FMI prevê déficits fiscais até 2026 no Brasil e crescimento da dívida pública

De acordo com as projeções, o País teria um superávit de 0,4% do PIB a partir de 2027, com melhorias até 2029.

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Publicado em 17/04/2024 às 23:37h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 17/04/2024 às 23:37h Atualizado 1 mês atrás por Jennifer Neves
Foto - Shutterstock
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💸 Após a mudança de metas fiscais pela equipe econômica no início da semana, o FMI (Fundo Monetário Internacional) revisou as projeções para o Brasil em 2024 e nos anos seguintes, piorando as estimativas fiscais.

Com o novo cenário, o país deve continuar com déficits até o final do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto a dívida pública cresce para níveis elevados, comparáveis apenas com países como Egito e Ucrânia.

O FMI prevê que o Brasil terá um déficit primário de 0,6% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2024 e de 0,3% em 2025. De acordo com as projeções, o país alcançaria um balanço fiscal equilibrado apenas em 2026, último ano do governo Lula, e passaria a ter um superávit de 0,4% do PIB a partir de 2027, com melhorias até 2029.

Essas projeções foram divulgadas no relatório Monitor Fiscal, lançado nesta quarta-feira (17), em meio às reuniões de Primavera do FMI em Washington, EUA. As novas estimativas representam um cenário pior em relação à versão anterior, de outubro, que apontava um déficit primário de 0,2% do PIB em 2024 e um superávit de 0,2% em 2025.

As revisões nas projeções do FMI ocorreram poucos dias após o anúncio das novas metas fiscais do governo Lula, que foram ajustadas para serem menos ambiciosas. A meta de 2025 foi alterada de um superávit de 0,5% do PIB para um equilíbrio, enquanto para 2024, a meta de zero foi mantida, e a de 2026 foi reduzida de 1% para 0,25%.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicou na quarta-feira que o ajuste das metas foi feito para estabelecer uma trajetória de estabilidade da dívida no médio prazo.

Em relação à dívida, o FMI não acredita que o novo arcabouço fiscal estabilize a dívida brasileira, que deve continuar a aumentar nos próximos anos. O Fundo projeta que a dívida pública bruta do país alcance 86,7% do PIB em 2024, ante 84,7% em 2023, e atinja 90,9% do PIB em 2026, último ano do governo Lula.

Apesar disso, as novas previsões do FMI para a dívida são melhores do que as do Monitor Fiscal de outubro, que projetavam uma proporção de dívida contra o PIB de 90,3% em 2024, ante 88,1% em 2023.

Com o aumento contínuo da dívida, o Brasil permanecerá em uma situação pior do que a média dos mercados emergentes, que é estimada em 70,3% do PIB em 2024. Comparando com as projeções do FMI para 2024, a dívida brasileira só fica atrás de países como Egito e Ucrânia. A Argentina, por exemplo, deve ter uma dívida de 86,2% do PIB em 2024.

A proporção de dívida bruta em relação ao PIB é um dos principais indicadores de solvência de um país e é monitorada pelas agências de classificação de risco. No entanto, o FMI calcula esse indicador de maneira diferente, levando em conta os títulos do Tesouro detidos pelo Banco Central, que não são considerados nas contas do governo brasileiro.