Inovação e destruição criativa: Entenda o Nobel de Economia de 2025

Nobel foi para economistas que mostraram como a inovação promove o crescimento econômico.

Author
Publicado em 13/10/2025 às 09:20h - Atualizado Agora Publicado em 13/10/2025 às 09:20h Atualizado Agora por Marina Barbosa
Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt levaram o Nobel de Economia de 2025 (Imagem: Divulgação/Nobel)
Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt levaram o Nobel de Economia de 2025 (Imagem: Divulgação/Nobel)

O Prêmio Nobel de Economia de 2025 ressalta o papel da inovação no crescimento econômico, por meio de um processo conhecido como "destruição criativa".

🏆 O prêmio foi entregue nesta segunda-feira (13) a um trio de economistas que ajudou a explicar como as novas tecnologias podem impulsionar um ciclo sustentado de crescimento econômico.

Conheça os laureados, que vão dividir um prêmio de 11 milhões de coroas suecas (aproximadamente R$ 6,4 milhões na cotação atual):

  • Joel Mokyr, por ter identificado os pré-requisitos para o crescimento sustentado por meio do progresso tecnológico;
  • Philippe Aghion e Peter Howitt, por terem desenvolvido juntos a teoria do crescimento sustentado por meio da destruição criativa.

Ao anunciar o Nobel, a Real Academia Sueca de Ciências lembrou que a economia mundial viveu um longo período de estagnação antes da Revolução Industrial, mas entrou em ciclo sustentado de crescimento depois disso por causa da descoberta de novas tecnologias.

"Nos últimos 200 anos, o mundo testemunhou um crescimento econômico maior do que nunca. Sua base é o fluxo constante de inovação tecnológica; o crescimento econômico sustentado ocorre quando novas tecnologias substituem as antigas, como parte do processo conhecido como destruição criativa", observou. 

A Academia decidiu, então, entregar o Nobel de Economia de 2025 para os economistas que ajudaram a explicar, por meio de diferentes métodos, "por que esse desenvolvimento foi possível e o que é necessário para o crescimento contínuo".

Conhecimento útil

Natural da Holanda e professor na Universidade de Northwestern nos Estados Unidos, Joel Mokyr usou fontes históricas para descobrir as causas desse crescimento, que teria virado o "novo normal".

💡 Segundo ele, a tecnologia leva a um ciclo sustentado de crescimento quando as pessoas sabem "para que" e "por que" essa tecnologia funciona. Ou seja, quando há "conhecimento útil".

O "por que", contudo, só ficou claro nos últimos dois séculos, com o avanço da ciência. E é por isso que, antes disso, a descoberta de novas tecnologias e o crescimento econômico não ocorriam de forma tão acelerada.

Mokyr ainda destacou a importância de uma sociedade aberta a novas ideias e mudanças para que esse crescimento ocorra, já que novas tecnologias podem destruir formas mais tradicionais de produção e trabalho. 

Destruição criativa

É por isso que o trabalho dos outros dois laureados, Philippe Aghion e Peter Howitt, ficou conhecido como a teoria do crescimento sustentado por meio da destruição criativa

📊 Eles construíram um modelo matemático mostrando como essa "destruição criativa" acontece. É um modelo que mostra como as empresas que investem em novas tecnologias tendem a crescer, enquanto as novas tecnologias caem em desuso e as empresas que não se adaptam às inovações tecnológicas podem acabar sendo superadas pela concorrência.

"O crescimento surge por meio da destruição criativa. Este processo é criativo porque se baseia na inovação, mas também é destrutivo porque produtos mais antigos se tornam obsoletos e perdem seu valor comercial", resumiu a Real Academia Sueca de Ciências.

Philippe Aghion é francês e dá aulas na London School of Economics, na Inglaterra. Já Peter Howitt é canadense e professor da Brown University, nos Estados Unidos.

As lições do Nobel

⚠️ A Real Academia Sueca de Ciências destacou que os trabalhos premiados mostram que "o crescimento baseado em mudanças tecnológicas não só cria vencedores, como também perdedores". Logo, também "gera conflitos que devem ser gerenciados de forma construtiva", para garantir o avanço da inovação e o bem-estar social.

"As pesquisas de Mokyr, Aghion e Howitt nos ajudam a entender as tendências contemporâneas e como podemos lidar com problemas importantes", afirmou a Academia, citando o potencial transformador da IA (Inteligência Artificial), mas também desafios como as mudanças climáticas e as desigualdades.

Além disso, a Real Academia Sueca de Ciências disse que essas pesquisas mostram que o crescimento sustentado não é algo garantido. Por isso, lembram que "devemos estar cientes e combater as ameaças ao crescimento contínuo", que podem vir de restrições à liberdade acadêmica e também de empresas dominantes de mercado.

"Se não respondermos a essas ameaças, a máquina que nos proporcionou crescimento sustentado e destruição criativa pode parar de funcionar – e precisaríamos, mais uma vez, nos acostumar à estagnação. Podemos evitar isso se prestarmos atenção às percepções vitais dos laureados", concluiu.