Petrobras (PETR4) prepara novo plano de negócios em meio a dilema, entenda

A queda dos preços do petróleo pressiona as contas da empresa, mas governo quer garantir investimentos no ano eleitoral.

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Publicado em 20/10/2025 às 14:55h - Atualizado Agora Publicado em 20/10/2025 às 14:55h Atualizado Agora por Marina Barbosa
Petrobras deve apresentar em novembro o Plano de Negócios 2026-2023 (Imagem: Shutterstock)
Petrobras deve apresentar em novembro o Plano de Negócios 2026-2023 (Imagem: Shutterstock)

Além de estar avançando na Foz do Amazonas, a Petrobras (PETR4) está prestes a apresentar um novo plano de negócios, com metas de produção, investimentos e dividendos para o período entre 2026 e 2030.

🔎 O plano, no entanto, está sendo desenhado em um cenário desafiador, em que a estatal tenta ajustar seus gastos a preços mais baixos de petróleo e o governo federal demanda investimentos vultosos no ano eleitoral.

As negociações podem, então, respingar no retorno oferecido pela estatal aos acionistas. Por isso, serão acompanhadas de perto pelo mercado nas próximas semanas.

Plano de negócios

A Petrobras trabalha com planos de negócios de quatro anos, revisados anualmente, geralmente nos meses de novembro.

O plano atual, por exemplo, foi apresentado no final do ano passado e cobre o período de 2025 a 2029.

Pelo documento, a estatal deve investir US$ 111 bilhões e distribuir de US$ 45 a US$ 55 bilhões em dividendos ordinários nesse período.

Esses números, contudo, serão revisados no próximo mês, quando a Petrobras deve apresentar o plano de negócios 2026-2030.

Petróleo em baixa

⛽ A diretoria da Petrobras já cortou os preços dos combustíveis e mostrou-se disposta a reduzir os investimentos, devido à recente baixa dos preços internacionais do petróleo. 

O último plano de negócios da estatal foi desenhado com base no preço de US$ 83 o barril de petróleo. A commodity, no entanto, já caiu quase 20% desde então. Por isso, já é cotada perto dos US$ 60.

A baixa foi, inclusive, destacada pela presidente da Petrobras, Magda Chambriard, em um post nas redes sociais na semana passada.

"Uma figura vale mais do que muitas palavras", escreveu Magda, junto com um gráfico mostrando o recuo da commodity.

Magda Chambriard já disse, nas últimas apresentações de resultados da Petrobras, que seria preciso cortar custos e rever projetos de investimento caso os preços do petróleo não reagissem.

🗣️ "Quando o preço (do petróleo) desce, é hora de apertar os cintos", declarou em maio, dizendo que o cenário demandava "disciplina de capital" e garantindo que não haveria "gastança" na companhia. 

Em agosto, ela contou que a companhia estava reavaliando e otimizando alguns projetos de investimento por causa do novo cenário de preços. E garantiu que "esses ganhos" poderiam ser vistos no próximo plano de negócios da companhia.

"Nós estamos analisando todas as possibilidades de simplificação e otimização de projetos, de redução de custos e de ganhos de eficiência", afirmou Magda, na época.

"Nós temos um cenário mais desafiador, e isso vai estar refletido no nosso plano de negócio. E com a disciplina de capital que somos comprometidos, toda a estrutura do plano de negócio vai estar adequada a esse novo cenário", reforçou o diretor financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo.

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Mas o governo quer mais investimentos

🗳️ O governo federal, no entanto, não parece ter gostado da ideia de uma redução do plano de investimentos da Petrobras justamente no ano eleitoral.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defende investimentos maiores da estatal, como uma forma de estimular a economia e a geração de empregos no país.

Nesse sentido, a Petrobras anunciou investimentos no refino de petróleo e na produção de fertilizantes e ainda encomendou embarcações para a indústria naval brasileira nos últimos meses. 

Além disso, a estatal vai acelerar os investimentos na Foz do Amazonas agora que conseguiu a licença do Ibama para perfurar um poço e avaliar o potencial petrolífero da região.

⚠️ Ainda assim, Lula disse no início deste mês de outubro que estava "convencido que a Petrobras ainda não deu tudo o que ela tem que dar ao povo brasileiro".

Ele falou sobre o assunto quando a estatal anunciou mais de R$ 2,6 bilhões em investimentos na Bahia

Magda Chambriard garantiu, então, que a Petrobras estava ciente do seu papel estratégico enquanto empresa estatal. Contudo, também reafirmou o compromisso com os acionistas privados da empresa.

"Reafirmo o compromisso da Petrobras com o Estado brasileiro, com as políticas públicas emanadas do governo federal e com os nossos acionistas, sejam eles governamentais ou privados", afirmou ela.

Impasse 

De acordo com a "Folha de S. Paulo", esta situação gerou um impasse entre o governo federal e a diretoria da Petrobras. Por isso, deve dominar os próximos debates do Conselho de Administração da estatal.

O Conselho deve aprovar até o final de novembro o novo plano de negócios da estatal. Vale lembrar, contudo, que o governo federal tem maioria no board, já que indicou 6 dos 11 conselheiros da Petrobras.

O que dizem os analistas?

Na avaliação da Genial Investimentos, esse impasse cria um risco adicional para os investidores, "o que pode seguir penalizando o preço da ação, especialmente se o plano for revisto em detrimento da geração de caixa ou se investimentos forem mantidos sem respaldo de preço sustentável".

Já o BTG Pactual reforçou que a queda dos preços do petróleo gera um potencial descompasso entre o fluxo de caixa operacional e os investimentos planejados pela empresa, o que deve exigir um ajuste do seu plano de negócios.

Na avaliação do banco, isso pode acontecer por meio da revisão do plano de investimentos ou da estratégia de dividendos da Petrobras, para que não haja impactos no endividamento da Petrobras. E a preferência dos analistas em preservar o retorno aos acionistas é clara.

"Estimamos que cada redução de US$ 1 bilhão em despesas de capital/operações de caixa poderia aumentar os rendimentos de dividendos de 2026 em ~0,5%, destacando como a disciplina de custos poderia rapidamente se traduzir em maiores retornos para os acionistas", calcula o BTG.

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