domingo (8) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dentro do pacote que visa reverter o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Quais títulos serão afetados?
Segundo o ministro, todos os títulos isentos de IR devem passar a ter uma alíquota de 5% de IR.
A medida, portanto, deve afetar os seguintes investimentos:
- LCIs (Letras de Crédito Imobiliário);
- LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio);
- CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários);
- CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio);
- Debêntures incentivadas;
- LCDs (Letras de Crédito do Desenvolvimento).
Por que a isenção existe e agora vai acabar?
O governo não cobra Imposto de Renda sobre esses títulos para incentivar os investimentos em áreas consideradas estratégicas para a economia brasileira, sobretudo o agronegócio, o setor imobiliário e a infraestrutura.
De fato, a isenção do IR ajudou a popularizar esses títulos no mercado. Tanto que as empresas emitiram um valor recorde de R$ 55,2 bilhões apenas em debêntures incentivadas nos quatro primeiros meses deste ano.
O recurso foi usado, sobretudo, para financiar investimentos em transporte, logística, energia e saneamento, segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Diante dos juros altos, esses títulos também tornaram-se cada vez mais atrativos para os investidores. Atualmente, por exemplo, há CRIs pagando IPCA + 9,15% ao ano, segundo a aba de renda fixa do Investidor10.
Haddad disse, no entanto, que esses ativos têm gerado "distorções" no mercado de crédito e na rolagem da dívida pública, porque "as empresas ficam com um crédito mais barato que o do Tesouro Nacional".
Como será a taxação?
A proposta do governo é cobrar5% de IRsobre os rendimentos obtidos por meio desses títulos a partir de 2026.
📊 Haddad acredita, por sua vez, que esses ativos continuarão oferecendo uma taxa atrativa para o investidor, já que os demais investimentos de renda fixa estão sujeitos a uma tributação maior, de 15% a 22,5%.
"Títulos isentos vão deixar de ser isentos, mas continuarão bastante incentivados", declarou o ministro.
E seguiu: "Não vamos cobrar o IR que paga todo título público. […] Vai manter uma distância grande para os títulos públicos em geral, mas não permanecerão mais isentos porque estão criando distorções no mercado de crédito, com dificuldades inclusive para o Tesouro Nacional".
Qual o IR dos outros investimentos de renda fixa?
A tributação dos demais títulos de renda fixa depende do prazo do investimento. Por isso, é maior para aplicações de curto prazo e menor para investimentos de longo prazo. Veja:
- 22,5% até 180 dias;
- 20,0% de 180 a 360 dias;
- 17,5% de 361 a 720 dias;
- 15,0% acima de 720 dias.
Essa tabela regressiva de IR, no entanto, também pode mudar. É que, além de propor a taxação de 5% dos títulos que hoje são isentos de IR, o governo também estaria estudando a possibilidade de criar uma alíquota fixa de 17,5% para os demais investimentos de renda fixa, como os títulos do Tesouro Direto e os CDBs (Certificados de Depósito Bancário).
MP a caminho
O fim da isenção dos títulos de renda fixa foi discutido entre o ministro Fernando Haddad e os presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), respectivamente, nesse domingo (8).
A proposta, contudo, também será debatida com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que volta da França para o Brasil nesta segunda-feira (9). Por isso, só deve ser confirmada nesta terça-feira (10).
Se aprovado por Lula, o fim da isenção deve ser alvo de uma MP (Medida Provisória). A MP ainda deve trazer a elevação dos impostos pagos pelas bets e pelas fintechs, além da revisão do decreto que elevou o IOF em maio.

FIIs ressuscitam ganhos, enquanto Bitcoin (BTC) é abatido em fevereiro; veja ranking
Saiba quais classes de investimentos são destaques positivos no mês e quais deram dor de cabeça aos investidores

Barsi da Faria Lima faz o alerta: Selic em 2025 subirá a 'patamares esquecidos'
Fundo Verde, liderado por Luis Stuhlberger, já acumula valorização superior a 26.000% desde 1997 e revela estratégia de investimentos para este ano

Renda fixa isenta de IR está entre as captações favoritas das empresas em 2024
Emissão de debêntures e mercado secundário de renda fixa batem recordes entre janeiro e setembro, diz Anbima

Luiz Barsi da Faria Lima: Como gestor do Fundo Verde dribla Trump em 2025 com renda fixa?
Fundo Verde, liderado por Luis Stuhlberger, já acumula valorização superior a 26.000% desde 1997 e revela estratégia de investimentos em meio à guerra comercial

Não foi o Bitcoin (BTC)? Saiba qual classe de investimento mais subiu em janeiro
Maior criptomoeda do mundo se valorizou quase +2% no mês que se encerra, mas soma ganhos de +184% nos últimos 12 meses

Renda fixa isenta de IR: FS Bio recompra CRAs pagando IPCA+ 11% ao ano
Crise no crédito de empresas do agronegócio faz taxas dispararem e preços dos títulos caírem na marcação a mercado

Agora é a renda fixa que fará B3 (B3SA3) pagar mais dividendos
Genial Investimentos aponta avenidas de crescimento e preço-alvo da dona da bolsa de valores brasileira

Selic a 10,75%: Quanto rende o seu dinheiro em LCA e LCI
Saiba como está a rentabilidade da renda fixa bancária isenta de imposto de renda