Inflação reforça perspectiva de corte da Selic

Mercado espera corte de 0,50 p.p. na próxima reunião do Copom

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Publicado em 22/09/2023 às 17:14h - Atualizado 3 meses atrás Publicado em 22/09/2023 às 17:14h Atualizado 3 meses atrás por Marina Barbosa
Inflação avançou 0,23% em agosto, puxado pelos preços da energia elétrica
Inflação avançou 0,23% em agosto, puxado pelos preços da energia elétrica

A inflação de agosto veio abaixo do esperado, derrubando as taxas futuras de juros nesta terça-feira (12/09). Segundo especialistas, o dado reforça a perspectiva de queda da Selic, a taxa básica de juros. A expectativa é de que o Banco Central (BC) corte os juros dos atuais 13,25% para 12,75% na próxima semana.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) avançou 0,23% em agosto, puxado pelos preços da energia elétrica. Com isso, o índice passou a acumular alta de 3,23% no ano e de 4,61% nos últimos 12 meses. O mercado, contudo, projetava uma inflação de 0,28% para agosto. Por isso, as taxas futuras de juros caíram após a divulgação dos dados.

Especialistas dizem que o resultado do IPCA foi positivo, com sinais de desinflação. Por isso, reforça a perspectiva de que a Selic continue em queda. Analistas também afirmam, contudo, que isto não é suficiente para alterar o plano de voo do Comitê de Política Monetária (Copom). Isto é, o comitê deve manter o ritmo de cortes da Selic em 0,50 ponto percentual.

Sem acelerar

“Os números vieram bons e mantêm o prognóstico de cortes adicionais da Selic em 50 pontos base, levando esta a 11,75% ao final de 2023”, afirmou o economista André Perfeito.

Segundo ele, os dados não devem mudar o ritmo de redução da Selic porque o BC já sinalizou para um corte desta magnitude, mas também porque um corte de 0,50 ponto percentual é “bastante adequado”.

“A priori, o BC vai manter a trajetória, porque já colocou a queda da Selic em uma velocidade bem razoável e também porque ainda há muito risco e incerteza lá fora”, reforçou o economista Pedro Paulo Silveira.

“As medidas subjacentes do IPCA de agosto mostraram sinais animadores de desinflação, incluindo aquelas monitoradas de perto pelo Banco Central. No entanto, considerando a resiliência da atividade econômica e os discursos recentes de seus diretores, o BCB não deve mudar o ritmo de cortes de juros de 0,50pp para as próximas reuniões”, endossou a XP, em relatório.

Copom

O Copom reduziu a Selic de 13,75% para 13,25% na última reunião, em agosto. Na ocasião, ainda anteviu “redução de mesma magnitude nas próximas reuniões” caso o cenário esperado se confirmasse.

O comitê, formado pela diretoria do Banco Central, volta a se reunir na próxima semana. A decisão sobre a taxa básica de juros será anunciada na quarta-feira, 20 de setembro.

A expectativa do mercado é de que a Selic caia para 12,75% nesta reunião e sofra mais dois cortes de 0,50 ponto percentual em 2023, em outubro e dezembro, fechando o ano em 11,75%. Já para 2024, o mercado projeta uma Selic de 9%, segundo o Boletim Focus.

Acima da meta

Apesar do resultado positivo de agosto, a inflação deve fechar acima da meta em 2023. O mercado projeta um IPCA de 4,93% para o ano, segundo o Boletim Focus, embora alguns agentes já falem em uma inflação de 4,8%. A meta, no entanto, é de 3,25%, com um intervalo de tolerância de 1,75% a 4,75%.