Inflação fica estável nos Estados Unidos e impulsiona Bolsa
O Ibovespa atingiu a máxima do ano com a expectativa de o Fed repense um novo aumento dos juros nos EUA
A inflação dos Estados Unidos ficou estável (0,0%) em outubro, na comparação com setembro. Com isso, a taxa acumulada em 12 meses recuou de 3,7% para 3,2%.
O resultado do chamado CPI, índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos, foi melhor do que o esperado pelo mercado. Por isso, impulsiona os negócios na Bolsa de Valores nesta terça-feira (14).
O Ibovespa, principal índice da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), sobe mais de 2,3% por volta das 15h50. Com isso, o índice rompeu a barreira dos 123 mil pontos, atingindo a máxima do ano. O dólar, por outro lado, cai cerca de 0,9%, a R$ 4,86.
Inflação estável nos EUA
Segundo o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, o CPI ficou estável (0,0%) em outubro influenciado pelo crescimento contínuo dos preços de moradia e por uma redução nos preços do segmento de energia.
O índice de energia caiu 2,5% na comparação com setembro, puxado por um recuo de 5% dos preços da gasolina. Porém, os preços de moradia subiram 0,3%. O índice de alimentação também avançou 0,3%.
Com esses dados, a inflação acumulada em 12 meses nos Estados Unidos recuou para 3,2% em outubro. A taxa, contudo, segue acima da meta de 2% do Fed (Federal Reserve), que pode voltar a subir os juros nas próximas reuniões para garantir um "retorno sustentável" da inflação à meta.
Núcleo de inflação
O núcleo do CPI, que exclui itens mais voláteis como energia e alimentos, subiu 0,2% em outubro, acumulando 4% em 12 meses. Segundo o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, é a menor taxa acumulada em 12 meses desde setembro de 2021.
Em outubro, o núcleo da inflação americana foi puxado por itens como aluguel, seguro de automóveis, recreação, cuidados médicos e pessoais. Por outro lado, itens como comunicações, passagens áreas, hospedagens e carros usados puxaram o índice para baixo.
Cautela nos juros
O presidente do Fed, Jerome Powell, tem dito que ainda não está confiante de que a política monetária americana está rígida o suficiente para conter a inflação. Ele repetiu na semana passada, por exemplo, que o Fed pode voltar a subir os juros caso seja necessário para levar a inflação de volta à meta anual de 2%.
O Fed manteve a sua taxa de juros no intervalo entre 5,25% e 5,5% ao ano nas duas últimas reuniões, em setembro e novembro. Porém, volta a deliberar sobre a política americana nos dias 12 e 13 de dezembro.
Como mostra a alta da Bolsa, o mercado espera que o Fed reveja a possibilidade de elevar os juros diante dos resultados da inflação de outubro. O economista da CM Capital, Matheus Pizzani, no entanto, diz que os dados também podem reforçar a cautela adotada pelo Fed.
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"Apesar da queda no comparativo mensal, o comportamento dos componentes do núcleo ainda não sugere um processo consolidado de desinflação em curso, algo que pode ser facilmente comprovado com base na análise dos indicadores mais recentes de atividade, que ainda mostram uma economia relativamente aquecida se considerarmos o aperto monetário colocado em prática até aqui", afirmou.
O economista da CM Capital disse, no entanto, que isso não significa que um novo aumento dos juros está encomendado nos Estados Unidos. Para ele, os dados da inflação representam muito mais um "aviso para o fato de que a manutenção da taxa de juros em seu pico pode durar mais do que o mercado atualmente precifica, o que inclui a possibilidade de juros elevados até pelo menos o início do segundo semestre de 2024".
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