Para onde podem ir os juros após a alta do IPCA?
O índice subiu 0,44% em setembro, acelerando a inflação no país.
📊 A inflação, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), acelerou em setembro, atingindo 0,44%. Essa alta, superior à registrada nos meses anteriores e no mesmo período do ano passado, coloca a inflação acumulada em 12 meses (4,42%) muito próxima da meta de 4,5%.
O que dizem os especialistas
A proximidade do limite da meta inflacionária acende o alerta para o mercado. Por isso, o Investidor10 ouviu especialistas para entender qual pode ser o impacto da alta do IPCA na Selic (taxas básica de juros), atualmente em 10,75% ao ano.
"Acredito que os juros podem continuar subindo, pensando na inflação de 2025. Os aumentos da Selic estão mirando em 2025, leva tempo para a política monetária começar a influenciar os preços. Já a inflação, segue influenciada por fatores transitórios", afirmou André Braz, economista da FGV (Fundação Getulio Vargas).
🗣️ Segundo ele, a volta da regularidade das chuvas, em novembro, pode interromper o ciclo de altas em alimentos e energia, que subiram 0,50% e 1,80% em setembro, respectivamente. Por enquanto, as pressões inflacionárias vão se sustentar apenas nesses dois grupos, inclusive, em outubro.
"Esse mês (outubro), pode registrar inflação muito próxima da apurada em setembro. Sendo esta alta da inflação muito associada a fatores sazonais, penso que a decisão de alta dos juros não sejam apoiadas por esses fatores, que são transitórios", disse.
Leia também: IPCA registra alta de 0,44%, impulsionado pela conta de luz
Raphael Moses, docente do Coppead/UFRJ, acrescentou que a conjuntura econômica atual, marcada por um mercado de trabalho aquecido e alta demanda, sugere também um cenário favorável ao aumento das taxas de juros.
"A alta demanda interna e externa por carne bovina, combinada com um mercado de trabalho aquecido, agrava ainda mais as pressões inflacionárias. Outro ponto de preocupação é o comportamento da inflação de serviços, que tende a aumentar no último trimestre do ano devido à maior demanda no mercado de trabalho, o que pode pressionar ainda mais o IPCA", explicou.
Por isso, "É provável que o Banco Central opte por elevar a taxa básica de juros nas duas reuniões restantes deste ano, com um aumento de pelo menos 50 pontos base (0,5%), encerrando 2024 com uma taxa de 11,75% ao ano", pontuou o especialista.
"Não se sustenta se não tiver investimento"
💬 Embora espere um crescimento inicial com a alta dos juros, Pedro Bernardo, da PB Gestão Empresarial - Assessoria Econômica, alertou para importância dos investimentos no país para evitar desequilíbrios entre oferta e demanda e garantir a sustentabilidade da expansão econômica.
"O governo está impulsionando a demanda via aumento de gastos criando um aquecimento que não se sustentável a médio e longo prazo. Isso gera uma insegurança para investimento e faz a produção se aproximar do nível da capacidade instalada limitando o aumento de oferta", analisou.
"Resultado maior inflação e forçar o Banco Central a aumentar juros. Aumenta PIB, renda e emprego no curto prazo, mas não se sustenta se não tiver investimento para aumentar a oferta e equilibrar a curva de demanda com a de oferta", finalizou.
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