O que esperar do dólar hoje? BC faz 1ª intervenção no câmbio desde 2022

A intervenção do Banco Central ocorre após quatro sessões consecutivas de alta do dólar.

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Publicado em 30/08/2024 às 13:07h - Atualizado 16 dias atrás Publicado em 30/08/2024 às 13:07h Atualizado 16 dias atrás por Elanny Vlaxio
Em 2022, o Banco Central vendeu US$ 571 milhões (Imagem: Shutterstock)
Em 2022, o Banco Central vendeu US$ 571 milhões (Imagem: Shutterstock)

Na manhã desta sexta-feira (30), o BC (Banco Central) vendeu US$ 1,5 bilhão em um leilão à vista da moeda norte-americana. Esta é a primeira intervenção desse tipo desde abril de 2022. Apesar da medida, a cotação do dólar iniciou o dia em alta, atingindo R$ 5,70, impulsionada pelo agravamento da situação da dívida pública brasileira, que registrou um aumento de 78,5%. Mas, afinal, qual a tendência das cotações do dólar para o dia de hoje?

💵 Logo após o leilão, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, defendeu a decisão e disse que a autarquia federal pode fazer novas intervenções, se for preciso. “Nós entendemos que precisava intervir para balancear esse fluxo, se for preciso mais intervenções, assim faremos” Especialistas consultados pelo Investidor10 afirmaram que, apesar da repercussão da notícia, o leilão não deve ter tanta influência na cotação.

"O BC tem reforçado a ideia de atuar quando há falta de liquidez ou excesso de volatilidade. Dito isso, não acredito que (a intervenção) exerça tanta influencia hoje, principalmente porque hoje tivemos um fluxo maior de noticias relacionadas ao fiscal, bem ruim, e algumas falas mais populistas do Lula que pioram ainda mais esse cenário", avaliou Rodrigo Romero economista da Levante Inside Corp.

Segundo ele, o dólar deve continuar pressionado dependendo também das informações no mercado nacional e internacional. "Minha visão é que o mercado ponderem os desafios ao longo do dia e mantenha o dólar pressionado, salvo se alguma notícia muito diferente no mercado local ou até mesmo lá fora, contribuir positivamente", disse.

🗣️ Já na visão de Alexandre Espírito Santo, coordenador de economia e finanças da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), o objetivo da decisão é diminuir a oscilação da taxa de câmbio, sem, no entanto, modificar a trajetória que já vinha sendo observada.

Leia também: Quais são os tipos de dólar e qual a diferença entre eles?

"Acredito que a intervenção foi feita no último dia do mês pois sempre tem a "disputa" da PTAX (taxa de câmbio de referência para o dólar no Brasil) que influência na liquidação do mercado futuro. Creio que a intenção é reduzir a volatilidade num dia complicado, mas não deve alterar a tendência que estamos observando nos últimos dias", pontuou Santo.

💬 A notícia chega um dia após Lula indicar o economista Gabriel Galípolo para assumir a presidência do BC, substituindo Roberto Campos Neto. Para Bruno Corano, economista e investidor da Corano capital, apesar de significativa, essa troca de comando também não deve mexer na cotação do dólar e no mercado financeiro.

"A confirmação de Galípolo no BC já era esperada, então não é algo que irá impactar o dólar. O que realmente impacta o dólar são aspectos econômicos como a balança fiscal e a política de juros. A fala dele (Galípolo) sobre os juros, por exemplo, foi um posicionamento que interferiu no câmbio de uma forma muito mais significativa", afirmou.

Vale lembrar que, em abril de 2022, durante sua última intervenção no mercado cambial à vista, o Banco Central vendeu US$ 571 milhões. Além disso, a intervenção da moeda norte-americana ocorre após quatro sessões consecutivas de alta do dólar, que encerrou a última quinta-feira (29) em R$ 5,62, registrando um acréscimo de 2,62% na semana.