Galípolo só divergiu de Campos Neto em uma reunião do Copom

O indicado de Lula para a presidência do BC votou 7 vezes pelo corte e 2 pela manutenção da Selic.

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Publicado em 28/08/2024 às 20:50h - Atualizado 18 dias atrás Publicado em 28/08/2024 às 20:50h Atualizado 18 dias atrás por Marina Barbosa
Galípolo foi indicado por Lula para substituir Campos Neto no comando do BC (Imagem: Raphael Ribeiro/BCB)
Galípolo foi indicado por Lula para substituir Campos Neto no comando do BC (Imagem: Raphael Ribeiro/BCB)

Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo já participou de nove reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária). Em apenas uma delas, discordou do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, sobre o rumo dos juros. 

🏦 Galípolo é diretor de Política Monetária do Banco Central desde julho de 2023. Ele estreou no Copom em agosto de 2023, justamente na reunião que deu início ao ciclo de corte da taxa básica de juros da economia brasileira, a taxa Selic.

Depois de um ano mantida em 13,75%, a Selic caiu para 13,25% naquela ocasião e seguiu caindo nas seis reuniões seguintes do Copom, chegando nos atuais 10,50% em maio deste ano. 

Foi na reunião de maio, quando o Copom fez o último corte da Selic, que Gabriel Galípolo e Roberto Campos Neto votaram de maneira distinta pela primeira e única vez, pelo menos até agora.

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Naquela ocasião, o Copom "rachou" entre os indicados de Lula, como Galípolo, que votaram por um corte de 0,5 ponto percentual da Selic, e os indicados de Jair Bolsonaro (PL), como Campos Neto, que eram maioria e votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual dos juros. 

A divisão gerou dúvidas no mercado sobre a condução da política monetária a partir do próximo ano, quando os indicados de Lula serão maioria no Copom. O receio era de que o comitê adotasse uma postura leniente com a inflação, considerando as reiteradas críticas de Lula aos juros altos.

💲 Esse temor, no entanto, reduziu nas últimas semanas. Afinal, o Copom voltou a demonstrar unidade, ao decidir de forma unânime pela manutenção da Selic nos atuais 10,5% nas reuniões de junho e julho deste ano.

Além disso, Galípolo endureceu o discurso recentemente. Ele vem dizendo que o BC fará o que for preciso para levar a inflação à meta, o que levantou a possibilidade de uma nova alta dos juros.

Diante desse compromisso com a meta de inflação, a indicação de Galípolo para a presidência do Banco Central foi bem recebida pelo mercado nesta quarta-feira (28). Tanto que o Ibovespa acelerou e bateu mais um recorde após a confirmação do nome. 

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Veja como Galípolo votou no Copom:

  • 1º e 2 de agosto de 2023: Redução de 0,5 p.p.;
  • 19 e 20 de setembro de 2023: Redução de 0,5 p.p.;
  • 31 de outubro e 1º de novembro de 2023: Redução de 0,5 p.p.;
  • 12 e 13 de dezembro de 2023: Redução de 0,5 p.p.;
  • 30 e 31 de janeiro de 2024: Redução de 0,5 p.p.;
  • 19 e 20 de março de 2024: Redução de 0,5 p.p.;
  • 7 e 8 de maio de 2024: Redução de 0,5 p.p.;
  • 18 e 19 de junho: Manutenção da Selic;
  • 30 e 31 de julho: Manutenção da Selic.

O indicado de Lula para a presidência do BC, portanto, já votou sete vezes pelo corte e duas vezes pela manutenção da Selic

Galípolo ainda participará de mais três reuniões do Copom ao lado de Campos Neto, em setembro, novembro e dezembro deste ano.

Para assumir a presidência do BC, o indicado de Lula ainda precisa ser sabatinado e aprovado pelo Senado Federal.

Se conseguir o aval dos senadores, Galípolo assumirá o comando do Banco Central em janeiro de 2025, para um mandato de quatro anos.