Novo crédito consignado promete juros menores para trabalhadores CLT

Os trabalhadores brasileiros têm acesso a uma nova modalidade de crédito a partir desta sexta-feira (21): o empréstimo consignado privado.

💲 Lançada pelo governo Lula (PT) como o "Crédito do Trabalhador", essa modalidade de crédito promete oferecer juros mais baixos a trabalhadores de carteira assinada, inclusive trabalhadores domésticos e rurais, além de assalariados de MEIs (Microempreendedores Individuais).

De acordo com a presidente do Banco do Brasil (BBAS3), Tarciana Medeiros, as taxas de juros podem cair até 52% para trabalhadores como empregados domésticos. E ela garantiu ao mercado que este é "um crédito seguro, rentável, que respeita as políticas de crédito dos bancos dentro das condições de risco e retorno de cada cliente".

A redução dos juros é esperada porque as parcelas do empréstimo serão descontadas diretamente do salário do trabalhador, o que reduz as chances de inadimplência. Além disso, o crédito consignado privado terá garantia do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

De acordo com o governo, o valor da parcela não pode passar de 35% do salário. Contudo, o trabalhador pode usar até 10% do saldo no FGTS como garantia do empréstimo, além de 100% da multa rescisória em caso de demissão.

Como contratar?

O crédito consignado privado pode ser contratado por meio do aplicativo da Carteira de Trabalho Digital (CTPS Digital).

📱 No aplicativo, o trabalhador pode solicitar uma proposta de crédito, para receber ofertas de diferentes bancos em um prazo de 24 horas e, assim, escolher as condições que mais se encaixam na sua situação financeira.

Para isso, contudo, é preciso autorizar o compartilhamento de dados como nome, CPF, salário e tempo de emprego com as instituições financeiras habilitadas pelo governo a oferecer essa modalidade de crédito.

A partir de 25 de abril, também será possível contratar o crédito consignado privado diretamente nos cais digitais do banco de sua preferência, além de fazer a migração de um contrato já existente para outra instituição financeira. Já os contratos do novo Crédito do Trabalhador poderão ser alvo de portabilidade a partir de junho.

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Bancos

Pelos cálculos do governo, 80 instituições financeiras estão aptas a oferecer o crédito consignado privado. Os grandes bancos listados na bolsa, por exemplo, já se mostraram dispostos a aderir ao projeto.

🏦 A presidente do BB, Tarciana Medeiros, participou do lançamento do Crédito do Trabalhador, uma cerimônia que contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio do Planalto, no último dia 12 de março.

Em nota, o Banco do Brasil disse que "buscará a liderança na nova modalidade de crédito, reforçando o seu protagonismo histórico na modalidade de empréstimos com consignação em folha e promovendo a ampliação do acesso ao crédito, com foco na inclusão e assessoria financeira aos milhões de trabalhadores abrangidos pelo programa".

Em conferência com analistas, o CEO do Santander Brasil (SANB11), Mario Leão, disse que a medida pode destravar grandes volumes de crédito. "Acredito que o consignado privado pode ser para o crédito o que o Pix foi para os pagamentos", afirmou.

O CEO do Itaú (ITUB4), Milton Maluhy Filho, reforçou que este "pode vir a ser um programa de crédito muito forte, muito positivo para o país".

Já o CEO do Bradesco (BBDC4), Marcelo Noronha, disse que o crescimento dessa linha de crédito pode ser limitado caso o governo crie um teto de juros para a modalidade.

Com os juros em alta, o governo não estabeleceu um limite para o crédito consignado privado, mas também não descartou a possibilidade.

No lançamento da modalidade, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse que o teto de juros pode ser estabelecido caso o "sistema financeiro esteja abusando".

Tamanho do mercado

Atualmente, o crédito consignado privado pode ser contratado apenas quando há um convênio entre um banco e a empresa empregadora. Por isso, este mercado é avaliado em cerca de R$ 40,4 bilhões.

💰 Com a possibilidade de que todos os trabalhadores de carteira assinada tenham acesso a essa ferramenta, há uma expectativa da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) é de que este mercado chegue a R$ 120 bilhões em quatro anos.

A estimativa da Febraban é de que cerca de 19 milhões dos 47 milhões de trabalhadores com carteira assinada do país contratem essa modalidade de crédito, elevando consideravelmente o número de contratos dessa modalidade, que atualmente é de aproximadamente 4,4 milhões.

Levantamento da Genial Investimentos revela ainda que Santander e Itaú detêm cerca de 60% de market share no atual mercado de consignado privado.

A expectativa da casa, portanto, é de que Banco do Brasil e Bradesco sejam os maiores beneficiados pela expansão dessa modalidade de crédito. "Ambos possuem baixa exposição ao produto, mas amplo espaço e apetite para expansão", afirmou.